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    Engenharia

    “Procuramos criar uma rede colaborativa”

    Em 2014, António Ruivo de Meireles, materializou a sua experiência nas áreas da inovação e da tecnologia ao serviço do sector da construção, prevendo o rumo que tomaria o processo […]

    Pedro Cristino
    Engenharia

    “Procuramos criar uma rede colaborativa”

    Em 2014, António Ruivo de Meireles, materializou a sua experiência nas áreas da inovação e da tecnologia ao serviço do sector da construção, prevendo o rumo que tomaria o processo […]

    Pedro Cristino
    Sobre o autor
    Pedro Cristino
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    Em 2014, António Ruivo de Meireles, materializou a sua experiência nas áreas da inovação e da tecnologia ao serviço do sector da construção, prevendo o rumo que tomaria o processo de desenvolvimento tecnológico deste mercado. Desta aposta, nasceu a ndBIM Virtual Building, empresa que presta consultoria especializada em Building Information Modeling (BIM), a metodologia que está a alavancar o salto tecnológico da construção e que levou já governos de vários países a elaborarem planos para a sua implementação a nível de contratação pública.

    Em entrevista ao CONSTRUIR, António Ruivo Meireles explica o impacto da metodologia BIM em toda a fileira da construção e aborda a sua experiência de mais de uma década no campo da inovação e desenvolvimento dentro do sector.

    Como se inicia o percurso da ndBIM?

    Empresa nasceu no início de 2014. Começámos como uma empresa de consultorias e serviços, mas, inicialmente, muito focada na área da consultoria, isto é, criar competências em empresas de construção, em promotores imobiliários, também projectistas que quisessem começar a adoptar o BIM nas suas empresas. Eu diria que a maior parte dos nossos clientes estava em São Paulo, no Brasil. Mais do que em Portugal. São Paulo está muito avançado na adopção do BIM em comparação com Portugal e, portanto, houve uma procura muito grande, na altura, em várias cidades do Brasil, mas principalmente em São Paulo. Passado um ano, fruto da crise que se instalou no Brasil, houve uma diminuição da procura e isso gerou uma oportunidade boa, porque, aí, comecei a ter tempo para falar com algumas empresas em Portugal. Começámos então a trabalhar também em Portugal, sempre numa lógica de trabalhar principalmente construtores e promotores imobiliários. A opção de não trabalhar com projectistas não foi uma decisão tomada de uma forma explícita, mas acabou por acontecer.

    Porquê?

    Porque adoptar o BIM num atelier de arquitectura ou num gabinete de engenharia civil é menos complexo. Basta uma formação e vontade da equipa em mudar, uma vez que estamos a trocar somente um software 2D por um 3D com mais valências. Complexo é quando se pretende começar a trabalhar com BIM, misturando vários “stakeholders”, várias partes. Isso acontece quando se trabalha com um promotor imobiliário que contrata um gabinete de engenharia, um atelier de arquitectura e um construtor. Então, o processo para colocar essas várias partes a comunicarem entre si é que se torna complexo. Uma construtora compreende os subempreiteiros, a área de projeto, de orçamentação, de planeamento, a obra, o financeiro e, portanto, acabamos por ter várias áreas a trabalhar em conjunto sobre uma mesma base de dados.

    E já conhecia bem esse cenário, pela sua experiência na Mota-Engil…

    Trabalhei sete anos na Mota-Engil, é uma realidade que conhecia muito bem. Era o coordenador da área de Inovação da empresa e também o BIM manager, o coordenador da área BIM na empresa. Eu sempre gostei muito de pessoas, quer na componente de inovação, quer na de BIM, tinha, de alguma forma, que trabalhar com pessoas para que mudassem o actual processo de trabalho delas para um processo novo. E esses sete anos em que trabalhei nessa área, na Mota-Engil, fez com que eu ganhasse maturidade, enquanto profissional de engenharia, para saber implementar novos processos de trabalho. Aproveitei essa experiência para, quando comecei a criar a ndBIM, apoiar outras empresas, outras construtoras que não a Mota-Engil, a mudarem de um processo tradicional para um processo mais moderno, mais colaborativo, suportado em BIM.

    E como se desenvolveu o resto do percurso?

    Com a crise que se viveu no Brasil, começámos a trabalhar mais em Portugal, que também estava em crise, e começámos a explorar mais a área de serviço, ou seja, as empresas não demonstraram tanto querer criar a competência interna, porque isso exigia um investimento…

    Mas é um investimento assim tão avultado?

    O software não é muito mais caro que o AutoCAD. O problema é que, além do software, tem de se investir em formação e há uma curva de aprendizagem. Além de terem formação, as pessoas têm de saber que, no primeiro ano, vão perder produtividade, porque estão a aprender uma forma nova de trabalhar. E essa necessidade de investimento nas pessoas cria um paradigma: as empresas estão a despedir porque não têm trabalho ou porque o trabalho se reduziu mas, por outro lado, as pessoas que ficam, têm provavelmente de substituir-se às pessoas que saíram. A conjugação desses factores faz com que algumas empresas prefiram subcontratar e, deste modo, evitar o risco, em vez de fazerem tudo internamente. A ndBIM passou então de uma empresa que, inicialmente, tinha um perfil muito grande em termos de serviço de consultoria, para prestar, na mesma, consultoria e capacitar internamente as empresas – a empresas como a Teixeira Duarte ou a Elevo em Portugal e a CCDI, a Odebrecht, a Método Engenharia, a Edalco Construtora, a Caparaó entre outras no Brasil, – mas ao mesmo tempo se tornar um parceiro de confiança que funciona como um backoffice de serviços das empresas parceiras, como é o caso da Gafisa, da Brookfield entre outros. Desta forma, as empresas garantem que têm uma empresa dimensionada para um determinado nível de serviço, e quando têm picos de trabalho, têm um bom parceiro em quem confiam, que somos nós. Uma das parcerias que melhores resultados tem obtido é com promotores imobiliários que, no seu corpo técnico, têm normalmente economistas, financeiros, advogados (técnicos altamente qualificados responsáveis pela gestão do processo) e que muitas vezes não têm profissionais alocados às questões mais técnicas, de pormenor e operacionais de análise dos projetos. Estas empresas têm confiado em nós, na nossa capacidade, para os auxiliar quando tiverem de lançar um projeto de um empreendimento imobiliário ou um concurso a construtores garantindo-lhes um menor risco ao nivel de falta de coordenação ou erros e omissões no processo de concurso. Desde então, estamos em 2017, e vai ser um ano muito bom, em que criámos parcerias – vemos os clientes como parceiros – onde existe um nível de confiança muito elevado, através do qual ajudamos a que o empreendimento final seja um sucesso, sem derrapagens orçamentais, sem exceder prazos, etc. Eles têm a certeza absoluta de que aquilo que planearam é realmente o que vai acontecer, e que o retorno expectável é aquele que terão no final quando fizerem a venda do empreendimento. Para nós, tem sido uma evolução e uma surpresa os resultados que temos obtido já que os mesmos superam todas as nossas expectativas iniciais. Inicialmente, o nosso target de cliente era o construtor e temos caminhado para o início da cadeia, para opromotor imobiliário. Desta forma temos um impacto desde o início do processo e não somente na fase de construção. Vamos à génese do empreendimento e procuramos agregar valor logo nessa fase – no projecto, na concepção, no concurso. No final, o que acho que tem sido uma mais-valia e até enriquecedor é que todas as empresas com quem temos estado envolvidos vêem valor no processo. Não nos substituímos a ninguém, simplesmente agregamos valor ao que as empresas fazem. Isso cria um clima de colaboração muito bom, que traz transparência ao processo, algo que, de acordo com a minha experiência passada, não acontecia, todos se tentavam proteger de todos. Um arquitecto tinha um processo e rapidamente o queria entregar para ter a certeza de que recebia os seus honorários e que cumpria as suas estimativas de horas alocadas ao projeto (o risco que ele tem no processo tradicional é muito elevado devido às constantes alterações de projeto seja devido às interações com as outras especialidades seja porque o cliente somente tem uma percepção do projeto numa fase muito avançada do seu desenvolvimento). Com o BIM e com o tipo de serviços que prestamos, o que procuramos criar, em conjunto com os nossos parceiros, é uma rede colaborativa, em que todos trabalham para um objectivo último, que é ter um produto, um edifício, um projecto imobiliário que, no final, corresponde àquilo que o cliente – o promotor imobiliário – tinha como expectativa.

    A empresa tem crescido desde então…

    Sim. Inicialmente era só eu. Passados uns meses, contratei quatro pessoas e, entretanto, tínhamos cada vez mais serviços e actualmente somos oito pessoas. Agora vamos contratar mais duas pessoas e, à partida, devemos fechar o ano com 10 pessoas no escritório. A ideia é continuar a crescer. Acho que ainda não tivemos um cliente que, no final, não tenha visto o valor agregado que proporcionamos. Estamos sempre a viajar. Fora de Portugal, o Brasil é o nosso maior mercado – principalmente São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte

    Portanto, no Brasil, mesmo com crise, continua a haver trabalho?

    Muito trabalho. Neste momento, diria que 50% da nossa facturação é no Brasil, sendo o restante volume de facturação em Portugal e de forma mais residual noutros países.Temos uma dor de crescimento que se traduz em falta de tempo para explorar outros mercados. Acabamos por estar constantemente focados nos clientes actuais.

    Isso também mostra que têm cada vez mais procura.

    Sim. Existe uma filosofia segundo a qual, os clientes adquiridos são os mais importantes. Mesmo que seja um cliente novo, que potencialmente possa ser um belíssimo cliente, o cliente adquirido, aquele com quem já trabalhamos há um ano, continua a ser o mais importante. Portanto, procuramos fidelizar os clientes. O nosso objectivo último é o resultado do nosso cliente ser um sucesso, mesmo que isso ultrapasse um pouco aquilo que é o contrato inicial, porque isso fideliza o cliente. Sabemos que, se o serviço correr bem, o cliente vai lembrar-se de nós.

