©João Morgado
“Com um desenho de grande simplicidade produziu-se um espaço de grande riqueza”
“The Caveman”, da autoria de Tiago do Vale arquitetos, foi distinguido como Vencedor nos prémios American Architecture Prize 2017
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O projecto “The Caveman”, da autoria de Tiago do Vale arquitetos, foi distinguido como Vencedor nos prémios American Architecture Prize 2017, na categoria de Interior Design/Retail. Esta é a segunda vez que o arquitecto é galardoado com o Prémio que, é um dos mais respeitados da área e que avalia obras de todo o mundo.
Ao CONSTRUIR, Tiago do Vale comentou a distinção: “Ficamos muito entusiasmados com a notícia inesperada deste prémio. Trata-se de um projecto que nos deu muito prazer conceber mas que imaginámos estar fora do radar dos júris por corresponder a uma estratégia arquitectónica tão fora do convencional. Esta é a segunda vez que o American Architecture Prize nos distingue e é uma honra ver o nosso trabalho validado por um grupo de arquitectos tão ilustre e consagrado como este.”
Ponto de partida
Segundo explica Tiago do Vale, no documento descritivo do projecto, o mesmo teve como ponto de partida uma sapataria construída no final dos anos 90 e que foi transformada numa loja para um “mercado-alvo muito específico (e exigente) com uma gama alargada de produtos que implicou um desenho capaz de resultar uma grande flexibilidade na apresentação, gerar um espaço com uma imagem forte, reconhecível e reproduzível, e fazendo-o com custos muito controlados”.
Para o efeito, continua, “demoliram-se os tectos falsos pré-existentes em gesso cartonado, removeu-se o papel de parede e, levantando o degradado pavimento flutuante, revelou-se um piso de betão afagado em óptimo estado. Uma coluna em betão aparente escondia-se detrás de quatro espelhos de chão a tecto”.
De acordo com a descrição do projecto, a proposta foi ao encontro de “reverter o espaço ao seu estado mais elementar expondo as suas características mais fortes: um redescoberto pé-direito e uma transparência notável para a rua”.
“Para que se atingissem os seus objectivos, a aproximação ao projecto foi pragmática, baseada num gesto simples capaz de organizar o espaço na sua totalidade e recorrendo a soluções económicas e eficientes, dispensando acabamentos ou manutenção dispendiosos. O desenho resultante constitui um tributo ao valor dos materiais tal como eles são: à sua franqueza, à sua imagem natural e às suas qualidades intrínsecas”.
Projecto
Sobre o projecto, Tiago do Vale explica ainda que, “as paredes periféricas, infra-estruturas expostas e tectos foram pintados em preto, remetendo a sua presença para um segundo plano. Uma grande superfície em forma de “U” acolhe os visitantes, servindo como expositor para os produtos e, através da sua desconstrução, desenhando o balcão da loja. As placas de aglomerado de madeira e cimento são perfuradas num padrão que permite que a área de exposição de produtos seja infinitamente reconfigurada por pinos de madeira -servindo tanto como prateleiras como cabides. Os cortes feitos às placas são mínimos e foram planeados para eliminar desperdícios”.
“Toda a loja se compõe de quatro materiais no seu estado puro: o betão pré-existente, as placas de aglomerado de madeira e cimento, aço galvanizado e madeira”, refere o mesmo.
Concluindo, Tiago do Vale explica que, “com um desenho de grande simplicidade produziu-se um espaço de grande riqueza e complexidade. Embora cada parte possa parecer austera quando encarada individualmente, o seu conjunto resulta num lugar extremamente convidativo, acolhedor e acabado, definido pelas qualidades generosas dos materiais expostos, pelos detalhes cuidadosamente construídos, pela sua magnífica transparência e por uma iluminação extremamente criteriosa”.
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