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    Arqº Pedro Ressano Garcia

    Arquitectura

    Pedro Ressano Garcia: “Estamos a viver uma revolução cultural”

    O arquitecto falou ao CONSTRUIR sobre o projecto SOS Climate Waterfront e sobre as transformações sociais que se irão acentuar com a pandemia

    Cidália Lopes

    Arqº Pedro Ressano Garcia

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    Pedro Ressano Garcia: “Estamos a viver uma revolução cultural”

    O arquitecto falou ao CONSTRUIR sobre o projecto SOS Climate Waterfront e sobre as transformações sociais que se irão acentuar com a pandemia

    Cidália Lopes
    Sobre o autor
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    O projecto SOS Climate Waterfront trabalha em simultâneo com cinco cidades europeias e todas com um denominador comum: a proximidade ao Mar e os desafios que enfrentam com as alterações climáticas. Apesar de conscientes destas mudanças, verifica-se que Portugal nem sempre tem tomado as melhores opções estratégicas em termos de projectos junto aos estuários

    Arqº Pedro Ressano Garcia

    Pedro Ressano Garcia, arquitecto, professor e investigador, fala ao CONSTRUIR sobre o projecto europeu onde está envolvido e de que forma Portugal pode apreender com visão de outras cidades costeiras. E ainda as transformações sociais e culturais que se irão acentuar com a pandemia

    O que mudou nas últimas décadas?
    Em várias regiões costeiras do país, tomei conhecimento da maneira como as gerações anteriores construíram em lugares afastados da costa por temerem tempestades e maremotos. Este conhecimento foi sendo sedimentado ao longo dos tempos, transmitido de geração em geração e continha a sabedoria da experiência da comunidade que sabia lidar com a natureza. Quando surgiram grupos que desconhecendo a condição do lugar construíram junto à costa, na cota baixa em lugares vulneráveis iniciaram uma alteração profunda da maneira como lidamos com a linha de costa. O esquecimento ou a ignorância conduziram a grandes alterações a partir da década de 1960, alavancado na de 1970 e tornando mais expressivo nas últimas décadas.

    “Entre os nossos parceiros europeus partilhamos informação sobre experiências urbanas que desenvolvem o quarteirão ideal. É uma solução que conjuga sustentabilidade ambiental e social”

     

    Como será a Costa Portuguesa dentro de algumas décadas?
    A costa portuguesa se seguir a tendência de outros países tenderá para aquilo que o Eric Van Hooydonk escreveu no seu livro soft values e que reúne um consenso junto de outros autores sobre a valorização dos soft edges, ou seja uma linha de costa que não procura betonar e controlar a natureza mas dialogar e negociar com as suas forças. A solução soft edge dá prova de ser mais eficaz, mais resiliente e menos dispendioso. O diálogo e a negociação implica um conhecimento dos parâmetros climáticos e uma previsão das suas alterações. Actualmente regista-se uma maior definição na separação de zonas naturais e artificiais. Nas zonas naturais haverá investimento na sua renaturalização enquanto nas artificiais haverá discussão sobre a sua protecção ou abandono.

    Que erros ainda se cometem actualmente quando falamos de frentes ribeirinhas?
    O conhecimento requer tempo e ponderação, alguns investidores menos esclarecidos, com pressa procuram realizar investimento para obter mais valias rapidamente. Este grupo de investidores inclui públicos e privados, colectivos ou individuais pelo que não há os bons e os maus, apenas os mais esclarecidos e os menos. É fundamental investir na divulgação do conhecimento dos riscos associados a determinadas práticas. Nos últimos anos proliferam as novas construções junto à água, aldeamentos turísticos, habitação colectiva e equipamentos (hospitais, museus, etc.). Em desenvolvimento há novos projectos (aeroporto, condomínios, hotéis, etc.) que perpetuam a cultura do betão e do controle da natureza negligenciando as boas práticas europeias.

    Numa conferência falou que a própria tecnologia hoje em dia permite arriscar em determinados projectos. aquilo a que chamou “arrogância técnica”. Que consequências podem estas escolhas vir a ter no futuro?
    A modernidade valorizou a capacidade da civilização dominar a natureza, a tecnologia garantiu a sua eficácia e contagiou a cultura dominante. Há uma grande percentagem de decisores que acredita na modernidade e na consequente capacidade de controlar a natureza. A partir do século XXI houve uma crescente tendência em vários grupos que questiona essa controle, duvida da sua eficácia e desperta os mais jovens para a fragilidade desse domínio. A percepção que o homem não domina a natureza tem crescido exponencialmente entre os jovens adultos que começam a desconfiar dos mais velhos, na maneira como devoram os recursos naturais, o ritmo a que se perde biodiversidade e o estado em que lhes entregam o planeta.

    Verificamos que os nossos antepassados construíram alguns projectos resilientes na frente ribeirinha utilizando a tecnologia que tinham disponível. Em Lisboa, por exemplo, temos a baixa pombalina, as gares marítimas de Alcântara e da Rocha de Conde d’Óbidos e a central Tejo, já pensou o que tem de comum?

    Todas utilizaram técnicas inteligentes, que têm resistido ao tempo; as fundações dos edifícios da Baixa adoptaram uma tecnologia adaptada às águas subterrâneas, no piso térreo são utilizados materiais resistentes à água, modelo semelhante das gares e da central Tejo. Não existem caves, nem dependem de mecanismos eléctricos para prevenir inundações. Adoptaram soluções técnicas na escolha dos materiais, na geometria e opções de projecto que não dependem de soluções técnicas para controlar eventos naturais. São soluções sábias, adaptadas e resilientes.

    As frentes ribeirinhas são zonas vulneráveis, pelo que os projectos devem ser ligeiros e imprimir uma pegada leve. A leveza influencia a escolha dos materiais, a geometria e a densidade dos projectos. Actualmente, temos tecnologia para proceder a grandes transformações no território ribeirinho, construir em altura e subterrâneos, reconduzir águas, controlar o nível freático, as tempestades e as marés extremas porém as alterações climáticas demonstram que os cálculos são tímidos, os eventos climáticos extremos são mais frequentes e o aumento do ritmo de catástrofes tem sido exponencial nos últimos sete anos. Alguns projectos colocam as comunidades numa situação precária. O ambiente edificado é danificado, não resiste porque não está adaptado. Tem pouca resiliência.