    A ndBIM pode ser uma empresa útil na prestação de serviços num contexto de concursos públicos?

    Para se utilizar o BIM num concurso público tem de se ir um pouco a montante e preparar legislação que institua o seu uso. Ou seja, um gestor de uma Parque Escolar, por exemplo, não tem, muitas vezes, a liberdade de contratar um serviço que não seja o standard dos serviços normalmente necessários para uma obra de uma escola, pois tem de obedecer a um conjunto de regras definidas e, a menos que haja uma nova portaria que institua que há uma especialidade – que é a especialidade BIM – que ele deve obrigatoriamente contratar, ele, mesmo que tenha essa visão, está limitado. Portanto, a nossa actuação principal tem sido no mercado privado porque, aí, o promotor, o gestor, toma as decisões que bem entender, desde que considere que isso traz maior valor para o seu projecto. Na área pública é um pouco diferente.

    E no sentido de apoiarem as empresas do sector privado a apresentarem os seus projectos a concurso?

    Isso sim. Por exemplo, agora estivemos envolvidos com uma construtora, que está a concorrer a um edifício público num país europeu. Basicamente, é um edifício com uma dimensão grande, maior do que é comum no país e, portanto, contrataram-nos para os ajudarmos a avaliar o risco de concorrerem a este projeto. Fazemos o modelo, avaliamos todas as quantidades e os trabalhos envolvidos e apoiamos a elaboração de erros e omissões para esta empresa. Depois, são eles próprios a avaliar se se justifica ou não concorrerem a esse projeto. É uma obra pública, somos contratados por uma empresa privada, como consultores, para os auxiliarmos a perceberem se aquela obra é ou não vantajosa para eles,até onde podem ir nos “apertos” dos preços e a partir de que ponto, potencialmente, irão perder dinheiro se ganharem a obra. De uma forma indirecta – sermos contratados por empresas privadas que estão a concorrer a concursos público ou a gerir obras públicas – é totalmente viável. Por outro lado, a ndBIM tem apoiado entidades públicas no sentido de desenvolver normas que mais tarde possam dar origem a portarias para um gestor de uma Parque Escolar ou de um hospital público poder contratar projectos ou consultoria BIM. É nesse sentido que temos um protocolo com o LNEC e coordenados um subgrupo de trabalho da Comissão Técnica 197 responsável pela produção da normalização BIM em Portugal.  Em resumo, neste momento, essa contratação directa da ndBIM é muito difícil, porque os gestores públicos ainda não têm essa liberdade mas, através das entidades privadas tradicionais que eles contratam, é viável. Podem contratar um arquitecto e o arquitecto contratar a ndBIM para o apoiar na coordenação de projecto. De outra forma ainda é um pouco difícil. Claro que, mesmo um gestor público, se quiser contratar a ndBIM diretamente, pode fazê-lo como empresa de coordenação de projecto. Obviamente que essa coordenação será feita por nós recorrendo à metodologia BIM com todos os beneficios que daí advém. Agora, a contratação do BIM por um órgão público de forma assumida, directa e explícita, vai exigir uma mudança a nível da legislação e das regras internas dos órgãos públicos. Mas, de uma forma indirecta, é possível.

    Com oito pessoas neste momento, conseguem dar resposta às solicitações?

    Conseguimos. Temos uma coisa de que nos orgulhamos muito: somos altamente eficientesPorquê? Porque tudo aquilo que qualquer um de nós descubra, implemente e se comprove mais eficiente, nós escrevemos e generalizamos a toda a equipa. Temos uma metodologia interna de gestão de conhecimento muito boa. São vários anos de experiência acumulada que é partilhada por toda a equipa. Sendo que, o facto da nossa equipa ser multidisciplinar permite uma flexibilidade na atribuição das tarefas. Qualquer pessoa nova que entre para a empresa tem um período de adaptação de um mês, para o qual temos um projecto-tipo. Essa pessoa lê os nossos processos internos todos, implementa-os durante um mês num processo real, em ambiente simulado e, no final, diria que estará com 80% dos conhecimentos que os seus colegas já têm. É uma formação intensiva que faz com que a nossa equipa possa crescer rapidamente. Temos um cliente muito bom em São Paulo, um verdadeiro parceiro, que, de vez em quando, me pergunta se temos capacidade para um determinado projecto. Respondo sempre que, se me avisarem com um mês e meio de antecedência, sabem que me podem enviar o que quiserem. É um mês e meio para integrar e formar as pessoas.

    Ao longo dos últimos três anos, têm crescido em termos volume de negócio e carteira de clientes?

    Sim. Temos crescido de uma forma que, por mais planeamento que eu fizesse, não imaginava que seria tão rica. Crescemos em mercados geográficos, o que é bom, por causa das crises, crescemos no perfil do cliente, uma vez que inicialmente o nosso cliente era construtor e agora, além dos construtores, já são projectistas e promotores imobiliários, e já temos até um cliente na área de gestão e manutenção.

    O sector de “facility management” também beneficia com o BIM?

    Sim, quer na componente de gestão de ativos quer na manutenção do edificio. Por exemplo, se alguém quiser fazer a reforma de um edifício, saberá quais as quantidades de materiais necessários para os compartimentos a reformar. Ou se quiser alterar o layout do edificio ou alterar a alocação das equipas aos espaços, saber as áreas de cada espaço simulando a sua alocação. Ou ainda facilitar e otimizar a gestão dos vários equipamentos do edificio (motores, elevadores, etc) referenciando a sua localização no edificio e automatizando os alertas de intervenções. Os cenários de utilização são imensos, mas o mais importante é que a informação está centralizada. Está tudo no modelo. Portanto, também estamos nessa área. Isso faz com que, em termos de carteira de clientes, tenhamos os promotores imobiliários, que são quem arranca com os processos, projectistas, construtores e equipas que fazem a gestão e manutenção. Temos facilidade em dar apoio a empresas portuguesas, que estão a trabalhar em Portugal ou lá fora, e empresas internacionais e isso dá-nos uma agilidade muito grande. Outra mais-valia para os nossos clientes é o facto de não sermos uma empresa regional, e sermos uma empresa internacional, que trabalha em vários mercados. Eu vou para o Brasil e trabalho com grandes empresas imobiliárias e, se vejo algo que é interessante, é uma lição aprendida que trago comigo para o meu gabinete. E vou aprendendo com todos eles. Se eu, a seguir, for contratado por outra empresa, vou levar-lhe o meu conhecimento e o melhor conhecimento que encontrei um pouco por todo o mundo e desta forma apoiar a empresa não só na implementação do BIM mas na optimização de todo o seu processo. Nesta área do BIM, uma coisa que é boa é que todos gostam de partilhar as boas práticas e nós, na ndBIM, promovemos, através de uma iniciativa que chamamos BIM Management Institute, conferências internacionais. Eu viajo muito e sempre que conheço alguém interessante nesta área, eu convido, para no ano seguinte, essa pessoa vir a Portugal apresentar o seu caso. Essa partilha de conhecimento acaba por ser interessante e quem colabora connosco acaba por, de uma forma indirecta, ir beber esse conhecimento internacional do melhor que se faz no mundo.

    Acabaram por criar uma rede global de conhecimento?

    Sim, e essa rede é essencial quando se trabalha numa área inovadora numa industria tradicionalmente pouco tecnologica. Permite-nos não reinventar a roda e exponenciar os resultados dos investimentos dos nossos clientes. Mas há outra coisa: na área de projecto de arquitectura ou de engenharia, já temos profissionais em Portugal que começaram a trabalhar com estas ferramentas BIM há bastantes anos e têm um conhecimento tão bom ou, em alguns pontos, talvez até melhor que o meu. Mas, na componente de promoção imobiliária ou gestão de obra já não é o caso. Eu já trabalho nisto há 12 anos e cooperei, inclusive, de forma intensiva no desenvolvimento dos softwares BIM lideres hoje no mercado. Apesar de haver outras empresas de consultoria e formação BIM em Portugal, a maior parte delas falta-lhes a experiência prática e o conhecimento de gestão de pessoas e da mudança. A componente mais fácil de uma implementação é a aquisição do software (Revit,o Archicad, Tekla ou outro), e ligar a um formador destes softwares e pedir-lhe uma formação. Mas o mais difícil é colocar as pessoas a trabalhar nesta metodologia e é essa competência de compreender como gerir a mudança organizacional que tenho mais orgulho e que mais distingue a ndBIM das restantes. Eu trabalho com pessoas há 12 anos e sei quais são os seus receios. Eu sei que, se abordar alguém sénior e com resistência a tecnologias e começar a apresentar o BIM como facilitador do processo, me vão dizer que desconfiam dos resultados da tecnologia ou que já trabalham há várias dezenas de anos de uma determinada forma e que o seu processo funciona. Toda a sua experiência e vivência têm bastante valor e o BIM não vem substituir isso, vem sim suportar e exponenciar essa experiência e intuição. Vem, então, proporcionar ferramentas que irão suportar a sua tomada de decisão. É muito importante que as pessoas compreendam que o conhecimento e a experiência adquiridos ao longo de anos, em engenharia, em arquitectura, são essenciais para o BIM, porque o BIM só me vai dar mais tempo para eu pensar sobre isso. A modelação da estrutura em ambiente BIM permite simular com mais rigor a solução estrutural e como a otimizar, permitindo o desenvolvimento de um maior número de cenários em menor tempo. Saber o custo? Desde que tenha uma base de dados de preços organizada e codificada e integrada com o software de modelação BIM, num reduzido espaço de tempo temos o orçamento produzido.. Acho que existem vários patamares nas carreiras das pessoas. Existe um patamar, quando uma pessoa começa, que consiste em ser bom tecnicamente, que é o que aprende na faculdade: fazer cálculo, saber compreender as questões funcionais, legislação, regulamentação, etc. À medida que evoluímos, ganhamos conhecimento técnico e experiência profissional, percebemos que, apesar de, na teoria, este dimensionamento, por exemplo, ser feito desta forma, nesta envolvente, potencialmente, consigo otimizar a solução e desta forma reduzir o custo com determinado material. Em resumo, na industria da construção temos de compreender que é importante acompanhar a evolução tecnológica e que temos de estar constantemente a evoluir e a aprender. Costuma-se dizer, noutras profissões, como é caso a medicina, que os médicos têm de estar constantemente a estudar e temos de perceber que, também na indústria da construção, temos de estar constantemente a vigiar o que de novo vai surgindo seja em termos de processos construtivos seja em termos de metodologias e tecnologias..

