Space Planning: uma disciplina complementar da arquitectura
Já lá vai o tempo em que o escritório era a segunda casa.
Ana Rita Sevilha
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Já lá vai o tempo em que o escritório era a segunda casa. Hoje em dia, o espaço de trabalho ocupa o topo do ranking quando se trata de contabilizar onde passamos mais tempo no dia-a-dia. As estatísticas dizem que cerca de 70% da vida activa das sociedades é passada dentro de edifícios, dados que são relativamente fáceis de comprovar se pensarmos que no mínimo, muitos de nós passa pelo menos oito horas diárias do seu tempo no local de trabalho. Posto isto é fácil perceber que o espaço de trabalho se reverte hoje de extrema importância, não só pelo tempo que passamos nele, mas também porque o mesmo influencia o desempenho de quem nele está. Se transportarmos estas questões para o lado das entidades patronais, percebemos que esta nova vivência coloca às empresas inúmeros desafios ao nível do conforto, optimização de espaço, aumento de produtividade e garantia de qualidade de vida. Foi para dar resposta a estes desafios que foi desenvolvido o conceito de Space Planning, um conceito que, “surgiu em Portugal no final da década de 80, tendo como um dos seus principais pioneiros o gabinete de arquitectura Sua Kay Arquitectos”, revelou fonte do mesmo.
Disciplina complementar
Vista como uma disciplina complementar da arquitectura, o Space Planning foi criado para optimizar a concepção e consequente apropriação dos seus espaços interiores integrando e compatibilizando todas as infra-estruturas essenciais incluído o Building Management Systems. Nestes projectos, pode ler-se numa nota de imprensa enviada ao Construir pelo gabinete, o desenvolvimento de ambientes interiores favoráveis ao equilíbrio psicofisiológico dos seus utentes deverá ser uma das máximas de projecto, e a compatibilização de valências como a utilização da cor, a intensidade e localização da iluminação, o desenho e organização do mobiliário, o seu comportamento ergonómico, a sua integração espacial, a distribuição espacial segundo as lógicas de funcionalidade perante e as diferentes tipologias de utilização são todas imprescindíveis ao bom funcionamento de um espaço interior. Questionado sobre quais os principais desafios que um projecto de Space Planning contempla, Mário Sua Kay explicou que “um projecto de Space Planning toca inúmeros desafios que em conjunto influenciam fortemente este tipo de trabalho. O bem-estar dos utilizadores deste tipo de espaço, como tornar o seu local de trabalho no espaço mais equilibrado possível ao nível da luz, a influência das cores que os rodeiam, e o melhoramento das condições físicas em prole do seu bem-estar. Um enorme desafio com que hoje nos deparamos é a maior mobilidade das pessoas em termos de postos de trabalho. É um desafio estar atento às pessoas, ao evoluir de novos ambientes de trabalho e estar um passo à frente para optimizar estas novas formas de estar ao local de trabalho”.
Como intervir?
Quando o Space Planning é incorporado na concepção de raiz do edifício, é possível garantir até 90% de área locável no seu funcionamento, garante o gabinete. E se o projecto não for de raiz, é possível garantir um Space Planning eficiente? Que factores têm de ser tidos em conta nestas duas situações distintas? Mário Sua Kay explica que “os factores a ter em conta quando aplicamos a disciplina de Space Planning a um projecto específico não alteram grandemente caso se trate dum edifício de raiz ou um existente, são eles o bem-estar geral dos seus utentes decorrentes da optimização das áreas de trabalho face às áreas de outros usos (circulações, Instalações sanitárias, copas, serviços e área técnicas) e o cruzamento optimizado das várias infra-estruturas que compõem o espaço. Nesta altura de contenção de custos é fundamental a optimização até ao limite do metro quadrado de área locável face à área bruta. É de maior importância para qualquer empresa poder gerar conforto aos seus utentes, garantindo bem-estar e produtividade no mínimo espaço possível, contendo os seus custos evidentes”. Sua Kay garante que “num edifício de raiz podemos projectar o espaço desde o início tendo como preocupação o cruzamento de todas estas valências, no entanto nos dias que correm também podemos observar que a utilização deste tipo de espaço já não é tão estanque. Há uma maior versatilidade no posto de trabalho e devemos evoluir, acompanhar e se possível estar um passo à frente de novas tendências”. Tendo desenvolvido à partida para optimizar a tipologia espacial dos escritórios, o “Space Planning é também uma componente lógica de transformação de espaço”, logo, de acordo com o arquitecto, pode ser adaptado a outros programas.
Projectos
O primeiro projecto de raiz desta natureza assinado por Mário Sua Kay e a sua equipa data de 1999 e consistiu na criação do Parque de Escritórios da Quinta da Fonte em Oeiras, com cerca de 110 mil metros quadrados. O projecto contemplou o projecto de raiz do Masterplan do Office Park, tendo a maioria dos seus edifícios sido projectados pelo Sua Kay Arquitectos, que “sequencialmente modelou todos os seus interiores garantindo uma relação de cerca de 85% de optimização entre área bruta e área locável”, pode ler-se na nota de imprensa. Contudo, já em 1992 o arquitecto tinha intervido na Sede do Banco Banif na José Malhoa em Lisboa, onde desenhou e optimizou os seus 14 mil m2 de interiores de escritórios, administração e agência bancária. De 1992 até 2001, seguiu-se o Suécia Office Park em Carnaxide, cujos quatro edifícios contabilizam 25 mil m2 de área de escritórios e que foram igualmente projectados desde a arquitectura até aos interiores pelo gabinete de Sua Kay. Em 2001 ergue-se a Torre de Monsanto I em Miraflores, cujos interiores contemplam cerca de 21 mil m2. Projectadas em 2003 as Lake Towers em Gaia foram também um projecto que envolveu todo o processo até aos interiores, perfazendo 70 mil m2 de área de escritórios. Em 2006, o gabinete ficou encarregue da criação da imagem da readaptação da Galp Energia à sua nova ocupação da Torre A do complexo das torres de Lisboa, tendo remodelado inclusivamente parte da Torre C para onde se realojaram todos os seus colaboradores localizados em Miraflores. A nova sede do Banco Big, na Avenida 24 de Julho constitui o mais recente projecto de Space Planning com a assinatura de Mário Sua Kay. “Estes e muitos mais projectos constituem referências arquitectónicas no panorama nacional bem como de Space Planning da Sua Kay Arquitectos na última década”, conclui o gabinete.