    Plataforma Tejo: projecto propõe terraços ajardinados sobre a linha de comboio, ligando a cidade e o rio, o jardim (junto ao MNAA) e a doca de Alcântara gerando um espaço público contemporâneo e sustentável. Recebeu o Prémio Pancho Guedes de Arquitectura


    Quando se pensa em projectos na frente ribeirinha há fazer um planeamento a vários anos e em várias vertentes. No que diz respeito a projectos urbanísticos e imobiliários que continuam a surgir junto ao rio, seja aqui em Lisboa, seja em qualquer cidade ou vila próxima da zona costeira considera que os mesmos não estão a ser bem acautelados?
    O trabalho que temos vindo a desenvolver com os nossos parceiros europeus reúne experiências de várias realidades culturais e geográficas. Valorizamos soluções implementadas e lançamos ideias e visões a perseguir no futuro. O nosso trabalho não implica denunciar, nem sermos activista, somos investigadores com conhecimento e procuramos divulgá-lo a um público mais alargado para que seja útil às cidades europeias. Procuramos inspirar as próximas gerações. Temos um horizonte temporal distinto dos ciclos eleitorais, pensamos em décadas. Na nossa investigação partimos do pressuposto que ninguém conhece o futuro, para o imaginar relacionamos parâmetros, recolhemos dados e comparamos. O nosso estudo centra-se em cinco cidades europeias, Estocolmo, Gdansk, Tessalónica, Roma e Lisboa, localizadas no Mar Báltico, Mar Egeu, Mar Mediterrâneo e oceano Atlântico cobrimos as várias realidades na Europa.
    Entre os nossos parceiros europeus surgiu alguma perplexidade sobre os edifícios mais recentes na zona de Lisboa, localizados junto ao estuário, onde as opções de projecto negligenciam o conhecimento acumulado pelas boas práticas. Lisboa nos últimos dez anos fez pior que outras cidades. Em Espanha por exemplo, está proibida a implantação de hotéis sobre antigos terrenos portuários desde o início do século XXI. É fácil perceber que qualquer investidor hoteleiro tenha enorme apetência por locais junto à água no centro da cidade. Vale a pena reflectir porque razão Espanha tomou esta opção enquanto Lisboa aprovou a construção em Belém de um novo hotel inaugurado em 2010.

    Na nossa opinião há vários agentes, projectistas, investidores, decisores políticos que optam por dar continuidade ao pensamento dominante do século XX, juntos procuram manter-se numa zona de conforto e num tempo passado onde a natureza não se manifestava de maneira tão expressiva, colocando desafios novos, que exigem a adaptação a novos padrões.

    Ou de que forma este tipo de projectos, pela sua proximidade ao mar, terão que ser diferentes?
    Para os projectos se adaptarem e resistirem às alterações climáticas terá de haver maior definição na caracterização de zonas naturais onde se promove a diversidade e a protecção dos sistemas ecológicos e se combate a perda da biodiversidade das zonas urbanizadas. Nas zonas naturais haverá investimento na sua renaturalização enquanto nas artificiais haverá discussão sobre a sua protecção ou abandono.

    “As soluções para enfrentar as alterações climáticas no século XXI contrariam a hipótese do novo aeroporto do Montijo que persegue uma estratégia desactualizada”

     

    Tendo em conta o trabalho desenvolvimento pela SOS Climate Waterfront que acções têm sido tomadas para minimizar o impacto das alterações climáticas?
    A equipa transdisciplinar internacional reflectiu e procurou conhecer as últimas estratégias implementadas na área metropolitana de Lisboa. Em traços gerais uma das grandes potencialidades é continuar a descontaminação do estuário, promovendo a biodiversidade, a captação de CO2 e regeneração da qualidade do ar. A protecção das cheias e ampliação das zonas inundáveis é um dos factores determinantes a considerar na ocupação do território.

    As soluções para enfrentar as alterações climáticas no século XXI contrariam a hipótese do novo aeroporto do Montijo que persegue uma estratégia desactualizada. Quando vários agentes estão implicados na redução de emissões CO2, protecção ecológica, redução da pegada e descarbonização esta iniciativa é desajustada do tempo presente.

    Nos próximos anos vamos assistir à expansão de corredores ecológicos existentes, à criação de novas infraestruturas em simbiose com a natureza sobre zonas industriais e da regeneração da natureza em ambientes urbanos.

    De que forma pode a arquitectura contribuir?
    A arquitectura pode actualizar-se. No século XX o gosto dominante valorizou grandes envidraçados, muita luz e espaços rasgados pela transparência com o exterior. No século XXI dominam soluções inteligentes de baixo consumo energético, equilíbrio térmico passivo e materiais ecológicos. As coberturas verdes, terraços ajardinados, fachadas verdes e o revestimento integral de edifícios com isolamento térmico são algumas soluções que deverão ser integradas nos futuros planos municipais e que neste momento enfrentam um bloqueio por parte das instituições responsáveis que se regem por legislação desactualizada. A contemporaneidade assiste a uma nova estética, uma nova sensibilidade para a arquitectura, onde surgem estruturas não lineares, geradoras de sensações de equilíbrio precário, complexo, aleatório, valorizando geometrias sobrepostas e ambientes de mutação flexível.

    “Hsinta Ecological Powerplant”(Taiwan) – Proposta vencedora do prémio de mérito no concurso internacional para a central eléctrica do futuro propondo a coexistência da nova central a gás natural com as energias renováveis, as actividades humanas, da comunidade local, e a protexção ambiental

     

    A pandemia obrigou a uma reflexão, um momento de introspecção”

    Quanto à actual situação que se está a viver de isolamento social devido à pandemia que alterações considera que irá acontecer no panorama da arquitectura?
    As crónicas dos historiadores dão-nos a conhecer que as gerações anteriores enfrentaram situações semelhantes. Pandemias, guerras ou catástrofes naturais levaram ao isolamento social. Não é uma novidade em termos históricos, é novidade apenas para a nossa geração. Qual a diferença entre nós e os nossos antepassados?  Antes de mais, o espaço da habitação era partilhado. As comunidades partilharam o espaço das suas habitações em grupos alargados e em famílias transgeracionais. Os mosteiros e conventos tinham uma percentagem significativa da população, as vilas operárias albergavam grupos com forte sentido de comunidade. O pátio era o espaço exterior usado pelos vizinhos. Refiro vários exemplos para tentar perceber o que mudou nas ultimas décadas.

    No momento presente, regista-se um aumento do número de núcleos menores; cerca de 1/3 dos portugueses não tem filhos, 1/3 tem um filho, 2/3 dos casais separam-se, surgiu a designação de família uniparental sem filhos, as unidades de habitação tem vindo a ajustar-se ao estilo de vida assente no indivíduo.

