Faltam entre 13.000 e 18.000 camas para estudantes em Portugal
Este é um sector com “um enorme potencial de crescimento em Portugal”
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Um estudo divulgado pela JLL e pela Uniplaces, estima que faltem entre 13.000 e 18.000 camas com standards de qualidade europeia nas cidades de Lisboa, Porto e Coimbra, os três principais polos universitários do País. Num contexto em que o número de estudantes estrangeiros em Portugal mais que duplicou desde 2010, a oferta de alojamento universitário continua a ser bastante informal e fragmentada, pese embora este seja um sector com “um enorme potencial de crescimento em Portugal”.
Estas são algumas das conclusões do estudo “Portugal Student Housing”, desenvolvido pela JLL em parceria com a Uniplaces, a plataforma de arrendamento de alojamento universitário. No documento analisam-se os principais indicadores de oferta e procura de residências universitárias nestas três cidades portuguesas, além de se apresentarem as tendências globais mais marcantes a nível dos fluxos de estudantes e das características do alojamento.
“Os Millennials são os novos nómadas. Procuram universidades de elevada qualidade em destinos com boa qualidade de vida, segurança e uma vida cosmopolita. Portugal reúne estes atributos e é cada vez mais procurado pelos estudantes estrangeiros. Se a este fluxo juntarmos os estudantes nacionais que necessitam de alojamento nas cidades em que estudam, vemos que existe hoje um enorme desequilíbrio entre a procura e a oferta de residências universitárias de qualidade, que tenham valências de apoio e serviços associados”, comenta Maria Empis, Directora de Consultoria Estratégica e Research da JLL.
“A situação está a criar uma enorme oportunidade para investidores desenvolverem e operarem residências universitárias privadas nas principais cidades universitárias portuguesas, onde este mercado ainda está só a dar os primeiros passos. A oferta deste tipo de produto é algo bastante recente em Portugal e tem ainda um peso reduzido no total do alojamento para estudantes, dominado pela oferta de apartamentos privados sem serviços associados num mercado muito informal. Há uma enorme oportunidade para o desenvolvimento de alojamento qualificado e alinhado com os padrões europeus”, diz.
De acordo com o estudo JLL | Uniplaces, os investidores e operadores internacionais estão muito atentos a este desequilíbrio do mercado português, especialmente numa altura em que os mercados emergentes do Sul da Europa se constituem como uma oportunidade de diversificação geográfica neste sector. A consultora refere que investidores e operadores, quer já instalados em Portugal quer em estreia no mercado, estão activamente à procura de terrenos ou edifícios para reabilitar nas principais cidades universitárias portuguesas.
Miguel Santo Amaro, Fundador da Uniplaces diz: “O número de estudantes internacionais no nosso País duplicou desde 2010, assim, cidades e universidades devem trabalhar em conjunto para atender às necessidades reais dos alunos. Em Portugal, este mercado segue a tendência europeia e, como tal, apresenta um enorme potencial de crescimento, colocando-nos no radar de investidores internacionais que começam a olhar para Portugal como um novo vibrante mercado.”
De acordo com a estimativa realizada pela JLL | Uniplaces, só em Lisboa, faltam cerca de 10.000 camas com os standards internacionais, estando em pipeline cerca de 3.000 a 4.000 camas para desenvolvimento no curto-prazo. A Temprano Capital Partners, a Staytoo, a portuguesa Uhub e a Student Ville são algumas entidades que estão a investir em residências privadas. Também a Universidade de Lisboa tem em desenvolvimento cerca de 1.130 camas.
Actualmente a oferta de residências universitárias privadas ascende a 380 quartos, com a cidade a dispor ainda de 5.300 quartos em apartamentos privados, 1.800 quartos em alojamento universitário (das próprias universidades ou de entidades religiosas), além de 1.440 unidades em apartamentos geridos por operadores especializados no sector. Lisboa tem actualmente 113.500 estudantes, dos quais 56.000 deslocados e, entre estes,16.000 estrangeiros. De acordo com as reservas efectuadas na plataforma Uniplaces, a renda média de alojamento universitário é de 500 euros e a estadia média é de 5 meses.
No Porto, há um potencial de crescimento de cerca de 4.000 camas, com o pipeline de curto-prazo a situar-se entre as 2.500 a 3.500 camas, incluindo investimentos da MEFIC Capital e da Round Hill Capital, da Temprano Capital Partners e da SPRU, actualmente o maior operador no Porto. A oferta actual é de 290 quartos em residências privadas, 2.400 quartos nos apartamentos privados, 1.250 quartos em residências universitárias públicas, além dos 420 quartos em apartamentos geridos por operadores especializados no sector. De acordo com as reservas efectuadas na plataforma Uniplaces, a renda média é de 430 euros para uma estadia média igualmente de 5 meses. A população estudantil na Invicta ascende a mais de 56.000, dos quais 23.000 deslocados, incluindo 6.000 estrangeiros.
Já em Coimbra, a população universitária no último ano lectivo era de 35.000 estudantes, dos quais 22.000 a necessitarem de alojamento, incluindo cerca de 5.000 estudantes estrangeiros. Nesta cidade, a oferta divide-se entre 1.130 quartos em apartamentos privados, 900 em residências universitárias públicas e 40 em apartamentos geridos por operadores especializados no sector. A oferta de residências universitárias privadas é ainda muito incipiente e não está quantificada, mas devido ao número crescente de estudantes estrangeiros na cidade, operadores internacionais como a Staytoo e a The Collegiate estão já a olhar para este mercado para desenvolverem empreendimentos privados num futuro próximo. De acordo com as reservas efectuadas na plataforma Uniplaces, a renda média de alojamento para estudantes na cidade é de 260 euros, com uma permanência que ronda os 5 meses.
“O ensino superior tornou-se um negócio global e as residências universitárias são actualmente uma classe alternativa de activos com muito potencial, num cenário em que o número de estudantes globais pode superar os 7 milhões em 2020. Esta é uma oportunidade incontornável para os mercados do Sul da Europa, e especialmente para Portugal, onde o número de estudantes estrangeiros está a crescer e o sector é pouco maduro e com uma oferta pouco qualificada, mas que apresenta bons indicadores de procura e crescimento de rendas”, termina Maria Empis.