Manuel Aires Mateus vence Prémio Pessoa 2017
Sobre o galardão, sublinhou que tem de ser repartido, porque “um arquitecto não é um artista que trabalha isolado no seu gabinete”
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O júri do Prémio Pessoa atribui o galardão de 2017 a Manuel Aires Mateus. Esta é a terceira vez que um arquitecto é distinguido, depois de Souto de Moura (2011), que integra actualmente o júri e Carrilho da Graça (2008). Para Manuel Aires Mateus é “uma honra” figurar nesta galeria que inclui “arquitectos por quem tenho uma admiração infinita e que toda a vida segui”, disse ao Expresso, promotor da iniciativa juntamente com a Caixa Geral de Depósitos.
Sobre a sua obra, o júri refere que “a sua arquitectura é moderna, abstrata e contemporânea, mas parte de uma recolha de formas e materiais vernaculares portugueses, que integra de um modo exemplar. A construção de formas e volumes é feita com um caráter inovador, por subtração de matéria, esculpindo vazios, contrariando assim o sentido clássico do projectar. Na obra doméstica e na recuperação de edifício é raro provocar rupturas, mas não cede a mimetismos fáceis, conseguindo estabelecer uma continuidade entre passado e actualidade”.
Sobre o galardão, Manuel Aires Mateus sublinhou que tem de ser repartido, porque “um arquitecto não é um artista que trabalha isolado no seu gabinete”.
Para o vencedor da 31ª edição do Prémio Pessoa, que trabalha no seu atelier em Lisboa com 40 colaboradores e com o irmão, Francisco Aires Mateus, “este tem de ser um premio repartido. Desde logo, obviamente, com o meu irmão”, assegura.
Manuel Aires Mateus nasceu em Lisboa em 1963 e licenciou-se na Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa em 1986, tendo trabalhado com o arquitecto Gonçalo Byrne de 1983 a 1988. Foi professor na Graduate Scholl of Desing de Harvard e actualmente lecciona na Accademia di Architettura de Mendrisio na Suíça.
Sobre a sua obra, Manuel Aires Mateus não destaca nenhum edifício em particular. Ao Expresso disse que “não há um projecto que me seja mais caro que outro, todos dependem das circunstâncias e do momento em que foram feitos”.
Contudo, à mesma fonte, reconhece que o projecto que em 2015, o seu ateliê venceu na Suíça lhe mereceu “maior projecção mediática internacional”. Trata-se de um polo cultural em Lausanne, sobre uma antiga gare ferroviária, que mereceu do júri a apreciação de obra arquitectónica “fabulosa”. O projecto, no valor de mais de 85 milhões de euros foi escolhido entre um leque de arquitectos internacionais, que incluía três prémios Pritzker: os japoneses Shigeru Ban, Kazuyo Sejima e Ryue Nishizawa, assim como o francês Jean Nouvel.
O Prémio Pessoa é uma iniciativa anual do jornal Expresso com o patrocínio da Caixa Geral de Depósitos e que tem o valor de 60 mil euros. O júri integrou este ano Francisco Pinto Balsemão (presidente), Emídio Rui Vilar (vice-presidente), Ana Pinho, António Barreto, Clara Ferreira Alves, Diogo Lucena, Eduardo Souto de Moura, José Luís Porfírio, Maria Manuel Mota, Maria de Sousa, Pedro Norton, Rui Magalhães Baião, Rui Vieira Nery e Viriato Soromenho-Marques.