    Em termos históricos nunca houve tanta gente a viver sozinha. O isolamento é mais sentido no indivíduo do que nos grupos. O isolamento é mais duro num apartamento do prédio do que numa moradia com terreno à volta ou numa habitação voltada para o pátio como em Alfama. O que vai acontecer é sempre distinto do que imaginamos no entanto é provável que cresça o interesse por soluções que permitam ao indivíduo relacionar-se com um grupo mais alargado mantendo as devidas distâncias.

    A pandemia obrigou a uma reflexão, um momento de introspecção. As emissões de CO2 baixaram, o hiperconsumo congelou, o tempo desacelerou. Cada indivíduo reage de maneira diferente quando se olha demoradamente ao espelho. Para muitos o isolamento vem abrir os olhos e relançar prioridades, relativamente à velocidade acelerada e ao consumo desenfreado. Na minha opinião é imprevisível o que vai acontecer porque depende de muitos parâmetros mas colectivamente estamos a viver uma revolução cultural.

    O simples acto de se relacionar com um determinado lugar ou espaço para depois se partir para o desenho está limitado. De que forma poderá, ou não, reflectir-se no projecto?
    As ferramentas digitais permitem a partilha de informação e estabelecer relações independentes do espaço e do tempo. A nossa condição física, relacionada com o espaço e o tempo, tem actualmente um acréscimo, a nossa dimensão digital. É uma condição que está relacionada com o espaço do fluxo e um tempo maleável. Refiro acréscimo porque não se trata de uma substituição mas de uma dimensão complementar. As gerações que cresceram com o digital procuram uma aproximação entre as duas e estão mais interessados em cuidar da sua condição física, alimentação saudável, a prática do desporto e desfrutar das suas relações sociais. A arquitectura sendo a mais material das artes tem um peso imenso. Os edifícios pesam toneladas e a arquitectura é imóvel. A cultura do século XXI valoriza o espaço fluido, flexível, que utiliza materiais leves e mutantes. O projecto deve incluir estas componentes para servir o cliente, o investidor, o utilizador.

    Além das inevitáveis alterações ao nível das relações humanas, as próprias habitações são hoje um desafio pela necessidade de passarem a ser, também, o nosso local de trabalho. Neste sentido, e enquanto arquitecto, pensa numa forma diferente de projectar as nossas casas pós Covid-19?
    Na minha opinião, a pandemia irá proporcionar uma aceleração de transformação da sociedade. As tendências que se tinham vindo a sentir vão aumentar exponencialmente. Colectivamente, as pessoas verificaram que é possível realizar várias iniciativas sem sair de casa. As reuniões online funcionam e muitos serviços permanecem operativos.

    As novas gerações valorizam a utilização da propriedade, dos transportes, dos bens de consumo em vez da sua aquisição e manutenção. A partilha de bens comuns regista um crescimento exponencial, neste sentido os espaços de co-working e habitação comunitária seguem a tendência.

    Neste contexto, a qualidade da oferta continua a ser determinada por mais factores; a localização, o ambiente do bairro, a qualidade dos espaços públicos exteriores, a diversidade da população, etc.

    Entre os nossos parceiros europeus partilhamos informação sobre experiências urbanas que desenvolvem o quarteirão ideal. É uma solução que conjuga sustentabilidade ambiental e social. Faz a sua própria gestão energética, reciclagem de lixos, produção alimentar, tem espaços exteriores de convívio privado e público.

    Vivo no centro histórico da cidade, há vizinhos a desenvolver pequenas hortas, a criar galinhas, a gerar a sua própria energia. Num futuro próximo haverá mais pessoas a produzirem alimentos biológicos, a produzir a sua própria energia e a proceder à troca directa com os vizinhos. A partilha do meio de transporte, de informação online e de produção de energia conduz a uma autonomia relativamente a custos associados com as empresas energéticas e os impostos para o estado. A libertação destes custos se estiver associada a uma crítica ao hiperconsumo permite níveis de liberdade individual absolutamente inovadores. Na minha opinião a arquitectura irá acompanhar esta tendência.

    “(…) a pandemia irá proporcionar uma aceleração de transformação da sociedade. As tendências que se tinham vindo a sentir vão aumentar exponencialmente”

     

    E os espaços de trabalho poderão ser pensados de forma diferente?
    O espaço de trabalho tende a ser o ecrã. O computador pessoal é um instrumento mas a criatividade humana utiliza vários instrumentos para se desenvolver. O trabalho em equipa tem vindo a testar a utilização de vários instrumentos mas a relação entre humanos permanece uma enorme fonte de energia e criação. O espaço e o tempo de trabalho gozam da fluidez do espaço do fluxo e da sua flexibilidade temporal, oferecem a realidade virtual e a realidade aumentada. Nos últimos anos tive a experiência de viajar para os vários continentes, mantendo uma relação profissional continua com os meus clientes. A ligação à internet exibida no ecrã gera uma existência quase omnipresente, liberta do espaço geográfico e do tempo de fuso-horário onde está o corpo. Isto tem aspectos positivos e negativos. A experiência da realidade física e temporal torna-se cada vez mais uma opção e deixa de ser uma condição. Resta a cada indivíduo escolher o que convém à sua própria vida.

    Sobre o autorCidália Lopes

    Cidália Lopes

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    Arquitecto britânico John Pawson assina projecto de 110M€ na Herdade da Palheta

    A propriedade contará com um hotel de 5 estrelas com 60 quartos, 35 villas e 20 casas de campo e contará, também, com um clube de vinhos numa adega centenária. A data de abertura está prevista para 2028

    CONSTRUIR

    O britânico John Pawson foi seleccionado para supervisionar a arquitectura e o design interior da Palheta, um novo empreendimento turístico, localizado na herdade com o mesmo nome, próxima da vila do Redondo e de Évora. O projecto é um dos maiores investimentos de sempre no sector hoteleiro em Portugal e está a ser desenvolvido por Lucas e Philippe Bitencourt, que têm mais de vinte anos de experiência na área da hotelaria e serviços premium.

    Com um investimento estimado em 110 milhões de euros, o empreendimento tem data de abertura prevista para 2028.

    Com mais de 40 anos de actividade na arquitectura, este é o primeiro projecto de John Pawson em Portugal, cujo conceito tem por base a “paisagem natural” e o “património cultural” característicos do local.

    “As formas são a essência da arquitectura, mas nada transcende a primazia do lugar e da atmosfera. A paisagem de Palheta é de uma beleza extraordinária, abrangendo vinhas e montado e azinho, o acidentado contraposto pelo ondulado. Poderia passar uma eternidade aqui, simplesmente a observar a forma como a luz muda, de acordo com a hora do dia e a estação do ano. Estou ansioso por desempenhar o meu papel na criação de um ambiente muito especial, onde as pessoas virão para desfrutar de uma oferta única de tranquilidade, cultura e hospitalidade”, afirma John Pawson.

