Como se desenha o novo retail?
Os espaços de retail estão a passar por uma transformação profunda. Quem o diz, são especialistas em desenhar e pensar este tipo de projectos
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Os especialistas dizem que, “existe uma nova normalidade no retail”, que o sector avança para a transformação, com pessoas, tecnologia e espaços a actuarem como facilitadores dessa mudança. Mas no que consiste? E de que forma se desenham os espaços para darem continuidade a essa tendência que pretende fundir o online com o offline?
Para dar resposta a estas perguntas, o CONSTRUIR assistiu à Retail Design Conference, organizada pela 3g Smart Group, ouviu especialistas e apresenta-lhe agora as conclusões.
“Phygital”
O conceito refere-se à fusão entre o mundo físico e digital e está no centro desta reinvenção do consumo. Francisco Vázquez, arquitecto e Presidente de 3g Smart Group, comenta: “O retail é um dos sectores que melhor demonstra a sua capacidade de adaptação a uma fusão entre o online e o offline. O sucesso passará por dar opções ao consumidor, e que seja ele a escolher”. Mas nesta equação, há um factor de extrema importância: a emoção. Em 2023, as vendas online no mundo superarão as vendas offline, mas é importante não esquecer o factor emocional, que, representa, juntamente com a intuição, 95% do peso da decisão de compra”. Posto isto, como é que esta “nova normalidade e esta emoção, se traduz em espaços? Francisco Vázquez explica ao CONSTRUIR que, “esta ‘nova normalidade’ é uma coisa completamente distinta do que assistimos até aqui, desde a revolução industrial. A única maneira de a aplicar é partir do zero colocando para trás todas as soluções do passado e não dando por adquiridas formas que já funcionaram em outros tempos. O desenho, a parte da concepção do espaço, tem de mudar, partir do zero e mudar, passar por ser um co-desenhar, ser um processo participativo onde para além do arquitecto, participa quem vai usar o espaço, o cliente, todos os que o vão viver. Neste modelo, o arquitecto passa a conduzir todo o desenho, a ser um mediador e chama para si a responsabilidade de ter um resultado coerente, arquitectónicamente correcto e executável”.
Passar emoções
Jorge Afonseca, Director da 3g Office Portugal sustenta: “A nova normalidade já está aqui: já estamos digitalizados, é um facto. Os arquitectos não só desenham para as pessoas, eles desenham com as pessoas, num processo interactivo. Desenhar um espaço retail sem contar com os que vão lá estar não faz sentido”.
Partindo da sua experiência, Francisco Vázquez explica que “qualquer emoção resulta de três elementos com os quais se tem de jogar no espaço de retail: o espaço em si mesmo, a tecnologia e as pessoas. Sendo que estas últimas são as mais importantes, uma vez que, o que se procura agora é toda uma experiência de marca”. Mas como é que os espaços transmitem emoções? “Se o que queremos transmitir é uma sensação de tranquilidade, temos de apostar em materialidade que reflicta isso mesmo; se queremos transmitir agressividade, temos de usar cores fortes…O espaço é um veículo para ajudar a passar essas emoções, mas se for mal desenhado, pode passar as emoções erradas. Tudo tem de estar perfeitamente alinhado”.
Futuro
Sobre um futuro ao virar da esquina, que se vem aproximando trazendo mudanças e marcando tendências nesta área de negócio, o Presidente da 3g Smart Group comenta: “há uma tendência global em ter menos espaços mas melhores: em localização, em infra-estruturas, em desenho…”. Em Portugal, Francisco Vázquez garante que ainda existem imóveis com essas características, porque “os Bancos têm vindo a reduzir e, os espaços que antes ocupavam a ficar disponíveis. E esses são de facto os melhores imóveis com as melhores localizações”. Já sobre o futuro dos Centros Comerciais, e embora Portugal seja um país com uma tendência para esse tipo de espaço de retail, irá acompanhar a tendência mundial. “O grande desafio será o de atrair pessoas a estes centros sobretudo pela experiência de lazer e não pelas compras. Os centros comerciais estão a transformar-se em centros de lazer, onde se pode ir passear. No futuro, os centros comerciais serão vistos como comunidades, onde existirá por exemplo a figura de Animador do Centro e a parte de retail e de venda é apenas uma consequência. Serão grandes lugares de lazer, onde se poderá fazer muitas coisas, entre elas, comprar”.