    Têm concorrência?

    Costumo dizer que depende da definição de concorrência. Há outras empresas que dão formação em BIM, mas que não considero concorrência porque lhes falta a experiência adquirida de 12 anos a trabalhar com esta metodologia. Não na área de projecto, onde já existem outros profissionais que trabalham nisso mas, na componente de promoção imobiliária, de viabilidade económica, de estudo de erros e omissões, orçamentação, planeamento de obras, não considero que tenha concorrência no mercado com a nossa experiência e resultados. Tenho concorrência, sim, em gabinetes parecidos com o nosso, que fazem implementações em ambiente de projecto. Agora, entre empresas que dão apoio a promotores imobiliários e a construtores, acho que não. Cá em Portugal, e mesmo no mundo, existem poucos. Nós temos apoiado numa perspetiva colaborativa e de parceria – e felizmente vive-se um ambiente muito saudável neste meio – outras empresas de consultoria BIM internacionais. Por exemplo, tenho estado a falar com uns colegas na Suécia e Hong Kong, que estão um pouco atrapalhados porque sabem trabalhar muito bem com softwares de modelação 3D, mas têm agora pedidos de construtores e promotores e não fazem a menor ideia do que é um orçamento ou um planeamento, etc. Eles sabem construir o edifício em 3D, mas não sabem como é que, em 3D, o edifício tem de ser construído para, mais tarde, fazerem um orçamento e um planeamento. Então, tenho estado a apoiá-los nesse âmbito.

    Porque não sabem?

    Uma das minhas referências quando me fazem essa pergunta é a história da Torre de Babel: um conjunto de habitantes de uma terra chamada Sinear queria construir uma torre para chegar até Deus e nunca conseguiram construir essa torre porque os deuses ao acharem esse objetivo prepotentes, puseram todos a falar línguas diferentes. Como não conseguiam comunicar entre si, não conseguiram construir a torre. Isso é o que se passa na indústria da construção: este sector funciona por silos. Temos um silo que são os promotores imobiliários, depois temos os arquitectos, depois temos os engenheiros, depois temos os construtores, depois temos os profissionais de gestão e manutenção. Se perguntar a todos eles quais os seus objectivos, cada grupo tem o seu objectivo. De uma forma simplificada, a perspetiva do promotor imobiliário é saber se o projeto que lhe apresentam terá custos reduzidos de construção, se originará boas vendas e se vai lucrar; o arquitecto não está tão preocupado com o custo. O Arquiteto quer um bom projecto, que todos reconheçam como muito bonito e funcional. O engenheiro, consoante a engenharia em causa, preocupa-se, por exemplo,com o cálculo estrutural e a segurança do mesmo. Depois, o construtor não quer saber se a estrutura do edificio está sobredimensionada ou não.. Ele parte do presssuposto que o projeto esta bem concebido e quer construir com o menor custo possível para ter uma maior margem. Então o foco dele é orçamentação e controle economico. Os profissionais da gestão e manutenção querem saber o que existe e o que terá de gerir e manter. O facto de todos não terem objectivos comuns, faz como que todos sejam, entre aspas, “egoístas”, ao longo do processo. Isto é o que se passa na indústria: esta falta de partilha de risco ao longo do processo. Existe uma metodologia que se chama “Integrated Project Delivery”, IPD, que está a ter muito sucesso a nível internacional e começa a ser bastante utilizada nos Estados Unidos em conjunto com a metodologia do “Value engineering”. Como funciona? Um promotor imobiliário faz um único contrato com os projectistas, com o construtor e com quem vai fazer a gestão e manutenção. E estes vários “stakeholders” recebem um “fee” no final do projecto, ou seja, têm os seus honorários mas, no fim, podem receber mais um prémio se conseguirem reduzir os custos previstos. A que leva isto? Imaginemos que eu vou pagar 1 milhão de euros de honorários ao arquitecto para fazer um projecto cuja estimativa de investimento inicial era de 50 milhões de euros. Se ele conseguir optimizar o projecto sem lhe retirar as suas funções e objetivos para a obra custar 48 milhões, e se isto, no final, efetivamente ocorrer, ele vai receber uma percentagem destes 2 milhões de otimização na proporção do valor dos seus honorarios. Assim, o arquitecto tem um aliciante para ter uma maior preocupação em procurar soluções eficientes que permitam a redução do custo da obra. A estrutura a mesma coisa, o projecto de ar condicionado idem, e etc. No final, o empreendimento, pelo qual eu estava disposto a pagar 50 milhões – em Portugal normalmente custaria 53, porque derraparia – passa a custar 48 milhões, porque todos os intervenientes conseguiram reduzir os custos e trabalharam em conjunto para o mesmo objetivo.

    Nesse campo, o BIM pode ter um papel importante?

    Pode ter um papel fundamental, porque apoia na coordenação e simulação de todas as especialidades. E qual é o nosso trabalho aqui? Por exemplo, o arquitecto propõe uma solução e os engenheiros das várias especialidades propõe as suas. A minha equipa inicia o processo de construção virtual das várias especialidades e propõe otimizações às mesmas alertando os projetistas para a omissão de informação e incompatibilidade entre especialidades. Assim, neste processo, todos trabalhamos para o mesmo objectivo. O objectivo é conseguirmos garantir a coordenação e definição do projeto no mais curto espaço de tempo. Ganham todos os intervenientes. O promotor pode iniciar a comercialização mais rapidamente e tem a garantia que o produto definido em fase de concepção (incluindo custo e prazo) é aquele que no final será construído. Os projectistas dedicam menos tempo a realizarem revisões de projeto e coordenação e têm uma maior garantia que o seu projeto está todo definido (reduzem o seu risco). E por fim, o construtor tem a certeza que em fase de obra terá toda a ifnormação necessária para construir o edificio sem percalços ou omissão de informação. Enquanto empresa, a postura da ndBIM consiste em apoiar os clientes nesse sentido, ou seja, ultrapassar as expectativas que eles tinham no início e, ao mesmo tempo, ter um trabalho de “evangelização” com as várias entidades envolvidas no processo, tentando explicar-lhes que, por exemplo, se os projectistas colaborarem connosco, apesar de não serem nossos clientes – o nosso cliente é o promotor – no final, também vão ganhar, porque terão poupanças nos respectivos processos internos e isso acaba por beneficiá-los. O BIM ajuda todos os intervenientes, é transparente e reduz o risco.

    Sobre o autorPedro Cristino

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    Construção

    “Este é o momento de agir com um sentido de Estado, criando condições fiscais favoráveis para o mercado da habitação”

    Em entrevista ao CONSTRUIR, o presidente da Confederação da Construção e do Imobiliário passa revista ao ano de 2024 na actividade do Sector e fala dos vários assuntos pendentes que, no entender de Reis Campos, é urgente resolver. O também presidente da Associação dos Industriais da Construção Civil e Obras Públicas explica que muitas das medidas que são apresentadas como fundamentais para, por exemplo, dar resposta ao problema da Habitação, requerem medidas de apoio ao tecido empresarial

    Reis Campos aponta um conjunto de virtudes plasmadas no documento geral do Orçamento de Estado do próximo ano, mas não ignora que fica aquém no que respeita às alterações fiscais necessárias para enfrentar os desafios do sector da construção. Este e outros temas numa extensa conversa com o CONSTRUIR

    Muito ainda estará para acontecer até ao final de 2024, mas do que é possível apurar até agora, que balanço é possível fazer do ano que está a terminar na área da Construção?
    O balanço de 2024 para o sector da construção e do imobiliário é, até ao momento, globalmente positivo, apesar dos desafios enfrentados ao longo do ano. Recorde-se que, este ano iniciou com incertezas significativas quanto à evolução da conjuntura internacional, da inflação e das taxas de juro, além de um contexto de eleições legislativas. Ainda assim, o sector mostrou resiliência e conseguiu manter um bom desempenho em diversos segmentos.
    As estimativas para o valor bruto da produção do sector da construção, elaboradas no início do ano, apontavam para um crescimento de 3% em 2024, e tudo indica que esses números poderão ser alcançados, reflectindo uma evolução positiva impulsionada pelo aumento do investimento público.
    Com efeito, os principais indicadores do mercado das obras públicas têm registado crescimentos significativos. Os concursos de empreitadas de obras públicas promovidos até Setembro alcançaram um valor total de 6.532 milhões de euros, um aumento expressivo de 37% em relação ao ano anterior. Os contratos de empreitadas de obras públicas celebrados também registaram um expressivo aumento para 3.218 milhões de euros, um acréscimo de 39%, o que reforça a dinâmica positiva deste segmento.
    No crédito à habitação, apesar do nível ainda elevado das taxas de juro, que pressionou as famílias, o acesso ao crédito manteve-se activo registando-se um aumento homólogo de 34,7%, até Setembro. Contudo, importa referir que se registou uma ligeira contracção de 0,6% nas licenças emitidas e uma redução de 3,2% no número de fogos licenciados para novas construções até Agosto, totalizando 21.329 alojamentos. Esta retracção reflecte uma certa cautela no investimento privado em habitação.

    O Governo reconheceu, pela voz do ministro Castro Almeida, que “com os meios que temos actualmente em Portugal, aparentemente não vai ser possível executar tudo dentro do prazo”, nomeadamente a necessidade de resposta ao PRR. Esta é uma matéria que há muito tem sido alertada pelos agentes do sector. Nesta fase, mesmo com alterações ao nível das políticas de imigração, não estaremos já a correr atrás do prejuízo?
    A execução do PRR, apresenta um atraso considerável, em particular na componente habitação onde apresenta uma taxa financeira de apenas 20%, o que tendo em consideração o tempo necessário à construção de um edifício, reforça as preocupações sobre a capacidade de Portugal cumprir os prazos acordados. De realçar que o PRR prevê a construção de 26 mil casas já até 2026, que são essenciais na resposta do Estado ao problema da habitação, em particular aos segmentos da população economicamente mais vulneráveis.

