CONSTRUIR
BOMO Arquitectos assinam reconversão de casa rural em Silves (c/ galeria de imagens)
O expectável aumento do volume de investimento na hotelaria europeia
Roca apresenta “Sparking Change” na Fuorisalone
Habitação: Câmara de Lagos aprova investimento de 9,4M€ na compra de terrenos
Vila Galé inaugura hotéis na Figueira da Foz e Isla Canela
Prémio Nacional do Imobiliário 2024 distingue empreendimentos do sector
DS Private reforça rede
Salto Studio ganha concurso para antiga Colónia Balnear da Areia Branca
Município de Esposende investe 3,6M€ na construção de residência de estudantes
Weber lança novo acabamento para fachadas
A Corticeira Amorim associou-se à iniciativa Porto Design Biennale. A parceria traduz-se na cedência de material que resulta das práticas de economia circular, uma política implementada na empresa portuguesa desde a década de sessenta. Promovida pelos municípios do Porto e de Matosinhos, a Porto Design Biennale 2021, sob o tema “Alter-Realidades: Desenhar o Presente”, inclui mostras, exposições, conferências, workshops e publicações.
Diferentes conjugações de cortiça com componentes como borracha reciclada, EVA reciclada e Pu reciclada foram as escolhas dos responsáveis pelo desenho expositivo da segunda edição da Porto Design Biennale. Os materiais não cortiça são provenientes de excedentes das indústrias automóvel, calçado e pneu. O material cortiça, esse, provém dos subprodutos gerados durante o processo produtivo das rolhas de cortiça ou, então, da cortiça que não reúne as características adequadas para a sua produção.
O resultado é uma instalação constituída por 104 tubos que funciona como antecâmara do Museu da Matéria Viva, a exposição matriz da Porto Design Biennale 2021. A ideia desde o princípio era construir um playground com vida própria que convidasse os visitantes a imergirem na mostra. Um anfiteatro onde as pessoas sentissem desde logo o apelo dos materiais locais, sejam eles biológicos, técnicos ou híbridos, harmonizando-se com eles de forma a poderem cuidar melhor uns dos outros, de outros seres vivos, do solo, da água e dos elementos geológicos.
Ora, “como poderíamos desenhar o presente e esta exposição sem incluir a maior referência portuguesa no campo da sustentabilidade? Neste Museu, o da Matéria Viva, a Amorim vive e dá vida. Desafiou-nos criativamente e desafiará certamente o público que a visita”, sustentam Miguel Flor e Cristina Hora, os criativos da instalação. Dupla que também utilizou painéis de cortiça, impressos através de serigrafia, para materializar todo o projecto de comunicação da exposição do Museu da Matéria Viva. Bancos e mesas forrados com cortiça são os outros objectos da mostra que usam a matéria-prima genuinamente portuguesa.
“Uma das principais estratégias, e ao mesmo tempo desafios, da Corticeira Amorim é precisamente a valorização da sua matéria-prima”, afirma Cristina Rios de Amorim. “Sob o mote nada se perde, tudo é valorizado, desde 1963 que a Corticeira Amorim desenvolve um esforço contínuo para optimizar o uso da cortiça e maximizar o valor de toda esta valiosa matéria-prima. Todos os subprodutos gerados no processo produtivo são incorporados noutras aplicações de elevado valor acrescentado. Mesmo a parte que não é passível de ser incorporada em novos produtos é valorizada como fonte de energia, a biomassa, considerada neutra em matéria de emissões de CO2.”
Mas a responsabilidade por esta “matéria viva”, a cortiça, vai muito além. Estende-se, por exemplo, ao apoio de várias iniciativas de recolha e reciclagem de cortiça nos cinco continentes e, embora nenhuma árvore seja cortada para a produção de cortiça, alguns destes programas, em particular o Green Cork em Portugal, contribuem para a reflorestação com árvores autóctones, incluindo sobreiros. Em 2020, a cortiça foi aproveitada a 100% no processo de produção, mais de 80% dos materiais consumidos pela Corticeira Amorim são renováveis (mais de 85% se também forem considerados os produtos reciclados), 90% de todos os resíduos não cortiça foram enviados para valorização, 66% da energia utilizada teve como fonte a biomassa (essencialmente pó de cortiça), e 736 toneladas de cortiça foram recicladas no fim de vida. Desde 2008, as receitas dos programas de reciclagem de cortiça permitiram plantar mais de 1 200 000 árvores autóctones em Portugal através do programa Floresta Comum da Quercus.
Organizada pela esad–idea, Investigação em Design e Arte e promovida pelos municípios de Porto e Matosinhos, a Porto Design Biennale visa promover o Design português em diálogo com o contexto global, assumindo a importância da disciplina na produção de cultura e conhecimento crítico e na resposta às questões mais prementes da contemporaneidade. A Porto Design Biennale, que teve a sua primeira edição em 2019, procura fomentar o Design enquanto idioma comum de reflexão, questionamento e partilha num contexto global de intensa incerteza e acelerada mudança. O conjunto de exposições, conferências, workshops e publicações que enformam a Porto Design Biennale, ainda que concentrados num período limitado de programação intensiva, ambicionam deixar um lastro contínuo de discussão e pensamento sobre o Design enquanto disciplina contemporânea de iminente protagonismo e responsabilidade na vida colectiva e na sobrevivência ambiental. A edição da Porto Design Biennale 2021, sob o tema Alter-Realidades: Desenhar o Presente, tem curadoria de Alastair Fuad-Luke.