Pedro Lancastre, director geral JLL
2021 “será um bom ano para o sector” mas alguns sectores terão que se reinventar
Dados mais recentes da JLL indicam que o investimento comercial atingirá em 2020 os 2,6 MM€ e em habitação 24 MM€
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Apesar da crise pandémica provocada pelo Covid-19, o sector imobiliário português mostrou ser “bastante resiliente”. A par do comportamento de estabilidade dos preços e das rendas na maioria dos segmentos, o mercado manteve um volume de transacções elevado, estimando-se 2,6 mil milhões de euros investidos em imobiliário comercial* e outros 24 mil milhões de euros em compra de habitação. “Em ambos os casos, trata-se do terceiro melhor ano de sempre do mercado”, segundo os dados mais recentes da JLL. Recorde-se que em 2019 foram transaccionados 3,240 mil milhões de euros em imobiliário comercial e 25,1 mil milhões de euros em residencial; e em 2018 foram transacionados 3,356 mil milhões de euros em imobiliário comercial e 24,1 mil milhões de euros em residencial.
De acordo com Pedro Lancastre, o mercado de investimento imobiliário, quer na vertente de aquisição para rendimento quer na vertente de promoção/desenvolvimento, vai continuar muito dinâmico em 2021. “Existe muita liquidez no mercado e, além dos investidores tradicionalmente interessados em imobiliário, as baixas taxas de juro vão direccionar novo capital para este segmento. Ao mesmo tempo, o mercado português mantém os seus factores distintivos de atractividade. Temos um imobiliário muito bem cotado, com um bom potencial de valorização e oportunidades muito interessantes em setores que noutros países já estão aquecidos, mas que aqui estão a dar os primeiros passos”, explica.
Na sua perspectiva, “Portugal, com as características que tem, pode atrair cada vez mais talento, e, por conseguinte, mais empresas a instalarem-se por cá em vez de noutros países europeus, podendo ainda ser um hub importante para muitas pessoas que passarão a trabalhar de casa ou a estar em teletrabalho”. Por outro lado, na habitação, a par dos usos tradicionais “estão a emergir projectos para novas ocupações como as residências seniores ou de estudantes, onde o arrendamento é o segmento alvo de investimento institucional”, sublinha o responsável, acrescentando: “outros sectores como os escritórios e o retalho, especialmente, estão num momento de grande transformação, tendo de lidar com a dualidade conveniência/experiência. Este tipo de imóveis terá de se reinventar, garantindo muito mais do que a conveniência aos seus utilizadores. O espaço físico será um elemento chave para proporcionar uma experiência às pessoas, quer sejam consumidores ou colaboradores de uma empresa. Isso terá um grande impacto na forma como conhecemos os escritórios e as lojas atualmente”.
O director geral da JLL acredita que “2021 deverá ser outro bom ano para o sector imobiliário nacional e que Portugal sai bem posicionado da pandemia face a outros congéneres europeus, mantendo, além disso, os seus atractivos intactos”. Ressalva, contudo, que “o sector continua a ter de lidar com desafios estruturais que existiam antes da pandemia. Entre eles, resolver os atrasos nos processos de licenciamento e rever a estratégia para os Vistos Gold, que podem voltar a ser um catalisador importante para a retoma económica do país”. Isto porque, “manter as alterações recentemente anunciadas pelo governo a este regime é uma ameaça para o sector imobiliário, pois o investimento canalizado para o interior do país através deste veículo será sempre muito residual. Vai sim representar perda de investimento, uma vez que a esmagadora maioria dos investidores quer investir nas grandes cidades. A isso ainda acresce a perda de receita de taxas e impostos para o Estado associados aos Vistos Gold”. “Temos de dar condições de estabilidade e atractividade para que o capital estrangeiro continue a vir para o nosso imobiliário, por um lado, e para que os operadores já presentes no mercado continuem a investir em novos projetos, por outro. Isso são condições essenciais para a retoma pós-pandemia”, termina.