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A inovação tem um importante papel no combate à prevenção de doenças. É importante tratar e, olhando para o futuro, é importante prevenir e controlar os riscos de transmissão e disseminação das doenças transmitidas por vírus. Um pouco por todo o mundo muitas empresas e institutos estão a canalizar as suas investigações e pesquisas para estas áreas. Em Portugal a STA – Sociedade Transformadora de Alumínios, em conjunto com a Biocant, uma divisão da Universidade de Coimbra, está a trabalhar há mais de quatro anos na aplicação de nanopartículas no tratamento de superfícies simultaneamente antiviral, antibacteriano e antifúngico. Constituída em 1989 em parceria com o grupo belga Sobinco, a STA é uma empresa especializada no desenvolvimento e produção de sistemas para portas e janelas, em particular para caixilharias de alumínio.
O resultado do trabalho de investigação dos últimos anos resultou na criação de um novo produto: o Nanocoat. “O Nanocoat foi desenvolvido com financiamento europeu, num trabalho conjunto entre a Biocant (uma divisão da Universidade de Coimbra) e a STA. Encontramos uma solução viável em 2016 e começamos os testes oficiais em organismos notificados para validar os nossos resultados. No entretanto, desenvolvemos o nosso processo produtivo e a aplicação do Nanocoat nos nossos diversos acabamentos, pintura líquida, anodização e lacagem”, explica Eric Van Den Bruel, director geral da STA.
O produto foi apresentado pela primeira vez na feira BAU, na Alemanha, em 2017 e, actualmente, a empresa portuguesa é o único fornecedor de puxadores de porta e janela com Nanocoat em todo o mundo. Sobre ele a American Chemist Society afirmou que “muito poucos estudos conseguiram tratar materiais ou superfícies com propriedades antivirais”.
Ora, em plena pandemia esta nova tecnologia corre agora o risco de se tornar “viral”. A sobrevivência do vírus em superfícies é uma das características que ajuda a sua rápida propagação. Pode este revestimento eliminar o vírus Covid 19? “Estão a ser realizados testes com o Corona neste preciso momento. Temos um certificado do Nanocoat em relação à sua actividade antiviral contra o bacteriófago MS2, que é um modelo viral não envelopado muito conhecido, é um dos vírus mais resistentes. O SARS-Cov-19 é um vírus envelopado que é facilmente neutralizado com químicos(desinfectantes) e físicos (Nanocoat) e, como tal, quase tudo o que elimina vírus não envelopados, vai eliminar vírus envelopados. Daí a nossa confiança nos bons resultados deste teste, cujos resultados serão conhecidos no fim deste mês”, adianta.
Outro dos trunfos é a sua rapidez de actuação: “o Nanocoat mata bactérias e vírus em 4 segundos. Em termos práticos: quando uma pessoa infectada abre uma porta, deixa vestígios da infecção no seu manípulo, a pessoa que irá a seguir colocar a sua mão no puxador já não será contaminada, uma vez que o vírus já terá sido eliminado”, explica o especialista. Fazendo a comparação, por exemplo, com o revestimento a prata, cujos os efeitos na eliminação de vírus e bactérias são conhecidos, a rapidez de actuação do revestimento português ganha por larga maioria já que tratamento de superfícies com prata pode demorar várias horas a fazer efeito, não eliminando, por isso, totalmente os riscos de contaminação.
As suas características únicas torna-o, por isso, especialmente indicado para hospitais, clínicas, centros de saúde, escolas, infantários, condomínios, lares de idosos, estádios, cozinhas industriais, casas de banho públicas, entre outros edifícios públicos e privados que têm uma grande afluência de público.
Do laboratório para a construção
Com a fase de desenvolvimento adiantada, o próximo passo é passar do laboratório para a construção. Algo que, até agora, tem sido adiado por falta de apetência do mercado para este tipo de produto. “Para promover o Nanocoat falámos inicialmente com os nossos principais clientes, se estariam interessados em apoiar uma linha de produtos antivirais. Estávamos suportados por documentação, folhetos e apresentações comerciais. Contudo, devido à ausência de legislação nacional ou europeia que obrigue os promotores de obras públicas a usar puxadores antivirais nos seus projectos, tem sido uma luta árdua promover esta tecnologia. A nível mundial o mercado de revestimentos antimicrobianos é muito reduzido em relação ao mercado total. Segundo o nosso conhecimento, apenas dois países têm essa obrigação, um deles é a Tailândia”, sublinha o responsável.
Se há algo certo neste cenário mundial de incerteza é que os riscos de propagação de vírus ou bactérias estarão no radar de analistas para os próximos anos, o que torna agora tecnologias como a que a STA e a Universidade de Coimbra, desenvolveram bastante apetecíveis. “Acreditamos que há um futuro na produção de puxadores com revestimentos antivirais após a quarentena. Os políticos e grandes corporações tomaram conhecimento dos riscos de infecções e estão dispostos a reduzir esse risco. Neste momento, já fomos contactados por gestores de risco de grandes empresas. Isto significa que o risco está no seu radar. E existe uma maneira fácil de reduzir o seu risco, com o Nanocoat. Os políticos são mais lentos na reacção, e embora tenhamos feedback positivo sobre o produto, assumimos que leve mais tempo a aprovar uma legislação que estipule que os puxadores dos edifícios públicos devem ser antivirais, antibacterianos e antifúngicos”, refere Eric Van Den Bruel.
*Leia o artigo integral no Suplemento de Negócios da Indústria de Reabilitação Urbana, da edição 411 do Construir