    O que deve ser prioritário neste momento?
    É urgente acelerar e simplificar todos os procedimentos associados à contratação pública, uma melhor adequação dos valores base dos concursos à realidade do mercado, além do necessário reforço técnico nas entidades responsáveis, de modo a agilizar as adjudicações e garantir o avanço nas obras.
    A falta de mão de obra é, de facto, um desafio adicional que pode comprometer a execução dos projectos, pelo que se defende a aplicação de medidas estruturais, designadamente de incentivo à formação profissional, e conjunturais mais focadas na contratação de trabalhadores estrangeiros.
    Deste modo, é necessário reforçar a ligação entre o ensino, a formação profissional e o Mundo empresarial, de modo a alinhar as reais necessidades das empresas com a oferta formativa, aproveitando de forma mais eficiente os centros de formação de excelência, como o CICCOPN e o CENFIC, que estão capacitados para formar trabalhadores para o Sector da Construção, tanto nas artes tradicionais quanto nas novas qualificações exigidas pelos novos processos e sistemas construtivos emergentes.
    Relativamente à contratação de estrangeiros, que são essenciais para uma resposta mais imediata ao problema da escassez de mão-de-obra, considera-se que são necessárias políticas de imigração direccionadas para as reais necessidades das empresas, que permitam ao país captar, de forma eficiente, os recursos humanos necessários. Neste sentido, a AICCOPN propôs a criação de uma “via verde para empresas” no âmbito da admissão de trabalhadores estrangeiros, uma medida que desburocratize e agilize os processos de legalização, especialmente para as empresas que necessitam de grandes volumes de mão-de-obra. Outro ponto essencial é a introdução de mecanismos de pré-autorização de residência para trabalhadores estrangeiros com uma oferta de emprego já garantida, o que possibilitaria a estes profissionais a possibilidade de iniciarem as suas actividades, enquanto o processo de visto e a emissão dos documentos necessários estivessem em curso, acelerando assim a sua integração, entre outras medidas.

    Recentemente, a secretária de Estado da Habitação defendeu que o combate ao flagelo da habitação passa por “pensar em construir em escala bem, depressa e barato”, sem comprometer a qualidade. Se o pensamento fosse tão linear, já teria sido feito. O que impede que aquele raciocínio tenha efeitos práticos?
    O objectivo de construir “bem, depressa e barato”, embora desejável por todos, raramente é alcançado. Este ideal esbarra, por um lado, na necessidade de garantir a qualidade e durabilidade das construções, que exigem tempo e atenção aos detalhes, e, por outro, na pressão de reduzir custos num sector em que o aumento dos preços das matérias-primas, da energia e dos materiais de construção, somado aos elevados impostos, dificulta a contenção de despesas. Além disso, a burocracia ainda existente no licenciamento e a escassez de mão de obra qualificada tornam o processo mais lento e oneroso, dificultando uma resposta rápida à crise habitacional.
    Neste contexto, é importante destacar que a adopção de uma construção mais industrializada, através de métodos como a construção off-site e modular, que permite um processo construtivo mais célere e eficiente, requer das empresas investimentos substanciais em pesquisa e desenvolvimento. Embora já existam bons exemplos em Portugal, esta abordagem inovadora ainda não está suficientemente disseminada para gerar um impacto significativo na resposta à limitada oferta habitacional no país. Deste modo, defende-se que, para que a implementação em larga escala dessas inovações se torne realidade, são necessários apoios específicos, particularmente para as PME’s do sector, de forma a garantir que estas possam acompanhar a transformação e contribuir para uma resposta mais célere ao problema da escassez de oferta habitacional no mercado.

    A alteração ao regime jurídico de gestão territorial, de forma a transformar terrenos rústicos em urbanos, desde que sirvam para construir habitação acessível ou a custos controlados, vai ter, a seu ver, efeitos práticos?
    A alteração ao regime jurídico de gestão territorial, que permite a transformação de terrenos rústicos em urbanos para a construção de habitação acessível ou a custos controlados, juntamente com a disponibilização de imóveis devolutos ou subutilizados do Estado para o mesmo fim, são medidas importantes para aumentar a oferta de habitação. Contudo para contrariar a evolução dos preços da habitação, é fundamental que sejam acompanhadas de incentivos adequados que promovam e incentivem o investimento. Como tenho reiterado, é imprescindível apoiar os investidores, criando linhas de financiamento específicas e estabelecendo um quadro fiscal mais favorável, com ajustes nos impostos que incidem sobre a construção e o imobiliário (IMI, AIMI, IMT e IVA).

    Que sinal é possível retirar do facto de, olhando para o consórcio envolvido no primeiro troço da Linha de Alta-Velocidade, vermos um conjunto alargado de empresas portuguesas. Estarão as empreitadas a ser lançadas mais à medida do sector empresarial nacional ou é sinal de que as empresas voltaram a reunir capacidades técnicas (perdidas em muitos casos nos anos a troika, pandemia…) suficientes para abraçar estes grandes projectos?
    A presença de um conjunto alargado de empresas portuguesas no consórcio ao qual foi adjudicado o contrato para a concessão do primeiro troço da alta velocidade entre Porto e Oiã reflecte a capacidade do sector de construção nacional para executar projectos de grande escala e elevada complexidade. Este facto demonstra que as empresas em Portugal dispõem das infraestruturas, dos equipamentos e do know-how necessários para responder a desafios exigentes, evidenciando a resiliência e adaptabilidade do sector, que se reergueu, apesar de todas as dificuldades e constrangimentos que atravessou.
    Neste contexto, importa realçar que as grandes construtoras portuguesas competem ao nível europeu, investindo em inovação e especialização técnica, o que lhes permite acompanhar as exigências de projectos de infraestrutura de grande dimensão. Esse sucesso reforça a confiança no sector e pode servir de incentivo para continuar a desenvolver o talento e a tecnologia necessários para manter esta posição, tanto em projectos nacionais quanto internacionais, impulsionando o sector para uma nova fase de crescimento e competitividade.

    Em que ponto está a elaboração do Código da Construção, um processo que foi anunciado no final do ano passado? Quais devem, no seu entender, ser as prioridades deste trabalho?
    A elaboração do Código da Construção é uma necessidade há muito reconhecida e reclamada pelo Sector e pela sociedade em geral, pelo que não poderá ficar adiada ou comprometida por qualquer alteração de natureza política ou outra. Exige-se, pois, o empenhamento e o esforço de todos os intervenientes neste processo, e não só das diversas áreas governativas do Estado, para que seja desenvolvido e continuado este importante trabalho, no mais curto espaço de tempo possível.
    Primeiramente deverá ser identificada a legislação e regulamentação aplicável que irá ser abrangida, bem como aquela que deverá ser objecto de alteração/actualização, tarefa que, creio, já estará em curso. De igual modo, deverá ser desenhada e estabilizada a estrutura do Código da Construção com os contributos do Sector, das Ordens Profissionais e das Universidades.

    O que destaca do que se sabe, até ao momento, do Orçamento de Estado, aprovado na generalidade no Parlamento? O IVA na Construção desce, mas “nas empreitadas de construção de imóveis de habitações económicas ou de habitações de custos controlados”. Para quem pugnada por mexidas urgentes nesta política fiscal, é suficiente?
    O Orçamento do Estado para 2025, aprovado na generalidade, marca alguns avanços importantes, mas, na perspectiva da AICCOPN, ainda fica aquém no que diz respeito às alterações fiscais necessárias para enfrentar os desafios do sector da construção e, em particular, para dar uma resposta efectiva à crise habitacional.
    A autorização legislativa para redução da taxa de IVA na construção e reabilitação de habitação incluída no OE’25 é, sem dúvida, um avanço positivo. No entanto, persistem incertezas significativas sobre o seu alcance e a data concreta para a sua aplicação, o que dificulta o planeamento a médio prazo das empresas do sector, pelo que se considera urgente uma definição clara da sua extensão e um calendário de implementação. O país precisa de respostas rápidas e abrangentes para aumentar a oferta habitacional e combater a crise no sector.
    Para além da questão do IVA, considera-se que o OE’25 devia ser um verdadeiro instrumento de transformação, capaz de impulsionar o investimento público e privado. A execução do PRR, como todos sabemos, está atrasada, sobretudo na área das infraestruturas e da habitação, onde é crucial acelerar a construção das 26 mil habitações previstas até 2026, de modo a contribuir para aliviar a pressão sobre o mercado e enfrentar a escassez habitacional, que afecta directamente as famílias e a economia.
    Adicionalmente, é essencial que o Orçamento vá além da medida do IVA e elimine outros impostos que penalizam o custo final dos imóveis, como o AIMI e o IMI sobre o stock de imóveis destinados à venda. Estes encargos, juntamente com outros impostos como o IMT, Selo, IRC e IRS, a que acrescem custos indirectos, criam uma elevada carga fiscal para o sector e dificultam o aumento da oferta habitacional.
    Este é o momento de agir com um sentido de Estado, criando condições fiscais favoráveis para o mercado da habitação. Com uma resposta robusta de todas as partes envolvidas — Governo, autarquias e outras entidades — é possível criar um ambiente de incentivo ao investimento e dar um passo concreto em direcção a um futuro mais acessível para as famílias e mais competitivo para o sector e para o país.

     

     

    Sobre o autorRicardo Batista

    Ricardo Batista

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    Portugal participa no Troféu Placo do Grupo Saint-Gobain 

    Esta competição acontece a cada dois anos e terá uma segunda fase internacional, onde Portugal estará representado em três categorias a concurso – Residencial; Cultura, educação e lazer; Fachadas. A votação online está disponível até ao dia 4 de Dezembro

    Já teve início a fase nacional do Troféu Placo, uma competição promovida pela Saint-Gobain. Tendo como objectivo “distinguir profissionais de todo o mundo que utilizem soluções Placo” nos seus projectos, esta competição acontece a cada dois anos e terá uma segunda fase internacional, onde Portugal estará representado em três categorias a concurso – Residencial; Cultura, educação e lazer; Fachadas.