    A propriedade contará com um hotel de 5 estrelas com 60 quartos, 35 villas e 20 casas de campo e contará, também, com um clube de vinhos numa adega centenária, marca do rico legado enológico da propriedade, cujas vinhas se estendem por 25 hectares.

    Sobre o autorCONSTRUIR

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    Porto: Estudantes de arquitectura paisagista desenham projecto para Largo Tito Fontes

    Propostas devem atender a princípios basilares de sustentabilidade, função, ecologia, estética, integração social, cujas soluções sejam capazes de promover a infiltração de águas pluviais, atenuação de temperaturas de ponta e resiliência climática

    CONSTRUIR

    A Faculdade de Ciências da Universidade do Porto voltou a desafiar os alunos de arquitectura paisagista para pensarem e desenvolverem um projecto para a cidade. Na segunda edição, o “Urban Scape” procura propostas de intervenção para o Largo Tito Fontes, em Santo Ildefonso. A iniciativa, que já foi distinguida com um prémio de inovação pedagógica atribuído pela Universidade do Porto, decorre até Sábado na Porto Innovation Hub.

    Na abertura dos trabalhos, FilipeAraújo, vice-presidente da Câmara do Porto destacou “o profícuo envolvimento da Academia, e em particular da UP, e o amplo número de exemplos de aplicação das suas soluções”.

    Filipe Araújo reforçou, ainda, “a preocupação permanente de ajudar e orientar, também, a Academia a ajustar as suas áreas de investigação à cidade real e à dinâmica entre as várias orgânicas da Câmara do Porto, sempre com o foco no bem-estar do cidadão”.

    Este é um evento destinado a alunos de arquitectura paisagista, que são desafiados a criar, desenvolver e apresentar uma proposta de intervenção num espaço público de pequena e média dimensão, até ao termo do evento.

    As propostas devem atender a princípios basilares de sustentabilidade, função, ecologia, estética, integração social. São, também, desenvolvidas propostas capazes de promover a infiltração de águas pluviais, atenuação de temperaturas de ponta e resiliência climática.

    Ao longo de três dias, os estudantes são organizados em grupos constituídos com elementos de diferentes anos, mimetizando a prática da profissão com projectistas com diferentes níveis de experiência, sob orientação de um tutor. O projecto é desenvolvido com recurso a suportes digitais tridimensionais, em realidade virtual.

    O momento foi, também, aproveitado para lançar o livro que agrega os resultados da primeira edição do “UrbanScape”, que colocou os alunos a redesenhar, em 24 horas, o espaço interior de um dos edifícios da Faculdade de Ciências.

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    Terra Lodge Hotel

    Arquitectura

    A arquitectura consciente e social [c/galeria de imagens]

    Eloisa Ramos e Moreno Castellano são a dupla de arquitectos que forma o atelier Ramos Castellano. É, sobretudo, em Cabo Verde que desenvolvem o seu trabalho que apelidam de “arquitectura consciente”. Uma consciência que vem do local e das suas gentes, das suas necessidades, mas também do seu conhecimento intrínseco e geracional. De projecto em projecto, testam o potencial transformador da arquitectura no espaço e os seus impactos sociais

    Eloisa Ramos nasceu na ilha de Santo Antão e Moreno Castellano é originário da Sardenha. Portugal e Itália serviram de ponto de encontro, para o trabalho e para a vida, numa fase ainda de formação dos dois arquitectos. Cabo Verde é casa e campo de experimentação da sua arquitectura há década e meia. Uma arquitectura “consciente”, do local e do seu impacto nas pessoas. Porque apesar de estabelecerem a sua base na cidade do Mindelo, em São Vicente, podemos encontrar os seus trabalhos noutras ilhas que compõem o arquipélago.

    O que os levou a estabeleceram-se em Cabo Verde?
    Eloisa Ramos (ER): Foi uma coisa quase natural. Estabelecemo-nos primeiro em Itália, onde chegámos a criar um gabinete e a fazer algumas coisas, mas a vida deu voltas e em 2008, ainda antes da crise [económica], decidimos vir para Cabo Verde. Não houve nenhuma razão extraordinária. Terminámos os projectos que tínhamos em curso e depois embarcamos nessa nova aventura que, para mim, era um bocadinho o regresso a casa, embora o Moreno também já conhecesse. Decidimos voltar.

    Moreno Castellano (MC):
    Aqui em Cabo Verde havia espaço para desenvolver arquitectura, ou seja, aqui podemos de deixar uma marca, de fazer algo concreto, de construir fisicamente. Isso aconteceu construímos um museu, por exemplo, algo que teria sido muito difícil de acontecer na Europa. O que era importante para nós era fazer arquitectura e não onde a arquitectura é feita. Agora estamos a reparar que é muito importante onde a arquitectura é feita para o interesse que vão despertar. O Mindelo [onde o atelier tem a sua base] não é uma cidade muito grande, tem 75 mil habitantes e a ilha [São Vicente] é praticamente uma cidade-ilha mas é muito cosmopolita porque sempre foi uma cidade porto, com pessoas de vários lugares, e isto é muito interessante também para o nosso trabalho porque deu-nos a oportunidade de trabalhar com clientes de muitíssimas nacionalidades e ter uma visão mais ampla, apesar de estarmos nesta latitude mais descentralizada.

    Que tipo de projectos têm ocupado o vosso gabinete?
    ER: Temos feito um pouco de tudo ao longo destes quase 20 anos de carreira, desde habitação, hotéis, projectos urbanísticos… museus, um já construído e outro ainda em projecto. Inclusive design de interiores, um pouco por necessidade, que aqui não há assim tanta escolha. Mas em contrapartida há mão de obra artesanal especializada, se é que podemos dizer assim. Fruto das necessidades as pessoas desenvolveram o seu engenho e aqui há gente incrível ao nível da carpintaria, marcenaria, etc. Pessoas com muita sabedoria a nível artesanal.

