Alfredo Campos Costa: “Populações não têm noção do risco sísmico”
O chefe do núcleo de Engenharia Sísmica e Dinâmica de Estruturas do Laboratório Nacional de Engenharia Civil considera que a situação portuguesa relativamente à vulnerabilidade sísmica pode ter consequências muito mais graves do que as resultantes dos relativamente recentes sísmicos que assolaram Itália
Pedro Cristino
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O chefe do núcleo de Engenharia Sísmica e Dinâmica de Estruturas do Laboratório Nacional de Engenharia Civil considera que a situação portuguesa relativamente à vulnerabilidade sísmica pode ter consequências muito mais graves do que as resultantes dos relativamente recentes sísmicos que assolaram Itália.
Na conferência de imprensa de apresentação do seminário “A realidade da reabilitação sísmica do parque edificado”, promovido pela Ordem dos Arquitectos (OA), Ordem dos Engenheiros (OE), LNEC e Sociedade Portuguesa de Engenharia Sísmica (SPES), Alfredo Campos Costa reiterou a necessidade de criar uma certificação sísmica dos edifícios e lembrou que, em Itália, país bastante afectado por este fenómeno natural recentemente, houve uma tentativa de criar essa certificação.
“Sucede que a receptividade por parte da sociedade à reabilitação sísmica em Itália tem sido muito baixa”, revelou, frisando que “as pessoas não têm percepção” desse risco. “As pessoas não aderem à ideia de terem que reforçar sismicamente e Itália tem um sismo a cada dois ou três anos”, reforçou, explicando que o sismo de L’Aquila, ocorrido em 2009, acarretou custos directos de 10 mil milhões de euros.
Na conferência, o responsável do LNEC explicou que a comunidade científica tem feito “um grande esforço” no sentido de fazer “uma grande selectividade nas intervenções”, uma vez que “estar a generalizar uma obrigatoriedade de reforço sísmico a todo o país é demasiado, pois não temos sismicidade para isso”. Contudo, existem “bolsas com bastante concentração de pessoas e bens com sismicidade moderada” e daí poderão resultar, em caso de ocorrência de sismo que, “em termos da dimensão da exposição, são muito maiores que L’Aquila, que é uma cidade pequena em Itália”.
Campos Costa referiu também a existência de “uma concentração imensa de edifícios mal construídos, mal projectados e mal utilizados” nas regiões do Vale do Tejo e Algarve”. “A população portuguesa não tem noção e, se não houver percepção desse risco, não conseguimos avançar”, avisou.
Por sua vez, Aníbal Costa recordou que já existe a directiva europeia para a certificação sísmica. Contudo, “não é lei nem norma em Portugal”. “Os Eurocódigos já são ensinados nas nossas universidades há 20 anos, simplesmente não são promulgados pelo nosso Governo”, salientou o presidente da SPES, acrescentando que, no país, “a nível da matéria da certificação sísmica, não há praticamente nada”.
Já o coordenador da especialização de Estruturas da OE lembrou que existe um Eurocódigo referente à avaliação do reforço sísmico das construções – o Eurocódigo 8, parte 3. “Foi publicado na lista original dos Eurocódigos e esta questão do reforço foi considerada apenas para os sismos”, explicou Eduardo Cansado de Carvalho, revelando que, actualmente, está em análise a possibilidade de fazer a avaliação do reforço para outros tipos de acções.
Relativamente aos Eurocódigos, o responsável da OE destacou que são meramente técnicos. “Este Eurocódigo só trata da parte de como fazemos. Se temos de fazer e quando temos de fazer são matérias essencialmente políticas”, alertou, explicando que o Eurocódigo “diz explicitamente que essa matéria não compete à norma”. Assim, para Cansado de Carvalho existe a necessidade de “uma iniciativa legislativa, regulamentar, que diga se e quando, pois é essa a parte que falta”.