    A eleição dos vencedores será feita pelo público em geral, através do voto digital em cada uma das categorias, no site saint-gobain.pt/trofeu-placo. A votação online está disponível até ao dia 4 de Dezembro, através de um e-mail válido e código do projecto.

    “É com grande entusiasmo que damos início à fase nacional do Troféu Placo. A competição internacional, promovida pelo Grupo Saint-Gobain, reconhece a excelência e inovação na aplicação de soluções Placo. Portugal estará representado na fase internacional, pelo que apelo à participação de todos através do voto digital, ajudando-nos a identificar as propostas que seguirão para a próxima fase”, sublinha Filipe Sambento, director comercial da Saint-Gobain Portugal.

    Os vencedores de cada categoria da fase nacional serão premiados com uma viagem a Paris nos dias 9, 10 e 11 de Abril de 2025 para participarem na fase Internacional do concurso organizado pelo Grupo Saint-Gobain, onde serão apurados os grandes vencedores internacionais desta edição.

    “O Troféu Placo é um excelente momento para reconhecer mundialmente projectos que utilizam soluções inovadoras e uma oportunidade para os profissionais portugueses contribuírem com o seu conhecimento e capacidade técnica, demonstrando o que Portugal faz de melhor a nível internacional.”, conclui ainda Filipe Sambento.

    A presente edição do Troféu Internacional Placo conta com cerca de 350 participantes, de mais de 30 países, e com cerca de 70 projectos a concurso.  O júri internacional seleccionará os vencedores dos 14 prémios, nomeadamente, o primeiro e o segundo prémio em cada categoria, o Grande Prémio para o vencedor geral de todas as categorias e o O Prémio do Presidente o “Coup de Coeur” do Júri.

    Desde a origem da fase internacional, em 1998, até aos dias de hoje, o Troféu Placo tem como objectivo reconhecer obras nas quais foram aplicados materiais Placo, nomeadamente as que utilizam sistemas de drywall. Trata-se de um sistema de construção seca, composto por perfis, tratamento acústico – lã mineral Isover – e placas de gesso laminado.

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    Investimento imobiliário 3º trimestre de 2024 inicia retoma de performance

    A Savills apresenta, no seu mais recente relatório “Real Estate Market Overview”, uma análise do desempenho do setor imobiliário no 3º trimestre de 2024

    No final do terceiro trimestre de 2024, o mercado de investimento imobiliário em Portugal somou 371,6 milhões de euros, número que representa um crescimento de 42% em comparação com o mesmo período de 2023, embora com uma ligeira queda de 5% face ao 2º trimestre de 2024. No acumulado anual, o investimento ultrapassou a marca dos mil milhões de euros, em linha com o observado no ano transacto.

    Hospitality e retalho são os segmentos que mais se destacam até à data. O sector de hospitality soma já cerca de 275 milhões de euros de volume de investimento, atraindo a atenção dos investidores sustentada no notável desempenho dos principais indicadores do turismo. O crescimento robusto do mercado turístico e a qualidade superior dos activos têm impulsionado um forte interesse, especialmente em imóveis localizados nas regiões do Algarve, Lisboa, Cascais e Porto.

    “Em 2024, o mercado de hospitality em Portugal consolidou-se como um dos sectores mais atractivos para investimento, captando capital nacional e internacional. Com um desempenho robusto e oportunidades variadas, o país destaca-se como destino europeu de referência, atraindo operadores globais interessados em expandir suas marcas. Esse cenário coloca o sector numa trajectória de crescimento sustentável e sucesso a longo prazo”, refere Pedro Simões, capital markets senior consultant da Savills. No sector do retalho, os centros comerciais e retail parks estão a reunir igualmente o interesse dos investidores, com os capitais a direccionarem-se tanto para activos de grande dimensão e bem localizados, como para activos de menor dimensão em localizações secundárias, que oferecem um potencial de valorização de mercado.
    Na sua análise a Savills destaca que o montante de investimento alcançado está fortemente ancorado pela venda do Alegro Montijo, transaccionado por 178 milhões de euros, o que representa mais de metade do volume total registado até ao 3º trimestre de 2024.

    O mercado de escritórios denota menos dinamismo no mercado transaccional face aos seus volumes históricos, tendo registado nos primeiros nove meses do ano um volume de investimento total de 184 milhões de euros. No entanto, este ano já superou o volume total de investimento registado em 2023, com a transacção de activos de referência no mercado de escritórios de Lisboa, em zonas consolidadas.

    Este cenário reflecte o interesse dos investidores de perfil core em edifícios Grade A, aos quais se juntam investidores value-add que procuram activamente novas oportunidades.

    PBSA com destaque no segmento Living

    No segmento Living, o investimento em PBSA (Purpose-Built Student Accommodation) continua a destacar-se como um dos segmentos mais proeminentes, totalizando até à data cerca de 144 milhões de euros, correspondente à venda de residências de estudantes localizadas em Lisboa, Covilhã e Braga. O interesse reside tanto na aquisição de activos já operacionais como em investimentos em operações de forward purchase.

    O segmento logístico registou um investimento de 66 milhões de euros até ao final do 3º trimestre de 2024. Excluindo o ano de 2022, que teve um volume de investimento excepcional devido à venda de um conjunto de portfólios, o volume de 2024 está em linha com a média dos anos entre 2019 e 2023.

    O mercado continua a evidenciar um desajuste entre a forte performance do mercado ocupacional e a actividade no mercado transaccional logístico. Apesar do dinamismo observado na ocupação de espaços logísticos, este ainda não se traduziu em volumes significativos de investimento, embora o sector esteja bastante dinâmico na promoção de novos projectos. O setor aguarda a entrada de novos produtos que estejam alinhados com as exigências de modernidade, localização estratégica e eficiência que atraem capital para transacções de maior escala.

    O investimento estrangeiro teve uma representatividade de 79% no volume total de transacções, com os investidores oriundos de Africa do Sul, Alemanha, França e Espanha a somar os volumes de investimento mais significativos.
    As prime yields têm mantido a sua estabilidade, depois da descompressão que ocorreu ao longo do ano 2023, tendo entrada em fase de estabilização nos primeiros 6 meses do ano 2024.

    As descidas nas taxas de juro deverão trazer uma mudança na atividade de investimento. Embora os efeitos possam não ser imediatos, a confiança dos investidores será fortalecida.

    “O mercado de investimento imobiliário comercial em Portugal demonstra claros sinais de dinamismo, com o terceiro trimestre a revelar sinais de recuperação da confiança dos investidores. Apesar dos desafios ainda latentes como um quadro macroeconómico que ainda sugere cautela e tensões geopolíticas, acreditamos que a recta final de ano marcará um novo impulso em 2025 os volumes de investimento deverão recuperar a níveis anteriores a 2023”, reitera Paulo Silva, head of country da Savills.

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    Composição digital de árvores e edifícios no London Financial District (Reino Unido)

    Construção

    Lisboa recebe fórum europeu sobre eficiência energética em edifícios

    Está a decorrer desde ontem, 20 Novembro, em Lisboa, a  reunião plenária da CA-EPBD 2025 (Concerted Action of the Energy Performance of Buildings Directive). O encontro que traz à capital portuguesa 165 representantes de Estados-Membros da União Europeia, especialistas da Comissão Europeia e da Agência Executiva Europeia para o Clima, Infraestruturas e Ambiente (CINEA)

    Está a decorrer desde ontem, 20 Novembro, em Lisboa, a  reunião plenária da CA-EPBD 2025 (Concerted Action of the Energy Performance of Buildings Directive). O encontro tem como objectivo discutir e promover o desempenho energético dos edifícios, um tema de vital importância para a sustentabilidade e eficiência energética na Europa.

    A CA-EPBD 2025 é uma iniciativa europeia que promove a troca de conhecimentos e experiências entre os países membros na implementação da Directiva sobre o Desempenho Energético dos Edifícios (EPBD), tendo como objectivo central acelerar a transição para edifícios mais eficientes e sustentáveis.

    Na sessão de abertura do encontro que traz à capital portuguesa 165 representantes de Estados-Membros da União Europeia, especialistas da Comissão Europeia e da Agência Executiva Europeia para o Clima, Infraestruturas e Ambiente (CINEA), a Secretária de Estado de Energia, Maria João Pereira, destacou a importância da EPBD como uma “uma oportunidade, não apenas para transformar edifícios, mas para transformar vidas, promovendo a segurança energética, a resiliência económica e a equidade social”. A governante defendeu que a transição energética “deve estar centrada nas pessoas, capacitando indivíduos e comunidades, garantindo que ninguém fique para trás”.
    Por sua vez, o presidente da ADENE, Nelson Lage, anfitrião deste encontro europeu, reforçou a relevância deste encontro como “um catalisador para acelerar a acção climática e promover a eficiência energética em toda a União Europeia”, apelando à colaboração e cooperação entre os Estados-Membros e a Comissão Europeia como “essencial para enfrentarmos os desafios actuais e alcançarmos as metas ambiciosas estabelecidas pela revisão da Directiva de Desempenho Energético dos Edifícios”.

    Refira-se que a CA-EPBD é composta por 9 equipas temáticas, sendo a ADENE coordenadora da “Central Team 2” referente ao tema dos Passaportes de Renovação e dos Certificados Energéticos, áreas de grande relevância para a promoção da eficiência energética nos edifícios.

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    CMM promove seminário “Portugal Steel” na Concreta

    Dedicado ao tema “durabilidade das estruturas metálicas”, o seminário Associação Portuguesa de Construção Metálica e Mista, CMM, terá lugar a 22 de Novembro

    A Associação Portuguesa de Construção Metálica e Mista, CMM, irá promover um seminário “Durabilidade das Estruturas metálicas” do projecto “Portugal Steel”, dia 22 de Novembro, na Feira Concreta, que decorre até 23 de Novembro na Exponor.