    Qual é o traço comum dos vossos projectos? É esta ligação com os artesões, com o saber local, é a questão da sustentabilidade, porque nos vossos projectos há muito esta preocupação com a reutilização de materiais?
    MC: Há uma ideologia comum de certa maneira. Nós vemos a arquitectura como uma manifestação da vida, então posso dizer que não há um preconceito, ou seja, os projectos nascem das necessidades e muitas vezes tentamos que a arquitectura contribua para a resolução de problemas da sociedade. Por exemplo, temos um projecto na Cruzinha (Santo Antão), de uns investidores alemães, e o que fizemos foi canalizar e distribuir esse investimento para a sociedade local. Agora como se manifesta isso na arquitectura? Nas escolhas e decisões que fazemos. Em vez de usar o material importado, por exemplo, utilizamos o material local, em vez de utilizar técnicas que ocupam poucos trabalhadores, usamos as que precisam de mais mão de obra. Há aqui múltiplos aspectos e nenhum projecto é igual a outro ou tem as mesmas soluções. Portanto, o que tentamos fazer através do projecto é contribuir para o bem-estar e para a felicidade da comunidade onde o projecto está a ser desenvolvido.
    Até hoje, isto sempre funcionou de uma forma quase espontânea, biológica, porque onde escolhemos colocar os projectos, a comunidade floresceu. A instalação do hotel em São Pedro (Aquiles EcoHotel), por exemplo, fez com que a comunidade mudasse. A Mudança veio com a luz eléctrica, com a pavimentação das ruas, os pescadores, que até aí se dedicavam só à pesca tradicional passaram a realizar passeios com os turistas. Mas nada disto foi propositado.

    “Tentamos que a nossa arquitectura vá mais fundo, vá tocar a emoção das pessoas”

    Mas houve uma primeira decisão de investir. Um promotor?
    ER: Inclusive até muita gente dizia que era de loucos porque quem imaginava um hotel mesmo no meio daquela comunidade piscatória? Mas este hotel gerou uma energia muito forte e acabou por agregar valor acrescentado à comunidade, que como o Moreno estava a dizer aconteceram várias coisas boas e a comunidade mudou para melhor

    MC: O objectivo primeiro de um investidor é o proveito, mas é preciso fazê-lo compreender que o seu proveito pode ser maior com algumas mudanças.

    ER: Com respeito à tua pergunta anterior, eu diria que o traço comum na nossa prática é que tentamos sempre fazer uma arquitectura consciente, completamente inserida onde ela está a ser feita. Uma arquitectura que põe o homem no centro, o homem utilizador, o cliente utilizador final, aquele que vai desfrutar do espaço, no centro da atenção
    E o nosso traço comum digamos assim gira a volta disso. Tentamos fazer essa arquitectura consciente, em harmonia com o ambiente onde está inserida e isso tem funcionado, porque as pessoas não vêem esta nova adição como uma coisa estranha. O hotel Aquiles ou o Centro Nacional de Artes, Artesanato e Design, podiam ser algo muito estranho ou criar uma certa apatia, mas foram muito bem aceites. Tentamos que a nossa arquitectura vá mais fundo, vá tocar a emoção das pessoas. Claro que nunca vai satisfazer a todos no mesmo sentido, mas pelo menos tentamos.

    Foi o que fizeram na Cruzinha, em Santo Antão?
    MC: O projecto da Cruzinha está em desenvolvimento há sensivelmente oito anos. Está localizado numa grande extensão de terreno, quase que todo uma encosta da montanha, e começou por ser um projecto imobiliário e depois passou a incluir um hotel. Os investidores são alemães. Mas o que é que acontece quando vem um investidor de fora e
    compra uma grande extensão de terreno, para não criar logo uma fricção com o território, com a população, com o lugar, tem de dar algo em troca daquilo que vai receber. Então criamos terraços na encosta que permitissem o cultivo de produtos, então esta decisão que não é do foro da arquitectura, no fim é muitíssimo arquitectónica.

    ER: Porque Cabo Verde não tem muitas zonas agrícolas não queríamos que o hotel criasse um déficit de recursos. Então pensámos, porque não ser o hotel a produzir e se calhar a criar excedente que pode ser inserido no mercado? Com isto estamos a minimizar essa insatisfação que às vezes vem do ‘turismo explorador’.

    MC: Propusemos um sistema alternativo a este fenómeno e em troca fomos empregando a mão de obra local na construção de hotel, formando artesões em sistemas construtivos locais, utilizando os recursos locais na construção e com isto vemos a comunidade a ganhar força e a sentirem-se valorizados.

    Isso acontece em todos os vossos projectos?
    MC: Num outro projecto em que estamos a trabalhar, optamos quase por não ter soluções pré-concebidas. Tentamos formar uma estrutura e os artesões que participam vão acrescentando algo. Como se um projecto de arquitectura fosse uma música jazz…

    ER: Ainda é algo muito experimental. Existe um projecto que é seguido, mas ao invés de forçar soluções, adaptamos e absorvemos com naturalidade as soluções que vão surgindo.

    “Estamos totalmente convencidos que a Arquitectura é fruto de seres humanos, não é o resultado de posições geográficas”

    Apesar destes vários intervenientes locais, os projectos são só concebidos pela Eloisa e pelo Moreno? Como é que gerem todo o processo?
    ER: No momento da concepção somos só nós, mas depois temos outros intervenientes ao nível da finalização do projecto, apenas. Cada um de nós tem uma personalidade muito vincada, mas há sempre um respeito mútuo. E quando um está a ir por um caminho ou a optar por soluções não tão convenientes, então o outro acrescenta algo, a bem do projecto que neste processo ganha ímpeto de crescimento.

    MC: Ou seja, vimos ambos de lugares geográficos diferentes, mas somos muitíssimo flexíveis e ao longo destes anos a trabalhar não só em Cabo Verde, mas também noutros países, vimos que muitas vezes na arquitectura os problemas surgem onde há uma força a querer obrigar outra força a fazer algo para o qual não está pronto, preparado, um pouco como na vida.
    A arquitectura transmite sensações, umas mais que outras, trabalhamos para que a nossa arquitectura, os nossos projectos, transmitam algo e esse algo não vem só da forma ou dos materiais, mas antes de um conjunto de decisões que vão sendo tomadas ao longo do processo construtivo. As ideias, como os materiais, nunca são preconcebidos, quando nos propusemos a fazer um museu cuja fachada foi feita com tampas de barris, as pessoas olhavam para nós como se fossemos doidos, mas agora vais àquela praça e o edifício em si transmite uma grande alegria, domina a praça. Prova de que o valor da matéria é o valor que as pessoas lhe dão e não o que lhe é intrínseco.

    O facto de estarem numa ilha e de (quase) tudo ser importado e por isso mais caro, torna mais fácil a abertura para a reutilização de materiais no processo construtivo, mesmo os mais inusitados como a utilização de tampas de bidons na construção de uma fachada?
    ER: A necessidade aguça o engenho, não é? Com poucos recursos tivemos de explorar ao máximo a potencialidade de coisas que, de outra forma iriam para o lixo. A nossa arquitectura não é só baseada nisso, mas esta é uma componente importante, temos imenso prazer em tentar contribuir e deixar a nossa pegada ecológica aqui neste planeta. E pelo menos que a nossa arquitectura seja para agregar e não para tirar. Que seja um exemplo também e que os jovens arquitectos vejam isso como, não uma estrada única, mas pelo menos uma estrada que pode ser válida no futuro.

