Garcia Garcia aposta na certificação BREEAM para novos edifícios
Sustentabilidade, eficiência energética e ambiente são palavras que entraram em definitivo no léxico da Construção. O sector assume a necessidade de reduzir a sua pegada ecológica e neste contexto a certificação BREEAM New Construction assume protagonismo
Manuela Sousa Guerreiro
Investimento imobiliário 3º trimestre de 2024 inicia retoma de performance
Lisboa recebe fórum europeu sobre eficiência energética em edifícios
CMM promove seminário “Portugal Steel” na Concreta
Recuo do IVA a 6% na construção para habitação
Espanhola ARC Homes tem plano de investimento de 180 M€
“Um futuro sustentável para a Construção” domina programação da 31ªConcreta
Casa cheia para a 31ª edição da Concreta
Signify ‘ilumina’ estádio do Sporting Clube de Portugal
Savills comercializa 2.685 hectares de floresta sustentável em Portugal e Espanha
Tecnológica Milestone com 36% de mulheres nas áreas STEM supera média nacional
Uma revolução verde está a chegar à construção, influenciada pelas novas metas europeias impostas pelo Green Deal e impulsionada pelos apoios públicos que surgiram na sua sequência. Sustentabilidade, eficiência energética e ambiente entraram em definitivo no léxico do sector, incentivando a afirmação de ferramentas que ajudam a determinar o grau de sustentabilidade de uma construção. A par dos obrigatórios certificados energéticos existem outros, mais complexos, que vão além da avaliação do desempenho energético e avaliam as diferentes dimensões, ambiental, social e económica, do projecto visando uma construção (mais) sustentável.
É aqui que surge a certificação BREEAM New Construction. O BREEAM foi o primeiro sistema de avaliação da sustentabilidade na construção a oferecer um selo ambiental para edifícios, flexível o suficiente para ser aplicável a qualquer tipo de construção. Este sistema é actualmente um dos sistemas de maior renome, sendo amplamente difundido internacionalmente, contando com mais de meio milhão de edifícios certificados, em mais de 50 países diferentes, incluindo Portugal. O país não foge à tendência e a procura tem vindo a crescer.
Disponíveis para soluções
“É notório que os nossos clientes, sejam eles do sector residencial, serviços ou industrial, estão mais disponíveis para soluções que minimizem o impacto ambiental e maximizem a eficiência energética. Sentimos que existe uma preocupação genuína dos investidores com estas questões que, até recentemente, eram consideradas como menores. Os clientes estão mais conscientes e mais exigentes, procurando que os seus projectos incorporem soluções mais sustentáveis”, explica a Garcia Garcia. À construtora portuguesa chega um número crescente de pedidos de desenvolvimento de projectos de certificação em construção nova que abrangem tanto unidades industriais e logísticas como edifícios de habitação.
“Tradicionalmente os sectores dos serviços e do hospitality eram os mais sensíveis a estas questões. Contudo, nos últimos anos, também em áreas como a indústria e a logística, é por demais evidente a importância que a certificação ambiental tem ganho”.
O processo de certificação começa a desenhar-se desde o primeiro momento, uma vez que toda a concepção tem de ter subjacente a linha orientadora da sustentabilidade e da eficiência. “A certificação BREEAM acompanha o edifício desde a fase de projecto, até ao seu fim de vida. Este processo mantém o foco na sustentabilidade, desde o primeiro até ao último dia de vida do edifício, um “life cycle integral”, explica a construtora.
É na concepção que se definem questões como as soluções construtivas ou os materiais a utilizar, que terão um impacto crítico no ciclo de vida do edifício e, consequentemente, na obtenção da certificação.
“Existem diferentes tipos de BREEAM, consoante a tipologia do edifício, os trabalhos a realizar, a sua utilização final e até o país onde se irá construir o edifício. O BREEAM que a Garcia tem trabalhado é o BREEAM International New Construction. Este abrange novos edifícios e tem como principal objectivo mitigar os impactos do ciclo de vida do edifício no meio ambiente, de forma racional e eficiente”.
Esta certificação pode ser utilizada na construção de qualquer edifício, qualquer que seja a sua finalidade “residenciais, comerciais, industriais, ensino, lares, hotéis, entre outros edifícios de serviços”. O certificado final, emitido na pós-construção, poderá ter a classificação de Unclassified, Pass, Good, Very Good, Excellent ou Outstanding. Os parâmetros que são avaliados num processo de certificação são o Management (manutenção), Health and Wellbeing (saúde e bem-estar), Hazards (perigos), Energy (energia), Transport (transporte), Water (água), Materials (materiais), Waste (lixo), Land Use and Ecology (ecologia e uso do solo), Pollution (poluição) e Innovation (inovação). O somatório destas categorias resultará na classificação final que o edifício terá.
Impacto na escolha dos materiais e matérias primas
A opção pela certificação vai ter um impacto também na escolha dos materiais a utilizar no projecto, sendo que a certificação dos mesmos por entidades independentes é um facilitador do processo. “O BREEAM analisa os materiais utilizados no projecto, com o objectivo de garantir que estes estão incluídos no esforço de redução da pegada ecológica. Assim, verifica-se a origem das matérias-primas, os métodos de fabrico, transporte e distribuição, aplicação, manutenção e período de vida útil, entre outros.
Em função da exigência desta análise, uma certificação prévia do material simplifica o processo, pois atesta os parâmetros necessários. Como tal, não existindo uma obrigatoriedade da certificação de todos os materiais, não há dúvidas que a maior ou menor quantidade de materiais certificados irá influenciar na classificação final”, assegura a Garcia Garcia.
Já existem, em Portugal, fornecedores que apresentam materiais/sistemas com declarações ambientais que vão ao encontro do que é pedido nestes processos. Em consequência, é possível verificar o crescimento de produtos nacionais certificados, fruto da sensibilização das empresas não só para o BREEAM como para outros referenciais.
“A Garcia também tem feito um trabalho de sensibilização junto dos fornecedores e alguns têm respondido positivamente ao desafio. Contudo, as certificações ambientais ainda são relativamente recentes no nosso país, razão pela qual alguns fornecedores nacionais ainda não oferecem esse certificado”, adianta a construtora.
Impacto nos custos iniciais com retorno a prazo
Para o investidor a opção de certificar um imóvel vai ter impacto nos processos construtivos, na escolha dos materiais e soluções a utilizar, com o consequente impacto no aumento do custo do investimento. “Nos processos BREEAM, é feito o assessment do custo/benefício e a nossa experiência diz-nos que compensa. É possível o cliente final antever o impacto que o BREEAM poderá ter no seu futuro edifício. No Reino Unido, de onde o BREEAM é originário e está largamente implementado, existe bibliografia extensa sobre a temática e com indicação das vantagens e do retorno”, assegura a construtora.
Para além das vantagens facilmente percepcionáveis, designadamente as relacionadas com a eficiência energética, a sustentabilidade, a diminuição da pegada ambiental do edifício e a redução dos custos de exploração do edifício, existem outros benefícios para os investidores.
“Uma certificação BREEAM é sinónimo de valorização dos imóveis pois assegura que no projecto de construção nada foi deixado ao acaso. Com esta certificação os proprietários beneficiam do aumento do valor do imóvel (incremento no balanço) ou de um potencial valor de renda superior no caso de activos de investimentos”.
Paralelamente, “os investidores institucionais asseguram o reforço da sua responsabilidade ambiental e social corporativa, com benefícios visíveis ao nível da gestão dos seus stakeholders e da imagem institucional”, refere.