    A associação marca ainda presença na feira de arquitectura, construção, design e engenharia do futuro, com um stand “Portugal Steel”, um espaço de partilha de conhecimentos entre empresas e profissionais, que tem como objectivo de promover as vantagens da construção metálica junto das empresas do sector.

    Luís Figueiredo Silva, director da CMM, fará a abertura do seminário com a apresentação do projecto, “Portugal Steel”. Jorge Paiva da CIN, abrirá o debate com a abordagem do tema da “Protecção Anticorrosiva e Durabilidade de Estruturas Metálicas”. O programa conta com Carlos Moreira, da EQS Cert., para falar sobre a “Garantia da Qualidade, Inspecção e Diagnóstico”. Paula Resende, da Antero, irá abordar as vantagens e desvantagens construção metálica, e Nuno Gonçalves, da Fametal, irá partilhar os seus conhecimentos sobre “A durabilidade do aço através da Marcação CE (EN 1090-2)”. O encontro será encerrado por Alichandra Castro, da Eurogalva, que trará o tema “Durabilidade do Aço e Tratamentos de Superfície – Galvanização e Pintura”.

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    Avelino Oliveira, presidente da Ordem dos Arquitectos

    Arquitectura

    Recuo do IVA a 6% na construção para habitação

    Ordem dos Arquitectos lamenta recuo na aplicação da taxa reduzida de IVA aos projectos de construção e critica restrições da União Europeia

    Em comunicado enviado às redacções a Ordem dos Arquitectos manifesta o seu descontentamento com o anúncio de que a proposta do Governo, inserida no Orçamento de Estado para 2025, de aplicar uma taxa reduzida de IVA a 6% aos projectos de construção de condições especiais para resolver a crise da habitação, não avançará devido ao entendimento restritivo da Comissão Europeia. Segundo o Governo, a transposição da directiva europeia, em matéria de benefícios fiscais do IVA, não permite incluir os projectos de construção das novas tipologias de soluções habitacionais na transposição legislativa da proposta de IVA.
    “A Ordem dos Arquitectos, que havia promovido activamente junto do Governo esta medida lamenta profundamente o desfecho e discorda da inflexibilidade da União Europeia. A Ordem dos Arquitectos alerta ainda para o tratamento desigual dentro do sector da construção, numa altura em que a habitação enfrenta uma crise sem precedentes.
    As políticas fiscais inclusivas são amplamente reconhecidas como uma solução eficaz para reduzir os custos do consumidor final mantendo a qualidade, sustentabilidade e equilíbrio económico, portanto, este entrave legislativo europeu é visto como anacrónico, prejudicial ao interesse público e um factor de afastamento dos cidadãos face à União Europeia”, refere a nota que é assinada pelo presidente da Ordem dos Arquitectos, Avelino Oliveira (na imagem).

    Face à decisão, a Ordem dos Arquitectos dirigiu uma carta ao Ministro das Finanças , solicitando esclarecimentos sobre “a fundamentação deste recuo, bem como os documentos e justificações europeias que suportam esta decisão para que fundamente a sua reclamação junto das congéneres europeias”. O organismo sublinha a sua “compreensão pelas cautelas tomadas pelo Governo português, especialmente do Ministério das Finanças, e saúda o Ministério das Infraestruturas e a Secretaria de Estado da Habitação pela defesa e proposta de uma medida amplamente apoiada pelo ecossistema da construção no Orçamento de 2025”.

    Referindo que “a União Europeia faz recorrentemente uma chantagem com a transferência de fundos de coesão do PRR e outros similares quando as disposições legislativas nacionais não são do seu agrado”, a OA  irá escrever aos eurodeputados portugueses para manifestar a sua oposição à acção da EUE no que concerne às políticas europeias que desvalorizam o sector dos serviços ligados à construção, particularmente no que diz respeito aos projectos de arquitectura.

    “Sabemos que a União Europeia só incentiva os Estados-Membros a aplicar taxas reduzidas de IVA de forma limitada a áreas essenciais como bens alimentares, serviços culturais, saúde, educação e habitação. No entanto, no contexto actual, a exclusão dos projectos de arquitectura e especialidades desta medida é incompreensível num sector que enfrenta uma crise com profundas repercussões sociais”, defendem os arquitectos.

    Chamando a atenção ainda para o problema crescente da “desregulação no sector dos serviços de arquitectura”, a OA relembra na mesma nota que “as políticas de matriz economicista tem obtido resultados negativos na arquitectura, bem visíveis desde 2008. Mas continuamos a assistir às consequências das políticas erradas que vão sendo seguidas. Para esse efeito recordamos os documentos públicos desde 2018 onde a OCDE e a Comissão Europeia defenderam que as normas de qualidade e segurança, obrigatórias na encomenda de serviço de arquitectura, deveriam ser abolidas já que os profissionais de arquitectura devem poder competir exclusivamente com base no preço. Tal abordagem, que consta do relatório OECD Competition Assessment – Self-Regulated Professions, desvaloriza a qualidade, a sustentabilidade e a especificidade dos serviços prestados, desiludindo profundamente os profissionais do sector.”

    “A Ordem dos Arquitectos considera lamentável que a União Europeia, que proclama os valores da sustentabilidade e descarbonização, aplique na prática uma legislação centrada apenas no preço e na concorrência sem regulação adequada. E que sempre que os Estados, em articulação com os agentes do sector procurem soluções de compromisso, as destrua, sem a flexibilização que aplica noutras áreas. Para a Ordem dos Arquitectos, este tipo de política vai contra o desígnio de uma Europa comprometida com o interesse público e o bem-estar das futuras gerações.”

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    Espanhola ARC Homes tem plano de investimento de 180 M€

    Com uma estratégia pensada a seis anos, a ARC Homes Portugal espera alargar o seu portfólio na zona Norte, mas está, também, a olhar para as oportunidades que possam surgir no Algarve e Ilhas. O primeiro projecto a ganhar forma será o da Prelada, que prevê a construção de 156 casas junto ao jardim Sarah Afonso

    Cidália Lopes

    A imobiliária espanhola ARC Homes escolheu a cidade do Porto para entrar no mercado nacional e anunciou um primeiro investimento “nas zonas da Prelada e das Antas”. Serão 500 habitações, que estão a ser executadas por “uma empresa portuguesa, com profissionais portugueses para fazer casas para os portugueses”.

    O “grande potencial” do mercado, a “conjuntura económica estável” e a “atractividade” determinaram a aposta da promotora catalã em trazer para Portugal o seu know-how, em particular no Porto, região “incontornável” por se tratar de um “centro dinâmico” e que regista “uma procura crescente por habitação de qualidade”.

    “Esta combinação de factores levou-nos, por isso, a iniciar a nossa actuação com o projecto Porto by ARC Homes. O sucesso deste primeiro empreendimento reforçou a nossa decisão, levando-nos a não operar apenas em Portugal, mas, também, a tornar-nos uma empresa 100% portuguesa, com uma equipa local profundamente alinhada com as especificidades do mercado imobiliário nacional”, afirmou ao CONSTRUIR, Mariana Arrochella Lobo, partner e CEO da ARC Homes Portugal.

    “Conectividade com infraestruturas de transporte, a tranquilidade da área e, ainda, o equilíbrio entre qualidade de vida e conveniência” são os principais aspectos que a ARC Homes valoriza na procura por um local para investir.

    “A médio prazo, pretendemos expandir o nosso raio de acção para outras regiões do País, destacando-se, aqui, o Algarve e as ilhas, com um possível início de investimentos nessas áreas já a partir de 2027”

    “Desta forma, acreditamos que conseguiremos chegar a um público diversificado, desde jovens profissionais até famílias que procuram habitação de qualidade”, considera a responsável.

    Tendo em conta a experiência que o Grupo traz de Espanha, Mariana Arrochella Lobo considera que a problemática da habitação apresenta “várias semelhanças” entre os dois países.

    “A questão da acessibilidade à habitação assume-se como uma preocupação crescente, tendo em conta que os preços das casas têm subido significativamente nos últimos anos”.

    No entanto, o foco da ARC Homes Portugal é, agora, “oferecer soluções de habitação em solo nacional” e “acelerar o equilíbrio entre a oferta e a procura”, o que, segundo Mariana Arrochella Lobo é um dos “pontos chave” para a solução do problema da habitação em Portugal.

    Expansão a Norte

    Actualmente, a ARC Homes Portugal está a investir 40 milhões de euros no projecto Porto by ARC Homes, na zona da Prelada, e já deu início a um segundo projecto, que conta com um investimento adicional de cerca de 30 milhões e cujo lançamento deverá acontecer já no primeiro semestre de 2026 e que contará com cerca de 80 apartamentos, com tipologias T0, T1 e T2.

    Para os próximos seis anos, a promotora pretende “expandir significativamente” a sua presença no Norte de Portugal e, também, em outras regiões estratégicas.

    A ideia de trazer para o Porto o que a ARC Homes tem vindo a edificar na Catalunha deverá reflectir-se em “casas com grandes terraços, vista para parques públicos, espaçosas, facilmente conectadas ao centro da cidade, perto de complexos de lazer, centros de trabalho, educação ou hospitais”

    “Contamos investir em três projectos novos a cada 18 meses, sendo que os valores podem chegar aos 180 milhões, nos próximos seis anos. Pretendemos continuar a investir de forma consistente, identificando oportunidades que nos permitam contribuir para a revitalização urbana e, simultaneamente, dar resposta à crescente procura por habitação de qualidade”, acrescentou.

    Encontram-se, por isso, a explorar “activamente” oportunidades em toda a Grande Área Metropolitana do Porto, nomeadamente em Vila Nova de Gaia e outras áreas estratégicas nos arredores. Também a zona de Ramalde, uma freguesia em “franco crescimento”, se apresenta como “um grande foco de investimento” para a empresa.

    “A médio prazo, pretendemos expandir o nosso raio de acção para outras regiões do País, destacando-se, aqui, o Algarve e as ilhas, com um possível início de investimentos nessas áreas já a partir de 2027”, salientou Mariana Arrochella Lobo.