    MC: Nós estamos a trabalhar num contexto que sempre foi marginalizado. E há uma falta de conhecimento, histórica, sobre o que acontece e está a ser construído em África. Então para nós é importante que a Arquitectura ajude a reverter esta tendência. Estamos a tentar mostrar que aqui onde estamos também não temos nada a menos que outros países mais na vanguarda. Estamos totalmente convencidos que a Arquitectura é fruto de seres humanos, não é o resultado de posições geográficas, de latitudes ou longitudes, de educações superiores ou de grandes orçamentos.

    Como é que tem evoluído a Arquitectura em Cabo Verde? Como é que olham para p desenvolvimento por exemplo da Cidade da Praia, em Santiago, ou mesmo do Mindelo onde estão localizados?
    ER: A nível urbanístico não vou falar. Prefiro falar do saber tradicional que havia na construção de antigamente, das casas super frescas que eram de terra batida que eles molhavam todos os dias de manhã, as paredes de pedra, as coberturas de palha, a orientação, os ventos, o sol… isso era tudo levado em consideração quando por exemplo o meu pai fez a nossa casa em Santo Antão. E ele não era arquitecto, nem nada disso, mas utilizou a sabedoria popular. Orientou a casa na melhor posição, estudando o percurso do sol, do vento, da queda da água, das chuvas e das pedras, porque Santo Antão é montanha. Aqui temos também uma encruzilhada de várias influências portuguesas, inglesas, entre outros, com as suas influências no uso na madeira ou de betão. Mas sinto que este conhecimento se vem perdendo no que está a ser construído agora. O progresso é muito betão, o progresso são as janelas enormes de alumínio, mesmo que o edifício esteja orientado a sul.
    Há muita coisa que está a ser perdida e que devia ser valorizada e se calhar estudada mais a fundo que é um pouco o que nós estamos a tentar desenvolver, numa chave mais contemporânea. Mas Cabo Verde é um país novo e não podemos ser duros na crítica, de certa forma este percurso é compreensível quando se está ainda a tentar construir uma identidade.

    Que projectos têm actualmente em mãos?
    ER: Terminamos o projecto, para um cliente privado, de um museu sobre o fenómeno da escravatura na Cidade Velha, património da Unesco. É um projecto bastante interessante, mas sobre o qual não podemos adiantar muito. Estamos a terminar um projecto de uma pequena guest house, apenas com oito quartos, também em Santiago…

    MC: Estamos a trabalhar este projecto ao nível da experimentação. Propusemos a sua criação como parte de um viveiro e os seus ocupantes vivem no meio das plantas. O sistema de rega usa água reciclada. Existe uma orientação que foi estudada para a criação de dinâmicas. Depois temos outros projectos de habitação em curso. Mas existe sempre uma preocupação e consciência com a sustentabilidade. Fomos convidados pelas autoridades da Sardenha, a minha ilha, para fazer propostas para alguns projectos. O objectivo é o de replicar projectos, como os que desenvolvemos em Cabo Verde, que têm impacto e geram valor para as comunidades locais. Porque a Sardenha também tem problemas de desertificação de abandono da população do seu interior e a ideia é estes projectos, que ainda não sabemos quais são, ajudem a reverter essa tendência.

    Sobre o autorManuela Sousa Guerreiro

    Manuela Sousa Guerreiro

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    Programa de actividades “explica” relação de Siza com o Barroco

    A proposta da equipa de investigação liderada pelos investigadores José Miguel Rodrigues, director do CEAU e professor da FAUP, e Joana Couceiro, investigadora do CEAU-FAUP, é verificar na obra de Álvaro Siza a presença das ideias e dos ideais Barrocos. As iniciativas terão lugar no Museu Nacional Soares do Reis e na Igreja dos Clérigos

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    As relações entre a arquitectura de Álvaro Siza e o Barroco estão presentes em vários autores que escreveram sobre Álvaro Siza, além de permanecerem no modo como o próprio, referindo-se ao Porto, e a Nasoni, em textos escritos, seus, anuncia o seu interesse e empenho em conhecer melhor a arquitetura e a cidade Barrocas.

    Neste sentido, o Centro de Estudos de Arquitectura e Urbanismo da Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto (CEAU-FAUP), tem vindo a desenvolver nos últimos três anos o projecto  “Siza Barroco”, que visa “colocar em evidência a relação entre a ideia de Barroco e a obra de Álvaro Siza”.

    A proposta da equipa de investigação liderada pelos investigadores José Miguel Rodrigues, director do CEAU e professor da FAUP, e Joana Couceiro, investigadora do CEAU-FAUP, é verificar na obra de Álvaro Siza a presença das ideias e dos ideais Barrocos, procurando compreender o quanto esta é uma arquitectura sem tempo.

    “Tratou-se de prosseguir um caminho, um percurso natural, cientes de que a colocação lado-a-lado da ideia de Barroco e da arquitectura de Álvaro Siza traria ganhos de conhecimento a ambas as partes” refere a equipa, sublinhando que “se, por um lado, a arquitectura de Siza se compreende melhor à luz do Barroco (ideológico), também o Barroco (cronológico) resulta mais inteligível com a obra de Siza.”

    O programa, que tem início em Abril e prolonga-se até Dezembro de 2024, integra conferências, uma exposição, um colóquio e um concerto que cruzam e entrecruzam a arquitectura de Siza, a arquitectura de Nasoni, a talha dourada, a música barroca-contemporânea, entre outras.

    O calendário de iniciativas abre com uma conferência de Eduardo Souto de Moura sobre “A Actualidade do Barroco”, a 20 de Abril, no Museu Nacional Soares dos Reis.

    Seguem-se três conferências com contributos de outras disciplinas: Ángel Garcia-Posada (4 de Maio), Juan José Lahuerta (18 de Maio) e Maria Filomena Molder (22 de Junho), consultores do projecto de investigação.

    A 12 de Setembro inaugura a exposição “Siza Baroque”, uma mostra patente até 31 de dezembro no Museu Nacional Soares dos Reis, lado a lado com a arte antiga e o projecto de Fernando Távora para o Museu.

    Já no dia 28 de Setembro realiza-se o segundo acto de conferências com José Miguel Rodrigues e Joana Couceiro – “Siza e o Barroco” -, Ana Tostões – “Siza e o Moderno”, e Jorge Figueira – “Siza e o Pós-moderno”. O segundo acto de conferências termina com um debate com todos os convidados moderado por Sílvia Ramos, investigadora do projecto.

