Vendas em Resorts sobem 30%
Com o processo do Brexit consolidado e o levantamento progressivo das restrições inerentes à pandemia, o mercado de resorts ganhou novo fôlego no primeiro semestre de 2021
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Com o processo do Brexit consolidado e o levantamento progressivo das restrições inerentes à pandemia, o mercado de resorts ganhou novo fôlego no primeiro semestre de 2021, confirmando a tendência de recuperação visível na segunda metade do ano passado. Assim, e de acordo com o Índice de Preços de Resorts (SIR-Resorts), criado pela Confidencial Imobiliário em parceria com a Associação Portuguesa de Resorts e com o apoio do Turismo de Portugal, o preço da habitação integrada em resorts voltou a crescer, aumentando 2,7% face ao semestre anterior e 8,6% face ao semestre homólogo.
Apesar de Portugal ser um mercado muito exposto à procura britânica, o segmento de resorts acusou o processo do Brexit, com os preços a passarem de uma valorização de 11% para uma queda de 10%. A chegada da pandemia colocou novo travão dos preços, agravando a contracção homóloga para 13% no 1º semestre de 2020. Já na segunda metade desse ano, este mercado voltou a valorizar, observando uma subida homóloga de 5,3%, entretanto confirmada no 1º semestre deste ano.
Esta nova valorização parece ter animado os operadores activos neste mercado, cujos níveis de confiança não só regressaram a patamares pré-Covid como estão mesmo nivelados com os momentos em que o Brexit levantou menor incerteza. O inquérito de confiança Resort Market Survey mostra que as expectativas combinadas quanto à evolução dos preços e das vendas atingiu neste semestre os 46 pontos percentuais (pp, calculados via saldo de respostas extremas), em forte recuperação face aos 21 pp registados no período anterior e apenas superado pelos 55 pp registados há três anos, em 2018.
“O mercado parece ter ganho confiança e acreditar na possibilidade de valorização. O mesmo se passa quanto à evolução das vendas, cujas expectativas estão agora em níveis bastante robustos, quando há um ano imperava o sentimento de que os preços iriam descer e a confiança de que as vendas iam crescer era bastante ténue”, sublinhou Pedro Fontaínhas, Director Executivo da Associação Portuguesa de Resorts (APR).
Eixo Albufeira-Loulé mantém oferta acima dos 5.000€/m2
A habitação em resort apresentou, no 1º semestre de 2021, um valor médio de oferta de 4.442€/m2, atingindo os 8.058€/m2 na gama mais elevada do mercado. Estes valores reflectem, sobretudo, o nível de preços no principal mercado de resorts, nomeadamente o eixo Albufeira-Loulé, onde se regista um valor médio de 5.266€/m2, que atinge os 9.274€/m2 na gama alta.
Em termos médios, no 1º semestre, nesta região o valor pedido fica 30% a 60% acima da oferta registada em qualquer um dos outros três destinos de resorts delimitados no SIR-Resorts. O maior contraste (+58%) é com a região do Barlavento do Algarve. O menor diferencial é observado face à Costa Atlântica, onde os valores médios atingiram os 4.093€/m2 nos primeiros seis meses do ano.
Britânicos perdem quota para novas nacionalidades de compradores
Os compradores oriundos do Reino Unido continuam a ser a principal fonte de procura internacional para os resorts no eixo Albufeira-Loulé, com uma quota de 44% das aquisições por estrangeiros no 1º semestre do ano, mas perderam expressão face ao semestre anterior, quando concentravam 56% das compras.
Por um lado, observou-se uma diluição da quota por um maior número de nacionalidades activas na compra deste tipo de habitação na referida localização (11 versus 9 no 2º semestre do ano passado), evidenciando-se a entrada dos compradores russos no mercado, que passaram a agregar 4% das vendas internacionais. Por outro lado, verificou-se um maior dinamismo de mercados já presentes, como o mercado francês, que passou de uma quota de 2% para 8% das compras pelos estrangeiros, e o mercado dos Países Baixos, de 10% para 15%.
Aumenta o volume de vendas em resorts
No primeiro semestre de 2021, as vendas de habitação em resort aumentaram mais de 30% face ao semestre anterior no total do mercado nacional, uma tendência que foi transversal a todas as regiões, mas que foi especialmente sentida no eixo de Albufeira-Loulé, mercado que agregou 45% das transacções registadas no SIR-Resorts. O preço médio de venda deste tipo de habitação atingiu os 3.928€/m2, superando os 4.450€/m2 no já referido eixo Albufeira-Loulé.
É o que constata João Richard Costa, diretor comercial e de marketing do Ombria Resort, no Barrocal Algarvio quando dia que “as vendas das Viceroy Residences (as Branded Residences do Ombria Resort) estão a superar as nossas expectativas. A actual conjuntura veio criar dificuldades em viajar por parte dos potenciais compradores e investidores imobiliários, que assim deixaram de poder visitar os imóveis antes de tomar as suas decisões de compra. No entanto, estes são apartamentos que conjugam a utilização por parte dos seus proprietários com uma componente de retorno de investimento. Isto, aliado às ferramentas digitais que criámos para as visitas virtuais dos apartamentos tornou possível que cerca de 70% dos compradores tenha decidido comprar remotamente, ou seja, sem visitar. Os principais factores de sucesso das vendas têm sido a nossa localização no interior do Algarve e a aposta na criação de um empreendimento cujo foco é a sustentabilidade e a protecção do meio ambiente. Talvez em parte devido à pandemia, temos constatado uma crescente procura por imóveis com grandes áreas e fácil acesso a espaços verdes ou com uma estreita ligação à natureza que os rodeia, que é o caso no Ombria Resort.”
O mesmo afirma Pedro Rebelo Pinto, de West Cliffs, na Costa de Prata, que afirma notar-se “alguma pressão da procura por parte de clientes do Norte da Europa, sobretudo por produto acabado, pronto a habitar ou a desfrutar em parte do ano”.
Por sua vez, Cristina Santos, da Engel & Völkers de Albufeira, sublinha que “o Algarve mantem uma procura positiva, embora, devido aos constrangimentos das viagens, verificou-se uma desaceleração o que contribuiu para uma estabilidade nos preços de mercado. Espera-se, contudo, que devido ao progressivo levantamento das restrições e mantendo-se a procura pelo Algarve os preços tenderão a apresentar uma ligeira subida”.
Na zona da Comporta “os períodos de confinamento motivaram uma procura pelos destinos rurais e com pouca densidade populacional e de construção, onde as pessoas se sentem mais seguras e livres. O destino Comporta, ao conjugar esses e outros atributos (como praia e “proximidade” a Lisboa”) tem sido um destino que tem percepcionado um aumento da procura e, como consequência, dos preços”, revela Isabel Duarte, da Herdade da Comporta – Actividades Agro Silvícolas e Turísticas, S.A
O diretor Executivo da APR reforça ainda que “a expectativa até ao final do ano é muito positiva, o que apenas confirma a qualidade da oferta e a abundância da procura neste segmento do imobiliário residencial.”