“Há bons projectos temporários”
No temporário pode-se experimentar mais e isso proporciona mais espaço para a criação, recorrendo a novos materiais (ou a novos usos de velhos materiais) para criar novos espaços e ambientes
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Ana Rita Sevilha
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“No temporário pode-se experimentar mais e isso proporciona mais espaço para a criação”. Em entrevista ao CONSTRUIR Teresa Otto fala sobre o lado efémero da arquitectura e o seu encanto.
Pode-se dizer que é especialista em arquitectura efémera?
Diria que fui ganhando experiência com cada um dos cerca de 20 projectos temporários que construímos. Como em muitos deles também assumimos a construção, tenho alguma sensibilidade extra nos projectos temporários.
Esteve ligada a gabinetes que trabalharam bastante as instalações artísticas em arquitectura e actualmente o seu gabinete continua a desenvolver trabalho nesta área. O que há de fascinante neste lado da arquitectura?
A arquitectura que está ligada à construção civil, aos edifícios, tem processos lentos e pensados para durar; isso limita as possibilidades de testar ideias novas, pois é um risco vezes muitos anos de vida útil.
No temporário pode-se experimentar mais e isso proporciona mais espaço para a criação, recorrendo a novos materiais (ou a novos usos de velhos materiais) para criar novos espaços e ambientes.
O que habitualmente se espera de um espaço destes, tanto do lado do utilizador como do criador?
Um pavilhão na Praça central do Centro Colombo tem que surpreender quem passa por cá, atraindo irresistivelmente as pessoas para o seu interior. O papel do criador é o de responder com inteligência a esse desafio.
Quais os grandes desafios no seu desenvolvimento?
Nos projectos temporários é essencial equilibrar o tempo e o custo de fabrico com a vida esperada do objecto, tendo uma visão global que vai da expectativa da encomenda à melhor maneira de meter tudo num camião!
Que materiais e conceitos são fundamentais neste tipo de projectos?
Todos os materiais são possíveis, dependendo do orçamento, dos objectivos do cliente e até da parte do mundo em que será feito; há bons projectos temporários feitos em materiais desde o betão ao cartão.
Um dos últimos trabalhos do atelier foi o espaço expositivo da exposição de fotografia “Faces of the Stars” patente no Centro Colombo. No que consistiu este projecto?
Foi-nos pedido para criar uma estrutura reutilizável e polivalente que fosse suficientemente estranha para ser o centro das atenções.
Montámos um puzzle de ferro amarelo, com percursos interiores definidos pelas próprias fotografias flutuantes, já que a estrutura que os sustenta é quase transparente.
O nome do fotógrafo Terry O’Neill, desenhado em lâmpadas led, é parte integrante da exposição, mas só se pode ler a partir das galerias superiores da Praça Central do Centro Colombo.
Na sua opinião, este tipo de arquitectura integrada no espaço público pode contribuir para uma maior aproximação entre a prática e a sociedade?
Sim, tal como o fácil acesso, na Internet e em viagens a outras cidades, a projectos desenvolvidos por arquitectos, que aumentam a cultura visual média e potenciam o desejo por espaços mais bem desenhados.
Que tipo de projectos efémeros ou instalações artísticas com detalhes arquitectónicos poderiam integrar as nossas cidades?
Dou como exemplo um projecto dos arquitectos MXP, que é a ponte da Galp sobre a 2ª circular, em Lisboa. Não é efémero, mas tem muito de artístico com detalhe arquitectónico. Peças como esta, temporárias ou não, têm o poder de melhorar a vida das pessoas e fazem falta para tornar as nossas cidades menos “cinzentas”.
Neste momento que outros projectos tem em mãos que nos possa divulgar?
Acabámos de reformular o site (ottotto.pt) onde colocámos todos os projectos num mesmo “bolo”, sejam eles edificados, temporários, um programa de televisão ou a participação na bienal de Veneza. Mais que um catálogo arrumadinho, mostramos uma maneira de trabalhar que resulta das experiências múltiplas duma equipa multinacional e intergeracional.
De resto, temos em curso algumas remodelações e um par de instalações temporárias, além de uma viagem ao extremo oriente.