    O colóquio “Betão, Branco, Dourado” decorre no dia 7 de Dezembro e integra comunicações dos investigadores do projecto: Sílvia Ramos, Miguel Araújo, Mariana Sá, Ricardo Leitão, Inês Sanz Pinto, Mafalda Lucas, Graça Correia, Hélder Casal Ribeiro, João Pedro Serôdio, Luís Urbano, Marco Ginoulhiac, Nuno Brandão Costa, e dos convidados João Pedro Xavier e Susana Ventura.

    O momento de encerramento vai ser assinalado com um concerto na Igreja dos Clérigos, a 14 de Dezembro, a partir da obra ‘barroca-contemporânea’, Magnificat em Talha Dourada, de Eurico Carrapatoso.

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    ‘Fertile Futures’: A propósito da exposição Palácio Sinel de Cordes recebe diferentes actividades

    Nos dias 20 e 27 de Abril, decorrem visitas guiadas à exposição, inclusive com Língua Gestual Portuguesa, assim como actividades para famílias e crianças

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    Até dia 27 de Abril, a representação oficial portuguesa na 18ª Bienal de Arquitectura de Veneza – Fertile Futures – apresenta no Palácio Sinel de Cordes os resultados desta “investigação multidisciplinar” que aliou à exposição cinco ‘Assembleias de Pensamento’, um seminário internacional de Verão e duas publicações. A par da exposição, estão previstas, ainda, um conjunto de actividades até ao final do mês.

    Neste sentido, está prevista para dia 20 a ‘Fertile Futures: visita relax’, com concepção e orientação da Locus Acesso e do Serviço Educativo da Trienal. Uma visita que adopta uma abordagem “confortável” e “acolhedora” a todo o tipo de público, incluindo com perturbações do espectro do autismo, sensoriais e de comunicação ou dificuldades de aprendizagem, crianças pequenas, pessoas com síndrome de Tourette, com ansiedade ou pessoas idosas que queiram usufruir da medição a um ritmo pausado.

    Ainda neste dia, e a pensar nas famílias, em particular o público infantil, acontece a ‘Fertile Futures: Gincana no palácio’. Invadidas por objectos estranhos de sete paisagens portuguesas, as salas do Palácio Sinel de Cordes expõem novos tesouros e histórias para contar, com concepção e orientação de Daniella Figueiredo e do Serviço Educativo da Trienal.

    Para dia 27 de Abril, haverá possibilidade de visitar, pela última vez, a exposição, com acompanhamento de Ester Donninelli. Também neste dia a exposição estará aberta a pessoas surdas, com interpretação em Língua Gestual Portuguesa.

    Durante a tarde, a iniciativa ‘Fertile Futures: Oficina Hágua?’, para idades entre os seis e os 12 anos, recupera a mostra tendo como base o elemento água que a caracteriza. Num jogo de acção-reacção, será construída uma engenhoca de recolha e redistribuição da água à escala da mão, num projecto pensado por Filipa Tomaz e Letícia do Carmo, do Serviço Educativo, com orientação de Daniella Figueiredo.

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    Openbook assina nova sede da Galp

    A petrolífera portuguesa tem casa nova e o fit out da sua nova sede, que ocupa um dos edifícios do ALLO em Alcântara, tem a assinatura da Openbook Architecture. Um projecto que se desenvolveu pelos sete andares e se centra nas pessoas

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    A nova sede da Galp, projectada pela Openbook, espelha o compromisso da empresa com as pessoas e o futuro. O espaço reflecte a visão de vanguarda da Galp, bem como a sua dedicação à inovação, sustentabilidade e bem-estar dos seus colaboradores.

    Localizada na frente ribeirinha de Alcântara, a nova sede da Galp revela uma arquitectura que se caracteriza por uma dinâmica inspirada na natureza inovadora da marca, com uma fluidez e diversidade de espaços pensados para potenciar a criatividade e a colaboração entre equipas. O ambiente criado ao longo dos sete pisos é caracterizado por um desenho orgânico dos espaços que potencia a transparência do edifício.

    A entrada apresenta-se como um espaço amplo e sóbrio, com um duplo pé-direito e galeria no piso 1. Esta zona funciona como a rótula de distribuição do edifício, com ligação a uma área destinada a exposições e eventos, ao Auditório Américo Amorim e à escadaria que leva ao Meeting Center, localizado no piso um e dois. Aqui estão também localizadas as zonas de suporte, “food & beverage”, o “wellness center” e sala de jogos, os quais permitem uma pausa mais descontraída e informal. As áreas operacionais desenvolvem-se nos restantes pisos, onde se destaca a criação e conjugação de núcleos que compõem as diferentes zonas de trabalho.

    “Estamos especialmente orgulhosos com o resultado deste projecto tão relevante para a Openbook e, certamente, para quem vier a trabalhar nele. Um projecto que eleva a experiência dos colaboradores e incorpora a cultura da marca e os modelos de trabalho que se pretendiam implementar na nova sede da Galp”, afirma Paulo Jervell, partner do Grupo Openbook.

    A materialidade, os tectos, as cores e as formas orgânicas foram cuidadosamente pensados para gerar um espaço de trabalho atractivo e estimulante.

    A construção ficou a cargo da Tétris.

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    Margarida Quintã (esquerda) e Teresa Novais (direita)

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    9ª ediçao do Open House Porto celebra Abril

    Com o tema “50 Anos a Construir a Liberdade” e curadoria das arquitectas Teresa Novais e Margarida Quintã, a iniciativa tem lugar nos dias 6 e 7 de Julho

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    A 9ª edição do Open House Porto (OHP) 2024 celebra os 50 anos do 25 de Abril de 1974, com o tema “50 Anos a Construir a Liberdade” e curadoria das arquitectas Teresa Novais e Margarida Quintã.

    A iniciativa, organizada pela Casa da Arquitectura (CA) que integra, mais uma vez, os municípios da Maia, Matosinhos, Porto e Vila Nova de Gaia, tem data marcada para os dias 6 e 7 de Julho.

    “Num ano em que se comemoram os 50 anos da democracia, a CA desafiou as curadoras a pensar em espaços modelo neste processo de construção da democratização. A dupla curatorial, que pela primeira vez está entregue a duas mulheres, de gerações e percursos diferentes, respondeu de forma exemplar a este desafio de mostrar como os princípios de Abril foram concretizados. A arquitetura foi um instrumento de concretização dos princípios da Democracia”, explica Nuno Sampaio, director executivo da CA.

    Margarida Quintã e Teresa Novais explicam assim o conceito que orienta o OHP deste ano: “Se na revolução de 25 de abril de 1974 o povo português reivindicava “a paz, o pão, habitação, saúde e educação” [em alusão à canção de intervenção ‘Liberdade’ de Sérgio Godinho], em 2024 queremos, por um lado, conhecer o que fomos capazes de alcançar, e por outro, identificar o que desejamos para o futuro”.