    Prelada recebe primeiro projecto

    A ideia de trazer para o Porto o que a ARC Homes tem vindo a edificar na Catalunha deverá reflectir-se em “casas com grandes terraços, vista para parques públicos, espaçosas, facilmente conectadas ao centro da cidade, perto de complexos de lazer, centros de trabalho, educação ou hospitais”.

    O primeiro projecto a ganhar forma será o da Prelada, que prevê a construção de 156 casas junto ao jardim Sarah Afonso. A execução dos projectos está a cargo da empresa portuense Capital Urbano.

    Pensado para jovens que “procuram a primeira habitação permanente” ou para famílias locais que “desejam melhorar as suas condições de vida”, o empreendimento tem atraído, ainda, “um conjunto de profissionais, como médicos e engenheiros, que valorizam, cada vez mais, a proximidade aos seus locais de trabalho”. Além disso, com o valor dos apartamentos abrangidos pela nova lei de isenção de IMT, o projecto torna-se particularmente apelativo para estes jovens compradores.

    Assinado pelo atelier Cerejeira Fontes, o projecto reflecte o compromisso com o design “inteligente e funcional”, optimizado para “maximizar a utilização de cada metro quadrado”.

    A ARC Homes Portugal adoptou, por isso, e com base nessa premissa, uma abordagem inovadora na criação dos apartamentos. Cada apartamento foi desenhado para maximizar o uso do espaço, eliminando áreas desnecessárias, e inclui amplos espaços exteriores, com varandas que oferecem um ambiente de vida ao ar livre. As unidades duplex e os apartamentos com pé direito duplo no último andar destacam-se, por sua vez, pela sua exclusividade e vistas panorâmicas.

    Além disso, o projecto dá um grande destaque às áreas exteriores, um ponto marcante e distintivo. No Porto by ARC Homes, por exemplo, até o menor apartamento (T0) possui uma varanda de 10 m2, projectada para proporcionar uma verdadeira extensão do espaço habitacional, oferecendo aos moradores um local de convívio ao ar livre.

    O conceito de arquitectura do projecto integra, também, a sustentabilidade e o design consciente. Foram adoptadas, por isso, práticas altamente sustentáveis, desde a selecção dos materiais até a própria estrutura dos apartamentos, garantindo que os espaços são não apenas esteticamente atraentes, mas, também, eficientes em termos ambientais.

    A construção, a cargo da Edinorte, do Porto by ARC Homes começou em Março de 2023 e a conclusão está prevista para a segunda metade de 2025.

    Actualmente, metade da estrutura do edifício já está concluída e o andar modelo, que conta com a assinatura do atelier de design de interiores Studio Ülterior, sediado em Londres.

    Sobre o autorCidália Lopes

    Cidália Lopes

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    “Um futuro sustentável para a Construção” domina programação da 31ªConcreta

    Durante quatro dias a Concreta oferece, para além da exposição propriamente dita, um programa intenso que tem como tema “a descarbonização” do sector AEC, apontando caminho(s) rumo a um futuro que se quer mais sustentável. O arquitecto Diogo Aguiar volta a assumir o papel de comissário “para criar um ambiente de reflexão e desenvolvimento de práticas inovadoras”. O desafio está lançado…

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    Um programa intenso de múltiplos eventos, conferências sectoriais, encontros paralelos, testemunhos, exposições, palestras e uma mostra com os produtos mais inovadores apresentados por aqueles que são os players do mercado assim serão os quatro dias da 31ª Concreta. “O formato que apresentamos pretende ser inovador, com destaque para a criatividade, tendências e novas soluções, posicionando ainda a sustentabilidade como a base de toda a sua estrutura”, assume a organização.

    “Na Concreta, estamos comprometidos em liderar a transformação da indústria da construção em direcção a um futuro mais sustentável. O mote ‘Descarbonização da Arquitectura e Engenharia’ reflecte o nosso compromisso em promover práticas responsáveis e estamos entusiasmados por proporcionar um ambiente de partilha e reflexão, onde as empresas e profissionais podem colaborar, como um todo, em direcção a um futuro mais verde”, explica Amélia Estevão, directora de marketing da Exponor.

    A curadoria do evento cabe ao arquitecto Diogo Aguiar, fundador do atelier Diogo Aguiar Studio e ainda professor na Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto (FAUP). Ao assumir este papel, tem como missão dar destaque à temática da responsabilidade ambiental à escala de todos os sectores da construção. A Feira vai reunir arquitectos, engenheiros, técnicos, consultores, construtores, instaladores, entre muitas outras especialidades, numa exposição também com um leque alargado de empresas – desde revestimentos, isolamentos, cozinha, banho, pavimentos, climatização, iluminação, carpintaria, passando ainda pelas máquinas, ferramentas e equipamentos para a construção.

    A arquitectura volta a assumir um papel de destaque. No primeiro dia do evento, 20 de Novembro, terá lugar o “Eco-Fórum de Arquitectura Espanhola em Porto”, um evento que trará ao ‘Auditório Creative Talks, Galeria 6’, os gabinetes espanhóis Ortiz León Arquitectos, Pich Architects, Madc Architects, Bauwood, Territori24 e Ruiz Larrea Arquitectura.

    No dia 21 as atenções estarão concentradas nas conferências de Nuno Melo Sousa, o arquitecto baseado no Porto com escritório em nome próprio desde 2012, e de Tomoaki Uno, arquitecto japonês que faz a sua estreia em Portugal. Um ‘confronto’ de duas gerações, culturas e geografias distintas e a forma como pensam e fazem arquitectura. O trabalho de Tomoaki Uno e Nuno Melo Sousa será apresentado numa exposição conjunta, para além das duas conferências.

    Com o intuito de ilustrar a metodologia de trabalho de cada arquitecto, a exposição pretende apresentar os seus desenhos e cadernos de esquissos, bem como desvendar o resultado final das suas obras, através de fotografias e desenhos rigorosos do conjunto de obras seleccionadas. A inauguração da exposição está marcada para o dia 21 de Novembro, pelas 16h00, seguida das conferências apresentadas pelos dois arquitectos, que decorrerão no grande auditório da Exponor, com início previsto para as 17h00.

    “Concreta Under 40” regressa para premiar jovens arquitectos
    Já na 4ª edição, o concurso de arquitectura “Concreta Under 40”, está de regresso ao certame. A iniciativa pretende promover e reconhecer o trabalho das novas gerações de arquitectos portugueses cujo patamar de idades não ultrapassará, em média, os 40 anos, e que têm exercido a sua profissão à luz de uma realidade económica, social, tecnológica e jurídica bem diferente das gerações anteriores. “Pretende-se avaliar e premiar obras construídas em território nacional, da autoria de arquitectos portugueses que, com criatividade, profissionalismo e mestria, se adaptaram à realidade da sua época, e desenvolveram projectos que se destacam pela capacidade criativa e de inovação, aliadas à qualidade técnica”. Como habitual conta com o apoio técnico do Conselho Directivo Regional do Norte (CDRN) da Ordem dos Arquitectos e com o patrocínio da empresa Tintas CIN.

    Ao longo dos quatro dias a iniciativa “Arquitectos na Feira” e o ciclo de conferências “Na Primeira Pessoa”, completam a oferta da Concreta. A primeira resulta de uma parceria com a Ordem dos Arquitectos Secção Regional Norte (OASRN) para criar condições especiais de participação na feira para arquitectos, visando promover a arquitectura enquanto elemento-chave do processo de “Construção, Reabilitação, Arquitectura e Design”, os temas estruturais da feira. Por sua vez o bloco de conversas tem por objectivo dar voz a autores de projectos de arquitectura, engenharia ou design, que se distinguiram pela adopção de boas práticas de sustentabilidade, o tema orientador do certame. Por este palco irão passar, entre outros, gabinetes como Masslab, atelier ARO, Faria+Arquitectos, Made, WeStudio, Tsou Arquitectos.

     

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    Casa cheia para a 31ª edição da Concreta

    sector AEC – Arquitectura, Engenharia e Construção, ruma esta semana a norte para atender aquele que é um ponto de encontro do sector: a 31ª edição da Concreta que decorre entre 20 a 23 de Novembro. De dois em dois anos a Concreta recebe, na Exponor, milhares de profissionais e este ano não é excepção com os 25 mil m2 de área de exposição totalmente ocupados a organização espera receber cerca de 30 mil visitantes. Amélia Estêvão, directora de marketing da Exponor, é, mais uma vez, a anfitriã de um evento que este ano tem, à semelhança do que aconteceu há dois anos, uma temática à qual o sector tem que dar resposta: a ‘Descarbonização da Arquitectura e Engenharia’, alinhado com o panorama internacional e o compromisso de Portugal em atingir a neutralidade carbónica em 2050

    Aquele que é o ponto de encontro do sector da construção, da engenharia e da arquitectura volta a abrir as suas portas a 20 de Novembro. Depois de um interregno habitual – a Concreta realiza-se de dois em dois anos – que serviu de pausa para a estreia de um evento mais pequeno e realizado noutros moldes o ‘+ CONCRETA’ – o evento que “promove a inovação e fortalece a rede de conhecimento e colaboração entre todos os que acreditam no potencial transformador da construção sustentável e da arquitectura moderna”, como o descreve
    Amélia Estêvão, directora de marketing da Exponor, está de regresso. E este é um regresso em grande, como atestam os números apresentados pela organização: mais de 400 empresas expositoras ocupam a totalidade dos 25 mil m2 do recinto da Exponor. Durante os quatro dias o evento deverá ser visitado por mais de 30 mil visitantes. “Na Concreta todos os caminhos se cruzam para moldar o futuro do sector”, afirma ao CONSTRUIR Amélia Estêvão.

