“Construir para arrendar: mais do que uma tendência, é uma necessidade”
Conclusão foi apresentada pela Savills na Semana de Reabilitação Urbana em que esteve em destaque o Built to Rent e o mercado do arrendamento
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O mercado do arrendamento em Portugal está a crescer, fruto de novos padrões de consumo e da emergência de uma multiplicidade de preferências manifestadas pelas gerações mais novas quando entram no mercado de habitação. No que diz respeito a esta transformação do mercado habitacional, Paulo Silva, head of Country da Savills Portugal, considera que “Portugal se situa a meio da tabela dos países europeus em termos da percentagem de proprietários de residências comparativamente àqueles que as arrendam, ou seja, 73,9% e 26,1%, respectivamente. Em países como a Suíça, Alemanha e Áustria, estas percentagens denotam um maior equilíbrio, com um rácio de quase 1:1”
Paulo Silva, que marcou presença no arranque da VIII Semana da Reabilitação Urbana, em Lisboa, com a temática do mercado de arrendamento e do paradigma emergente do Built-to-Rent, Construir para Arrendar, considerou, ainda, que “uma mudança na realidade portuguesa pode estar para breve”. “O mercado de arrendamento apresenta-se como uma opção mais apelativa do que a compra – em muitos casos é mesmo a única opção viável para muitos jovens que procuram sair de casa dos pais e também para famílias com dificuldades no acesso a crédito bancário”, reforçou.
Apesar de ser uma tendência que já se começa a notar, a oferta apresentada pelo mercado de arrendamento em Portugal ainda não consegue dar resposta à procura. No entanto, o Estado, seja a nível nacional ou autárquico, tem procurado implementar programas que permitam colmatar a diferença entre a procura e a oferta, designadamente através de medidas que dispensam investimentos iniciais nos terrenos de construção e licenças de construção e que apresentam benefícios fiscais. Para os próximos quatro anos, está prevista a construção de cerca de 7.500 fogos, sendo que mais de 70% do investimento será de iniciativa pública.
O mercado do arrendamento e o Built to Rent foi, também, o tema da mesa-redonda que reuniu, no primeiro dia da Semana de Reabilitação Urbana, representantes de vários segmentos da indústria imobiliária. Com moderação de Patrícia Liz, CEO da Savills Portugal, e presença de João Pita, vice-president da RoundHill Capital, Ricardo Kendall, CEO da Smart Studios, Tiago Eiró, CEO da Eastbanc Portugal, Iolanda Gávea, membro da direcção da ALP e Ricardo Guimarães, director da Confidencial Imobiliário, foi unânime de que “o Built-to-Rent não é uma moda, é mesmo uma necessidade”.
Os representantes apelaram a um maior diálogo entre o Estado e a indústria imobiliária, de forma que o processo legislativo possa acompanhar as necessidades deste mercado, e não actuar como um obstáculo ao crescimento da competitividade. Foi apontado que, para que seja possível alcançar níveis mais elevados de captação de investimento estrangeiro, há que fazer mudanças, como, por exemplo, encurtar os prazos de aprovação de licenças, cuja longa demora, comparativamente ao que se observa noutros países, obstaculiza o desenvolvimento do mercado de arrendamento em Portugal.
Também o segmento do alojamento local mudou durante o período pandémico, já que as restrições às viagens internacionais e a estagnação da actividade turística levou a que muitos alojamentos locais colocassem os seus activos imobiliários à disposição do arrendamento de médio a longo prazo.