    As propostas recaem, assim, em visitas a espaços de iniciativa pública, municipal, ou cooperativa, construídos nas últimas cinco décadas, que retratam as transformações operadas nos municípios da Maia, Matosinhos, Porto e Vila Nova de Gaia. “O que queremos perguntar é: de que é que nós, portugueses, precisamos hoje para “termos liberdade a sério?”, acrescentam.

    O roteiro é acompanhado pelos Programas Caleidoscópio e Plus que propõem um conjunto de actividades abertas e destinadas a todos os públicos. Todas as visitas e actividades são de participação gratuita

    Até 21 de Abril decorrem as candidaturas para o voluntariado da OHP.

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    Um dos três vencedores do Prémio ArchDaily Brasil 2024 é português

    O edifício Factory Lisbon, com assinatura de Julian Breinersdorfer Architekten, José Baganha e Ângela Maurice, foi o terceiro classificado no Prémio ArchDaily Brasil Obra do Ano 2024

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    Este ano, o primeiro lugar foi atribuído ao Hospital Veterinário Escola da Unileão em Juazeiro do Norte, projecto com assinatura do gabinete Lins Arquitectos Associados. O segundo lugar foi para Angeli.Leão com o projecto para o Marco dos Corais, em Maceió. Em terceiro lugar ficou a Factory Lisbon, localizada em Lisboa, projecto desenvolvido por Julian Breinersdorfer Architekten, José Baganha e Ângela Maurice.

    “A Factory Lisbon resulta da reutilização adaptativa de uma fábrica de bolachas e massas, de 1973 do exército português. O edifício tombado pelo património histórico fica na frente do porto de Lisboa, inserido no complexo histórico de abastecimento do exército, que está a ser transformado num distrito de inovação, o Hub Criativo de Beato”.

    Fotos de Francisco Nogueira

    O edifício tem 200 metros de comprimento por apenas 11 de largura. “Este volume estreito normalmente exigiria a introdução de vários núcleos de betão para a circulação de emergência. Para evitar tal intervenção disruptiva, toda a circulação foi adicionada externamente. Na forma de passarelas de aço leve e escadas de um único lance, ela percorre as fachadas e contorna os silos históricos e um poço de elevador no centro do edifício. Aqui, as escadas são suspensas do tecto para minimizar seu impacto estrutural. O novo poço do elevador é revestido com espelhos, de modo a se misturar com as cores e características históricas”.

    O Prémio Obra do Ano do ArchDaily Brasil, um prémio de arquitectura lusófona, resulta da votação dos leitores do site, que seleccionam os 15 finalistas e, posteriormente, os três vencedores.

     

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    Exposição ‘Lisboa Imagina a Nova Bauhaus Europeia’ mostra 177 propostas

    Os trabalhos apresentados resultaram dos 12 concursos lançados pela Câmara de Lisboa e pela Lisboa Ocidental SRU, entre 2022 e 2023, com o apoio da OA, para projectos de habitação, equipamentos e espaço público

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    A Câmara Municipal de Lisboa e a Lisboa Ocidental SRU inauguram, esta sexta-feira, dia 5 de Abril, a exposição ‘Lisboa imagina a Nova Bauhaus Europeia’, uma mostra que se enquadra nas comemorações dos 50 anos do 25 de Abril e que ficará patente na Sala do Risco durante todo o mês de Abril de 2024 e irá depois circular em itinerância por outros locais da cidade.

    À luz da iniciativa Nova Bauhaus Europeia, que apela a uma onda de renovação no edificado, foram lançados pela Câmara Municipal de Lisboa e pela Lisboa Ocidental SRU, entre 2022 e 2023, 12 concursos públicos de concepção para projectos de habitação, equipamentos e espaço público, com o apoio da Ordem dos Arquitectos.

    São expostas 177 propostas no âmbito dos referidos concursos, com destaque para as três primeiras classificadas de cada um. Os trabalhos espelham o esforço de imaginação realizado pelos concorrentes do que poderá ser a onda de renovação do edificado e da cidade no cumprimento do Pacto Ecológico Europeu, num movimento onde cultura e ciência são indissociáveis e onde tecnologia e arte estão ao serviço das pessoas.

    Ao criar pontes entre diferentes disciplinas e abrindo-se à participação alargada, a Nova Bauhaus Europeia inspira um movimento que pretende facilitar e orientar a transformação das sociedades em três valores inseparáveis: a sustentabilidade, a estética e a inclusão.

    Estarão presentes na cerimónia Carlos Moedas, presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Filipa Roseta, vereadora da Habitação e Obras Municipais, Gonçalo Santos Costa, presidente do Conselho de Administração da Lisboa Ocidental SRU e Avelino Oliveira, presidente da Ordem dos Arquitectos.

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    CIUL acolhe novo ‘Encontro UniverCidades’

    A 11 de Abril serão apresentados estudos e propostas para o desenvolvimento de Lisboa e a dia 12 estão previstas visitas guiadas por dois bairros SAAL em Lisboa – Quinta do Alto (projecto de Manuel Magalhães) e – Bairro das Fonsecas e Calçada (projecto de Raul Hestnes Ferreira)

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    Nos dias 11 e 12 de Abril o CIUL acolhe uma nova edição do Encontro UniverCidades: Ideias para Lisboa. No primeiro dia serão apresentados estudos e propostas para o desenvolvimento de Lisboa, tendo em conta os desafios e as preocupações que se colocam hoje na gestão das cidades.

    Já o segundo dia da iniciativa está reservado as visitas guiadas por dois bairros SAAL em Lisboa – Quinta do Alto (projecto de Manuel Magalhães) e – Bairro das Fonsecas e Calçada (projecto de Raul Hestnes Ferreira) – acompanhada por Ricardo Santos, arquitecto, doutorado pela Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto em 2014 é, também, membro integrado do Centro de Estudos de Arquitetura e Urbanismo, CEAU-FAUP, desde 2012.

    O SAAL (Serviço de Apoio Ambulatório Local) foi um programa de intervenção local, implementado pelo Governo em Agosto de 1974 (estando em vigor até 1976), que pretendeu minimizar a crise na habitação, criando condições para que as comunidades pudessem construir os seus próprios bairros.

    Com uma periodicidade anual, os ‘Encontros UniverCidades’ dar a conhecer, de forma dialogante, trabalhos académicos de referência sobre Lisboa, desenvolvidos por alunos e investigadores, tendo por base áreas estratégicas definidas pela CML, em colaboração com as faculdades e institutos parceiros.

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