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“A arquitectura vernácula contém quase sempre lições que nos poderão ser muito úteis”
José Baganha foi distinguido com o Prémio Rafael Manzano, pelo seu trabalho na preservação, entre outras, das tradições arquitectónicas alentejanas
Ana Rita Sevilha
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Richard H.Driehaus, patrocinador do Prémio de Nova Arquitectura Tradicional Rafael Manzano, que nesta última edição distinguiu o português José Baganha, disse na altura da homenagem que, “Baganha é um dos arquitectos que em Portugal mais se dedica a projectar edifícios em total harmonia com as tradições arquitectónicas dos locais, apesar das adequadas adaptações à actualidade. Baganha respeita o contexto e a essência dos lugares e essas são as marcas do seu trabalho. Em entrevista ao CONSTRUIR, José Baganha fala sobre o seu trabalho e os pilares da sua metodologia.
Foi reconhecido com o Prémio Rafael Manzano 2017, pelo seu trabalho, nomeadamente pela preservação das tradições arquitectónicas. Olhando para as novas gerações de arquitectos, acha que estão despertos para a importância dessas tradições na forma de projectar?
José Baganha: Cada vez mais! As novas gerações de arquitectos encontram nestas formas de projectar baseadas na história e na tradição uma resposta às suas inquietações no que diz respeito a identidade (como contraponto à globalização) e também uma oportunidade para exercerem a sua profissão.
Como olha para a arquitectura do “star system” e para os edifícios que espelham um autor e um estilo?
Eu não estou contra nada nem contra ninguém. Os arquitectos deverão preocupar-se primeiro com o bem público, com o bem-estar das populações das comunidades onde intervêm e com o impacto que as suas obras poderão causar em termos ambientais. Se não cumprem com estes propósitos as suas obras, na minha opinião, não são boas.
As crises obrigam a um retorno ao essencial, possivelmente ao vernacular. A arquitectura poderá beneficiar deste período?
A arquitectura vernácula contém quase sempre lições que nos poderão ser muito úteis na resposta às solicitações que temos, nestas matérias, nos diferentes lugares onde intervimos. Normalmente possibilitam soluções mais económicas, tanto na sua construção como depois na sua utilização, com custos de manutenção consideravelmente inferiores e com impactos territoriais e ambientais muito menos agressivos e até, em muitos casos, totalmente recicláveis.
A conservação, o restauro e a renovação são uma constante no seu trabalho. Como se funde tradição, história e contemporaneidade?
O corte com a História é um dos grandes erros do designado movimento modernista. Talvez compreensível num contexto de reacção a um excessivo academismo mas inaceitável como doutrina a perdurar para todo o sempre. A memória dos Homens é essencial à sua evolução. A tradição, deverá ser encarada, assim como algo que se transmite de geração em geração, de pai para filho, de mestre para aprendiz e que, nesse processo se enriquece preservando a sua razão de ser primordial.
Que análise faz ao mercado da reabilitação de hoje?
É uma realidade que já tardava em concretizar-se. Há já muito tempo que se fala de reabilitação mas, de facto, só agora nos últimos anos se tem vindo a verificar um aumento extraordinário de obras deste tipo. Infelizmente nem tudo é bom. Existe ainda muita impreparação quer ao nível de quem projecta, quer também ao de quem executa. Temos que investir muito em formação. A legislação que actualmente regulamenta as actividades de construção, incluindo estas, está profundamente desajustada a esta nova realidade e urge alterar este quadro.
Quais são os grandes pilares da sua metodologia de trabalho?
Em primeiro lugar procuro observar. Apreender tanto quanto possível a realidade, a cultura, todos os aspectos que contribuem para fazer do lugar onde se intervém algo de único. Isto implica desenhar, conhecer as comunidades, os seus hábitos e compreender os aspectos da história, da geografia, o clima, etc. e as respostas que essas mesmas comunidades encontraram ao longo dos séculos para estas questões.
De seguida, entendo que é essencial dar uma resposta tão adequada quanto possível aos anseios do meu cliente, acrescentado o meu saber profissional nessa resposta.
Por último, procuro também tanto quanto possível acompanhar as obras e incorporar soluções, materiais, técnicas que sejam igualmente tradicionais, facilitando assim a integração da obra no seu contexto e contribuindo, mesmo que modestamente, para a preservação de ofícios tradicionais que fixam populações e geram emprego.
Em que projectos está actualmente a trabalhar?
Projectos de agroturismo e hotelaria no Alentejo (Évora, Alandroal e Marvão), de hotelaria na região centro (Coimbra, Figueira da Foz, Sobral de Monte Agraço e Nelas). Em Lisboa estamos a iniciar um projecto muito interessante de renovação de antigos espaços industriais para escritórios e restauração.
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