    A Concreta regressa ao seu formato habitual, depois de no ano passado terem estreado a “+ Concreta”. O contexto económico, que se vive hoje e que é marcado pelo maior dinamismo no sector da construção influencia a expectativa em torno desta edição da Concreta 2024?
    Depois do sucesso da 1ª edição da +Concreta na Alfandega aproxima-se a realização da 31ª edição da Concreta num momento em que o sector da construção se encontra mais dinâmico e em crescimento, o que eleva as expectativas para este ano. Este contexto económico, marcado pelo aumento de investimentos e pela procura por inovação e sustentabilidade no sector, tende a criar um ambiente propício para o sucesso do evento. O crescimento e a recuperação da construção impulsionam o interesse por novos produtos, materiais e tecnologias, aumentando a importância de eventos como a Concreta, que acabam por se tornar o ponto de encontro ideal para negócios e, claro, para a partilha de novas ideias entre profissionais e empresas do sector.

    Qual tem sido a resposta do sector AEC a esta edição e quantas empresas vão marcar presença na Concreta 2024? Podemos antecipar “casa cheia”?
    A edição deste ano da Concreta, tem sido muito bem recebida pelo sector da Arquitectura, Engenharia e Construção, AEC, a nossa expectativa é esgotar o espaço dos pavilhões e galerias da Exponor. Esperamos cerca de 400 empresas em aproximadamente 25 mil metros quadrados e uma previsão de mais de 30 mil visitantes profissionais de todas as áreas ligadas à arquitectura, engenharia e construção, sempre com foco em inovações sustentáveis, novos métodos de construção e sistemas industrializados.
    Teremos os grandes players do sector e com eles a apresentação de novidades, como sejam produtos de elevado desempenho e soluções para a construção industrializada. A feira conta também com espaços dedicados a demonstrações e workshops práticos, atraindo diversas empresas que procuram visibilidade e interacção directa com profissionais.

    Que sectores marcam presença em maior força nesta edição?
    São vários os sectores presentes na feira e que, naturalmente, contribuem para uma visão abrangente da cadeia de valor da construção e mostrando assim a importância da feira como ponto de encontro de inovação e negócios. Podemos destacar as estruturas metálicas, argamassas, cimentos, iluminação, pavimentos, revestimentos estruturas modulares, ferragens, máquinas e ferramentas, climatização, artigos sanitários e cozinhas.

    Há dois anos o grande tema foi a “Economia Circular”. Que tema marcará a edição em 2024 e de que forma será tratado?
    Este ano o tema é a Descarbonização da Arquitectura e Engenharia, alinhado com o panorama internacional e o compromisso de Portugal em atingir a neutralidade carbónica em 2050.
    Os vários sectores da sociedade terão de demostrar resiliência e inovação na eminente resposta a novos desafios. Uma vez que o sector da construção, tem grande importância na economia nacional, sendo um dos principais emissores de CO2, a Concreta 2024 desafia as empresas e os profissionais a implementar a “Descarbonização da Arquitectura e Engenharia”. No compromisso da Exponor para com a sustentabilidade e os princípios ecológicos, a Concreta 2024 vai abdicar, nos vários corredores da feira, do revestimento em alcatifa. Simultaneamente o tema estará reflectido nas diversas dinâmicas da feira: no circuito das Praças, assim como nos diversos seminários e conferências.

    A Arquitectura é o ponto de partida para uma discussão mais profunda

    A feira tem uma forte componente de arquitectura. Tal como em 2022, a curadoria está entregue ao arquitecto Diogo Aguiar, sente que este foi um factor transformador de uma feira que este ano completa a 31ª edições?
    A curadoria do arquitecto Diogo Aguiar na Concreta 2024 traz uma visão estratégica e diferenciada ao evento, a sua experiência amplia a abordagem do mesmo ao propor conteúdos que ligam a arquitectura, design, tecnologia e sustentabilidade, aspectos essenciais para o sector.
    Como curador, também ajudou a definir a temática central, a identificar alguns parceiros e oradores que só por si já representam as tendências contemporâneas e agregam valor ao evento. A sua influência contribui para que a Concreta se posicione como um evento que vai além da exposição comercial, sendo também um espaço de reflexão sobre o futuro da construção civil e da arquitectura.

    Quais os pontos altos do programa desenhado por Diogo Aguiar no que a arquitectura diz respeito?
    São vários mas destaco a 4ª Edição do Prémio Concreta Under 40 by CIN, que é realizado com o apoio técnico do Conselho Directivo Regional do Norte (CDRN) da Ordem dos Arquitectos e com o patrocínio da Tintas CIN e visa reconhecer o trabalho desenvolvido pelas novas gerações de arquitectos portugueses, distinguindo projectos que sejam resultado de construção, reconstrução, ampliação, alteração ou conservação de imóveis e que se destaquem pela sua capacidade criativa, de inovação e qualidade técnica. Serão atribuídos dois prémios de natureza pecuniária: 3.000€ para o 1º lugar e 1.000€ para o 2º.

    Esta transformação reforça o impacto e a importância de um certame como a Concreta na dinamização do sector?
    Naturalmente que sim, a presença de arquitectos na feira permite a troca de experiências e conhecimentos sobre tendências de materiais, técnicas construtivas e tecnologias emergentes. Esses encontros promovem o uso de soluções mais inovadoras e sustentáveis em projectos futuros. Simultaneamente ajudam a valorizar e mostrar a complexidade e impacto do seu trabalho, aumentando o reconhecimento da arquitectura como disciplina fundamental na criação de espaços funcionais, estéticos e ecologicamente responsáveis.

    As novidades daquele que é um ponto de encontro do sector AEC

    E o que de novo traz esta 31ª edição da Feira? Para lá da arquitectura, de que já falámos, quais serão os pontos fortes da Concreta 2024?
    Como já referi, e tendo por base o compromisso da Exponor para com a sustentabilidade e os princípios ecológicos, a Concreta 24 opta finalmente por abdicar, nos vários corredores da feira, do revestimento em alcatifa, garantindo uma poupança de cerca de 12500 m2 desse material, evitando a produção desnecessária de resíduos e contribuindo, deste modo, para um futuro mais consciente e responsável.
    Outra grande novidade prende-se com a estreia em Portugal do arquitecto japonês Tomoaki Uno e do arquitecto Nuno Melo Sousa com uma exposição e uma conferência.
    Para finalizar, de entre as várias praças temáticas criadas especialmente para esta edição da bienal, destacam-se a Praça da Fotografia com imagens e curadoria do fotografo Attilio Fiumarela e a Praça descarbonização by Sedacor alinhada com o tema da Descarbonização. Pretende-se que seja o palco de práticas, técnicas e produtos originais que prometem marcar o futuro, onde serão realizados exercícios de provocação, de encontro e de reflexão alinhados com o tema. Vamos apresentar um exemplo de descarbonização da Construção de como utilizar a cortiça e compósitos de cortiça com outros materiais reciclados como borracha de pneus em fim de vida, contribuindo para descarbonizar a construção, proporcionando uma construção mais inteligente, atractiva e sustentável.

    Entre os expositores haverá presença internacional? Como é que se faz a internacionalização de um certame desta natureza e isso é uma prioridade para a Exponor?
    Sim, em todas edições temos expositores oriundos de vários países, este ano são mais de 40, que encaram a Concreta como uma plataforma estratégica para entrar ou fortalecer a sua presença no mercado português. É uma feira que atrai visitantes de todas as partes do mundo, isto porque é já reconhecida como um ponto de partida eficaz no estabelecimento de parcerias e na identificação de oportunidades de negócio.

    De que forma potenciam a ligação às diferentes associações, universidades, para além das empresas?
    As associações e universidades são parceiros estratégicos da Concreta. Os primeiros pelo papel fundamental que desempenham no desenvolvimento das diferentes indústrias e sectores da economia representam os interesses das empresas e impulsionam a inovação e a competitividade. Já as universidades participam com ideias e conhecimento, enriquecendo o evento com espaços de discussões e demonstrações de projectos experimentais e sustentáveis que moldam o futuro. Isso amplia o alcance e a profundidade da feira, tornando-a uma plataforma de networking, parcerias e práticas vanguardistas.
    Essas contribuições fazem, quer das universidades quer das associações, um elo fundamental entre conhecimento, inovação e o sector de construção, beneficiando tanto as empresas como a Concreta e, naturalmente, ajuda a fortalecer o sector a longo prazo.

    Sobre o autorManuela Sousa Guerreiro

    Manuela Sousa Guerreiro

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    Signify ‘ilumina’ estádio do Sporting Clube de Portugal

    240 projectores Philips ArenaVision Gen3.5 para iluminar o relvado e 52 projectores Philips ClearFlood nas bancadas vão permitir “maximizar a experiência dos seus adeptos”

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    Para o Sporting Club de Portugal a iluminação é fundamental para melhorar a visibilidade e, consequentemente, a experiência dos espectadores que assistem aos jogos não só no estádio, mas também, através da televisão. Transformar a iluminação numa “experiência para os adeptos” tornou-se o principal objectivo e o primeiro passo foi instalar no Estádio José Avalade,  LEDs de alto desempenho de última geração e distribuir as luminárias uniformemente para proporcionar uma visibilidade clara de todo o campo.

    A cereja no topo do bolo foi transformar a iluminação do estádio em iluminação inteligente graças ao Interact, que permite ajustar a intensidade e criar diferentes ambientes consoante o tipo de evento, tornando o estádio um local versátil para todas as ocasiões.

    Para iluminar o relvado foram instalados 240 projectores Philips ArenaVision Gen3.5, concebidos exclusivamente para relvados e compatíveis com as mais recentes normas de transmissão televisiva.

    Para a bancada, foram escolhidos 52 projectores Philips ClearFlood, que permitem seleccionar o número exacto de lúmenes necessários para uma determinada aplicação, proporcionando uma poupança de energia até 40%.

    As luminárias LED de elevado desempenho não só melhoram a qualidade da iluminação, como também reduzem os custos de energia e de funcionamento a longo prazo.

    Ao mesmo tempo, o LED de última geração foi combinado com o sistema de controlo e gestão da iluminação Interact. Através desta solução, que liga todos os pontos de iluminação instalados no estádio, é possível programar a iluminação e efectuar ajustes em tempo real. Pode também ser utilizado para criar espetáculos de luz personalizados antes, durante e após o evento.

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