Segunda vaga de Covid afecta confiança do mercado residencial
A segunda vaga de Covid parece estar a afectar negativamente a confiança dos operadores do mercado habitacional, os quais apresentam agora expetativas mais negativas quanto à evolução do mercado nos próximos três meses.
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A segunda vaga de Covid parece estar a afectar negativamente a confiança dos operadores do mercado habitacional, os quais apresentam agora expetativas mais negativas quanto à evolução do mercado nos próximos três meses, num cenário em que a economia continua a lutar com os desafios colocados pela pandemia. Esta é a principal conclusão do Portuguese Housing Market Survey (PHMS) de outubro, um inquérito de sentimento realizado mensalmente pela Confidencial Imobiliário (Ci) e pelo RICS.
De acordo com o PHMS de Outubro, as expectativas dominantes entres os operadores apontam para uma maior pressão sobre as vendas e sobre os preços nos próximos três meses. Um saldo líquido de -29% dos inquiridos aponta para uma queda das vendas no curto-prazo, enquanto no caso dos preços o saldo líquido de participantes a antever uma descida até final do ano é de -36%.
Além disso, também o índice geral de confiança (uma medida combinada entre as expetativas de curto-prazo relativas às vendas e aos preços) recuou para -32 em outubro, abaixo dos -18 de setembro. Sendo esta a leitura mais fraca desde Abril, é também um sinal significativo de que a segunda vaga da pandemia afectou a confiança.
“A segunda vaga de Covid não é surpresa, especialmente quando estamos no período de Outono-Inverno. Ainda assim, não se esperava que atingisse tal dimensão, excedendo largamente os casos reportados em Março e Abril. Agora, toda a gente espera o pior, com um novo confinamento, mesmo que não tão amplo como o anterior. Naturalmente, este cenário tem um impacto negativo nas expetativas dos operadores de mercado, especialmente no curto-prazo, com reflexos quer no mercado de venda quer no de arrendamento. As consultas por potenciais compradores caíram face a Setembro, mostrando uma retração da procura potencial, o que deverá ter impacto nos negócios a curto-prazo”, explica Ricardo Guimarães, diretor da Confidencial Imobiliário.
Por sua vez, Simon Rubinsohn, Chief Economist do RICS (Royal Institution of Chartered Surveyors), sublinha que também o desempenho da economia está a afectar a confiança do sector. “Apesar dos últimos dados darem conta de uma expansão de 13,3% da economia portuguesa no 3º trimestre, o cenário geral continua a ser de uma economia a desempenhar abaixo do pré-Covid. Infelizmente, as restrições impostas recentemente vão fazer a recuperação da economia retroceder e é provável que o PIB termine em 2020 cerca de 8% abaixo dos níveis de 2019. Consequentemente, o mercado de trabalho deverá manter-se sob pressão nos próximos meses e isto poderá acarretar consequências negativas para a confiança no mercado residencial”, sustenta.
Em relação ao desempenho actual do mercado, em termos de procura, o inquérito de Outubro dá nota de que a consulta por potenciais compradores caiu, com -25% dos inquiridos a reportar uma descida, naquele que é a leitura mais fraca desde abril. Ao mesmo tempo, as novas instruções de venda também continuaram a decrescer, com um saldo líquido de -15% dos inquiridos a notar uma descida em outubro. Paralelamente, um saldo líquido de -17% dos inquiridos citou um declínio das novas vendas acordadas durante o mês (idêntico ao saldo líquido do mês anterior). No que se refere ao preço da habitação, o saldo líquido de -10% permanece inalterado face ao reportado em setembro e é consistente com uma queda muito ligeira nos preços residenciais.
No mercado de arrendamento, a procura por parte dos inquilinos também sofreu uma descida depois de dois meses de subidas. Como resultado, as rendas deverão voltar a descer nos próximos três meses, de acordo com um saldo líquido de -39% dos participantes.