A 6ª edição do Festival Internacional de Cinema Arquiteturas, que decorrerá de 6 a 10 de Junho de 2018 vai ser subordinado ao tema “Learning From Fiction”. Dedicado “às histórias dos lugares onde vivemos e das pessoas que nele habitam”, o Arquiteturas Film Festival propõe uma reflexão em torno do tema da ficção.
“Arquitectura é sempre criar ficção. Mas o que é que acontece quando a ficção entra em conflito com a realidade? Não só o cinema mas também a arquitectura tem um linha ténue que separa a ficção da ‘realidade’. Será que a criatividade sofre se a arquitectura escolhe ser mais sensível a aspectos sociais? Isso é relevante?” De acordo com a organização do festival, os filmes seleccioandos têm por objectivo contribuir e gerar alguma reflexão sobre estas questões. “Em última instância, a arquitectura, ao criar ficção define a nossa realidade. É uma competência poderosa que deve ser usada com peso e medida”, avança a mesma fonte.
Warm Up
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Pese embora o Festival tenha o início marcado para dia 6 de Junho, no dia 1 de Junho, em parceria com a Alambique Filmes e com o apoio do Atelier 18:25, o terraço do nº16 da Avenida 5 de Outubro será a sala de cinema da ante-estreia de “Columbus”, do realizador Kogonada e protagonizado por John Cho e Haley Lu Richardson.
Sobre o filme, a organização do Arquiteturas Film Festival adianta uma sinopse: “Casey vive com a mãe numa pequena cidade desconhecida do Midwest cativada pela promessa do modernismo, onde se podem encontrar edifícios desenhados por Saarinen, I.M.Pei, Richard Meier, entre outros. Jin, um visitante do outro lado do mundo, vem assistir ao seu pai moribundo. Inquietos com o futuro, eles encontram alívio um no outro e na arquitectura que os rodeia”.
A 6 de Junho, o arranque do Festival dá-se com a estreia portuguesa do flme “Before My Feet Touch the Ground” (2017), “um documentário em formato híbrido, contra a gentrificação e aumento dos preços das casas em Tel Aviv, contado por Daphi Leef na primeira pessoa, simultaneamente líder do movimento em Israel, personagem principal e realizadora do filme”. Este, sublinha a organização, “é um filme de protesto contra um fenómeno pelo qual muitas cidades estão a passar um pouco por todo o mundo e, por isso, relevante”. Nota para o facto de a realizadora estar presente, com o apoio da Embaixada de Israel em Lisboa.
Este ano, serão exibidas as biografias de Tadao Ando, Francis Kéré e Alfredo Jaar ; filmes sobre a experiência do espaço urbano (Istambul Echos, Tudo o Que Imagino, Na Bolha, Greater Things); sobre a experiência de ser um refugiado antes (Red Trees) e agora (Exodus); sobre arquitectura moderna (Experimental City, A Spa. Architecture of Zawodzie and The Body and the Modernist City); sobre a bolha de especulação imobiliária na China (Dream Empire); sobre a experiência coletiva de designurbano (Do More With Less, Die Laube); sobre a influência dos jogos de vídeo no planeamento urbano (Gaming the Real World) e; sobre o problema de escala na arquitectura (Pop Aye).
A fechar a edição deste ano, será mostrado “Moriyama-San” (2017) realizado por Ila Bêka e Louise Lemoine sobre Yasuo Moriyama, o “ermita urbano” que vive numa casa construída por Ryue Nishizawa — um dos dois fundadores do atelier japonês SANAA vencedor de um Pritzker.
Ao todo, são 30 filmes a concurso distribuídos por 4 categorias: Ficção (6), Novos Talentos (5), Documentário (14) e Experimental (5).
Jaar em Conferência
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Mas não só de filmes vive o Arquiteturas Film Festival. Do programa desta 6ª edição faz também parte a Conferência proferida por Alfredo Jaar, no Museu de Arte, Arquitectura e Tecnologia de Lisboa (MAAT). Sobre o arquitecto, artista e realizador chileno, a organização do Festival lembra que vive e trabalha em Nova Iorque desde 1982, destacando que o seu trabalho tem sido mostrado um pouco por todo o mundo. Jaar participou na Bienal de Veneza (1986, 2007, 2009, 2013), na Bienal de São Paulo (1987, 1989, 2010) e também na Documenta em Kassel (1987, 2002). Realizou exposições individuais de relevo no The New Museum of Contemporary Art, Nova Iorque; Whitechapel, Londres; The Museum of Contemporary Art, Chicago; The Museum of Contemporary Art, Roma;
e Moderna Museet, Estocolmo. A maior retrospetiva do seu trabalho teve lugar no Verão de 2012 em três instituições
em Berlim: Berlinische Galerie, Neue Gesellschaft für bildende Kunst e.V. e Alte Nationalgalerie. Em 2014 o Museum of Contemporary Art Kiasma em Helsínquia acolheu a retrospetiva mais ampla da sua carreira. Alfredo Jaar realizou mais de setenta intervenções em espaço público por todo
o mundo e mais de sessenta monografias foram publicadas acerca do seu trabalho, que pode ser encontrado nas colecções do The Museum of Modern Art e Guggenheim Museum, Nova Iorque, no MCA em Chicago, MOCA e LACMA em Los Angeles, na Tate em London, no Centre Georges Pompidou em Paris, no Centro Reina Sofía em Madrid, no Moderna Museet em Stockholm, no Louisiana Museum of Modern Art em Humlaebeck e em dezenas de outras instituições e colecções privadas um pouco por todo o mundo.
Do programa faz ainda parte a exposição “Construir o Cinema” que conta com curadoria de Vera Beltrão. A mostra resulta de uma parceria entre a AEFA da FA-UL, a partir da qual foi lançado um exercício que explora as intersecções entre arquitetura e cinema: “A partir de uma selecção de vinte filmes, os alunos da FA-UL produziram composições alusivas às obras escolhidas”. O resultado são desenhos e colagens que estarão patentes durante o Festival no bar do Fórum Lisboa.
País convidado: Chile
Nesta que é a sua 6ª edição, o Arquitecturas Film Festival escolhe o Chile como país convidado.
Com o apoio da Embaixada do Chile em Lisboa e com o objectivo de promover o intercâmbio do que está acontecer no campo da arquitectura e do cinema, o Festival conta com a presença de Alfredo Jaar (artista, arquitecto e realizador), Paula Rodríguez Sickert (realizadora do filme “Jaar, Lament of the Images”, em competição na categoria de documentário), Manuel Toledo (coorganizador do ArqFilmFest, desde 2012, o primeiro festival de arquitectura do Chile e da América Latina). E também dos realizadores Kate Kliwadenko, do Chile, e Mario Novas, de Espanha, do filme “Do More With Less”, que faz também parte da competição na categoria de documentário.