Procura por profissionais de engenharia estabiliza
O sector da engenharia, em Portugal, encontra-se estável em 2010.
Pedro Cristino
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O sector da engenharia, em Portugal, encontra-se estável em 2010. Quem o diz são os responsáveis da Michael Page, empresa especialista no campo de Recrutamento & Selecção especializado de cargos médios e superiores, que referem que este será “um sector de especial importância na conjuntura actual” e que o ano de 2010 continuará a ser “bastante positivo” para a engenharia. “Apesar de 2009 ter sido um dos anos mais duros para a área, espera-se que 2010 seja um período de estabilidade e, inclusivamente, de recuperação sustentada em vários sectores concretos” referiu João Nunes, executive manager da Michael Page Engineering & Property.
Os perfis desejados
No primeiro semestre deste ano, 37% dos candidatos colocados pela Michael Page Portugal pertenciam ao sector da Engenharia, o que contrasta com os números de 2009, ano que fica marcado pela falta de financiamento dos grandes projectos o que, consequentemente, prejudicou um largo número de empresas do sector. Por sua vez, deste conjunto de engenheiros, 35% são engenheiros civis. Entre os perfis mais recrutados em 2010, encontram-se perfis seniores de gestores de projectos, directores de obra, engenheiros de investigação e de desenvolvimento, gestor de processos e de sustentabilidade e directores técnicos e de operações. “Uma parte significativa das empresas tem vindo, nos últimos anos, a diminuir gradualmente o número de quadros, até um ponto em que não é possível emagrecer mais as suas estruturas”, explica o responsável da Michael Page. “Nesta fase, e não obstante as dificuldades em aparecerem projectos de dimensão e em volume em Portugal, a verdade é que tem havido um forte investimento na internacionalização, principalmente em África”, continua. Esta razão, segundo João Nunes, leva a que se mantenha a procura de profissionais. Todavia, deverá também ser considerado o facto “de existirem sectores como o da área energética, que continuam em fase de desenvolvimento”.
Especializem-se…
Nas palavras do responsável da Michael Page, “são necessários profissionais que procurem formular, avaliar e dar seguimento a projectos de pesquisa e desenvolvimento colaborativo em engenharia”, ou seja, “perfis cada vez mais híbridos, acrescentando à vertente mais técnica as capacidades de gestão e habilidade para a gestão do cliente”. A análise levada a cabo pela empresa revela que, entre os requisitos mínimos que o candidato deve apresentar, destacam-se a licenciatura em Engenharia ou a formação profissional de grau superior. Por outro lado, o candidato deverá também apresentar “uma experiência mínima de cinco anos, sendo que, cada vez mais, as empresas procuram perfis muito específicos, especializados”. “O mercado continua a procurar profissionais com formação de base em Engenharia, mas que já tenham desenvolvido as suas componentes de gestão através de pós-graduações ou MBA”, revela João Nunes, acrescentando que, “no sector da construção, o mercado absorve facilmente candidatos com elevada experiência em obras de arte especiais, com conhecimentos de francês e/ou inglês e com mobilidade geográfica”.
…e aprendam idiomas estrangeiros
A globalização do mercado leva a que, cada vez mais, as empresas de engenharia realizem obras no mercado externo, sendo altamente valorizado o conhecimento de línguas estrangeiras. Neste campo, um bom nível de inglês é “altamente valorizado”, uma vez que se trata da língua universal. A média dos candidatos com perfil técnico tem um nível de inglês médio e, em casos excepcionais, alto, coincidindo com algum outro idioma. A língua francesa assume também um papel relevante, uma vez que as empresas de engenharias portuguesas têm uma presença crescente nos países do Magreb, que representam diversas oportunidades de negócio na área das infra-estruturas.
Salários não acompanham
O aumento sustentado no volume de processos na divisão de Engineering & Property da Michael Page não impediu que, durante este ano, os salários tenham decrescido, “sobretudo nos perfis júnior”. O enfraquecimento da indústria tornou a contratação de pessoal mais específica e complexa. João Nunes explica que os clientes da empresa que representa “têm necessidades cada vez mais específicas” e procuram “perfis que não são fáceis de encontrar no mercado por serem muito especializados”. Contudo, o facto da Michael Page contar com consultores com “bastante experiência e conhecimento de cada sector”, faz com a resposta dos seus profissionais seja “rápida e eficiente”.
A vantagem de falar português
Embora a dimensão do mercado nacional seja pequena, comparativamente a diversos mercados estrangeiros, a engenharia civil que se pratica neste País tem, de acordo com os vários engenheiros com quem, ao longo da sua actividade, o Construir tem vindo a colaborar, argumentos bastante coesos para vingar no campo internacional. A presença das empresas nacionais em países de todo o mundo é prova disso. Por sua vez, à relevante experiência patente na engenharia nacional, poderá juntar-se o próprio idioma português. Falado por cerca de 204 milhões de pessoas no globo, o português é a língua oficial de dois dos mercados em maior crescimento na actualidade: Brasil e Angola. Se, por um lado, a necessidade de edificação de infra-estruturas poderá ser um importante motor para a presença de empresas portuguesas nestes países, também a partilha de um idioma comum poderá consistir numa vantagem para os engenheiros portugueses e lusófonos, no âmbito da formação, porque nem só nas infra-estruturas residem as oportunidades de negócio na engenharia civil nacional.