A FAP “derruba paredes que separam os arquitectos da sociedade de hoje”
Em entrevista ao CONSTRUIR, Lucia Tahan refere que a plataforma Future Architecture Platform pode fazer a diferença a nível europeu
Ana Rita Sevilha
Trienal lança open call para Prémio Début
Fidelidade inicia em breve a comercialização do projecto ‘EntreCampos’
PCS apresenta sistema construtivo “100% nacional e sustentável!
“Este é o momento de agir com um sentido de Estado, criando condições fiscais favoráveis para o mercado da habitação”
Portugal participa no Troféu Placo do Grupo Saint-Gobain
Investimento imobiliário 3º trimestre de 2024 inicia retoma de performance
Maior grupo italiano de engenharia e contratação geral leiloa maquinaria
Lisboa recebe fórum europeu sobre eficiência energética em edifícios
CMM promove seminário “Portugal Steel” na Concreta
Recuo do IVA a 6% na construção para habitação
A plataforma europeia, Future Architecture Platform (FAP), da qual a Trienal de Arquitectura de Lisboa faz parte desde 2015 e a Fundação Calouste Gulbenkian desde 2017, lançou o 3º Open Call, no sentido de convidar arquitectos e colectivos multidisciplinares a participar no Programa Europeu de Arquitectura 2018. As candidaturas estão abertas até 8 de Janeiro de 2018.
Manuel Henriques, Director Adjunto da Trienal de Arquitectura de Lisboa, disse à Traço porque considera que os arquitectos e criativos portugueses devem responder à Open Call da Future Architecture Platform: “trata-se da única plataforma que permite a apresentação simultânea de uma ideia a 20 das mais importantes instituições culturais (pan-)europeias. É um acesso privilegiado às pessoas que dirigem os programas que estas instituições gerem e que está à distância de um upload. A simples participação é em si uma semente para uma potencial colaboração, mesmo que aquela ideia não venha a ser seleccionada por nenhuma das instituições. Desde já porque as instituições podem interessar-se por essa proposta para outros programas mas também porque o processo de candidatura é público, tornando-se uma montra de enorme visibilidade”.
No final de Outubro, a Trienal de Arquitectura, trouxe a Lisboa no âmbito do ciclo Distância Crítica, um evento da Future Architecture Plataform, em que participaram, entre outros, Lucia Tahan, arquitecta escolhida no 2º Open Call da FAP. Lucia Tahan estudou Arquitectura e Urbanismo na Universidade Politécnica de Madrid, na Universidade Politécnica de Berlim e na Academia de Arte e Design – Bezalel, em Jerusalém. Desde 2015 que reside em Madrid e é membro do colectivo de arquitectura Leon11. Criou instalações em Fukuoka, Lyon e Berlim que mostram complexidades e preocupações políticas e o seu trabalho abrange UX Design, pesquisa sobre urbanismo e construção. Ao CONSTRUIR , explicou porque respondeu ao desafio da FAP. “Atraiu-se a ideia de uma arquitectura especulativa, a questão de como será a arquitectura do futuro. O objectivo de ligar pensadores, instituições e jovens praticantes alinhava-se com o objectivo do meu trabalho recente, um trabalho que desenvolvi com a intenção de gerar debate através de ficções políticas arquitectónicas. Para mim, a plataforma assumiu a responsabilidade de dar a jovens pensadores e críticos, uma voz e ferramentas para se ligarem à sociedade.
“Cartografia da produção actual”
Para Lucia Tahan, a plataforma pode fazer a diferença a nível europeu. Segundo explicou ao CONSTRUIR, “a plataforma é como uma cartografia da produção actual e de ideias em arquitectura a nível europeu. Ela liga indivíduos e jovens praticantes a instituições europeias das mais variadas escalas, desde as pequenas às estabelecidas em toda a Europa Oriental e Ocidental, bem como a jovens pensadores entre si. Mas, ainda mais importante, é que ela conecta o público local que se envolve nos projectos em todas as cidades – pessoas que participam em workshops, que vão ouvir as conferências ou que visitam as exposições – com os arquitectos que irão desempenhar um papel futuro na disciplina. Ao fazer isso, a FAP derruba paredes que separam a produção crítica de elite dos pensadores emergentes e, fundamentalmente, paredes que separam os arquitectos da sociedade de hoje. Em suma, foi um privilégio para mim poder envolver-me com um público amplo no início da minha carreira, e acreditar na abertura da disciplina para dar respostas às pessoas e às necessidades sociais emergentes”.
Olhar o futuro
Em entrevista ao CONSTRUIR, Lucia Tahan, explica ainda o que, do seu ponto de vista, pode a FAP contribuir em termos profissionais e sociais. “A plataforma trouxe e continuará a trazer um olhar novo e necessário para o futuro da arquitectura. A disciplina precisa de se adaptar rapidamente em termos críticos às mudanças rápidas que estão a surguir nas cidades contemporâneas e que são provenientes de campos emergentes como a tecnologia e as mudanças políticas profundas. A FAP acelera o surgimento dos mais jovens pensadores e praticantes para mapear onde nos dirigimos e que tópicos serão relevantes para a disciplina da arquitectura. Ao expandir a rede de discursos intelectuais e alargar a paisagem da produção arquitectónica contemporânea, a plataforma serve a sociedade, permitindo o contacto e a discussão num campo mais inclusivo e diversificado. Mas o mais importante é que todos os envolvidos na plataforma compartilham o mesmo objectivo: traduzir essas ideias em projectos construídos que podem transformar a sociedade.
Olhando para a sua experiência e analisando o que a FAP lhe trouxe, Lucia Tahan salienta que a plataforma lhe permitiu envolver-se com os outros – arquitectos, instituições, sociedade – e desenvolver novos pensamentos e novos projectos.
“Isso permitiu-me comunicar com muitos agentes diferentes em diferentes ambientes e crescer criticamente. Ao mesmo tempo, permitiu-me trabalhar com instituições menos acessíveis a jovens em início de carreira como eu e trabalhar nesses ambientes ajudou-me a obter uma perspectiva sobre os aspectos operacionais da produção arquitectónica e crítica contemporânea e proporcionou-me valiosas oportunidades enquanto mentora”. “Conheci pessoas inspiradoras e pessoas com motivações e ideias semelhantes, o que proporcionou oportunidades de colaboração e intercâmbio para além das actividades da plataforma”.
FAP
Recorde-se que a Future Architecture Platform, é uma plataforma, coordenada pelo Museum of Architecture and Design de Ljubljana, que se enquadra na iniciativa europeia Europa Criativa, uma acção que visa promover a mobilidade e visibilidade de artistas e obras e promover o desenvolvimento de talentos emergentes. Entre as instituições que fazem parte da plataforma estão museus, festivais, agências, produtores e instituições académicas da União Europeia, que promovem a criatividade para aproximar as cidades e a arquitectura do público.
Ao todo, a FAP reúne 20 instituições e organizações ligadas à Arquitectura, e que, neste contexto, “não são mais que a montra europeia e o palco em que as sinergias acontecem no sentido de fazer brilhar os projectos e ideias transformadoras dos profissionais em começo de carreira”, refere a Trienal de Lisboa.