“Uma reabilitação gráfica junto ao mar”
Tiago do Vale, autor do projecto de reabilitação, explica como o “grafismo” acabou por ser a característica central do projecto”
Ana Rita Sevilha
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“Uma reabilitação gráfica junto ao mar”. O título dado à Memória Descritiva e a forma como Tiago do Vale resumia numa frase a intervenção deixou-nos logo curiosos. “O que era isso de uma Reabilitação Gráfica?”. Era antes de mais “uma boa pergunta” respondeu o arquitecto, passando depois à descrição. “Tratava-se de um apartamento genérico, sem características particularmente marcantes que valessem a pena valorizar. Devido à dimensão do apartamento, a intervenção teria de ser relativamente delicada, que não inibisse os espaços de respirar, mas tinha de ser ela própria, também, o elemento gerador de interesse, o elemento qualificador da experiência de viver ali. A solução entre estes dois requisitos (delicadeza e protagonismo) acabou por ser um desenho simples, mas gráfico, com o uso de cor, padrões e contrastes acentuados. Este “grafismo” acabou por ser a característica central do projecto”.
O peso do tempo
Localizado em Caminha, o edifício sobre o qual Tiago do vale e a sua equipa se debruçaram, havia sido construído nos anos 80 e apresentava “tanto nas suas infra-estruturas como na sua organização o peso da passagem do tempo”, lê-se na Memória Descritiva. A estratégia adoptada foi a de tirar o máximo partido das potencialidades da construção, “trazendo a experiência de a ocupar para padrões mais contemporâneos”. Contudo, Tiago do Vale assume que as potencialidades da construção “não eram muitas”, mas havia uma que se destacava. “A mais importante era a relação com a luz natural, com dois grandes vãos voltados a Sul”. Contudo, explica ao CONSTRUIR, “o apartamento tinha sobretudo limitações. Limitações que tentámos transformar em potencialidades”. Como? “Como o apartamento só tem uma frente, por exemplo, tentamos transformar esta limitação num ponto de partida para a qualificação, descompartimentando e abrindo os espaços para a luz sempre que possível”.
40m2
Convém no entanto referir que, o desafio foi acrescido com os apenas 40m2 de superfície, onde, diz Tiago do Vale, “uma escolha de materiais menos criteriosa, 30 anos de uso intenso e uma compartimentação pouco qualificada (mas própria do seu tempo) resultaram num pequeno apartamento junto ao mar que não era especialmente convidativo”. O cliente queria uma actualização funcional e infra-estrutural da construção a baixo custo, mas mantendo a sua organização original (com um quarto independente). Logo, refere o arquitecto, “o ponto de partida da intervenção foi o de maximizar a percepção da luz e do espaço no apartamento, recorrendo a uma abordagem mínima e à repetição da cor branca”. No entanto, continua, a peça central do projecto é um volume azul “que resolve simultaneamente as portas do apartamento e o desenho da cozinha, num gesto integral que traz cor e, sobretudo, uma expressão lúdica a todo o apartamento”. Tiago do Vale refere ainda os “cabides integrados para os acessórios de praia”, num painel cerúleo que “traz o Verão para o interior da habitação”.
O arquitecto explica ainda na Memória Descritiva que, “metade da parede entre o espaço de dormir e a sala foi transformada num grande painel de correr, mantendo em simultâneo a localização da porta original do quarto”. Uma solução que permite “tanto uma experiência de open space – que serve particularmente bem a área diminuta do apartamento -, como uma experiência mais convencional, de acordo com a discrição do cliente”.
Humanizar
O resultado é um apartamento com detalhes claramente contemporâneos, mas onde, sublinha o arquitecto, “houve uma vontade de manter superfícies texturadas e pormenores capazes de humanizar a escala dos espaços. Tal conseguiu-se observando os anos 80 da construção inicial, mantendo o desenho original das sancas de gesso e introduzindo uma forte superfície cerâmica estampada na área da cozinha”.
Sobre o programa habitar numa área tão reduzida, o arquitecto diz ter sido “um desafio muito motivador”. “De facto, é um programa [habitação] com o qual toda a gente está profundamente familiarizado, arquitectos e clientes: a experiência de habitar é algo que todos partilhamos, com muita intensidade, toda a vida. Há subtilezas na forma de ocupar os espaços, subtilezas na forma como as funções se cumprem, subtilezas que variam enormemente de pessoa para pessoa, de família para família. Portanto mesmo um apartamento de pequena dimensão como acaba por ter de conter uma densidade de complexidade que é sempre difícil de resolver num único gesto arquitectónico que dê uma resposta a tudo. Trata-se não só de conhecer quem vai habitar mas também de dotar o espaço de flexibilidade, permitir que seja apropriado de muitas maneiras diferentes”.
Tiago do Vale garante que “este pequeno apartamento oferece agora um uso relaxante, com a praia no seu seio, e está apto para mais 30 anos de utilização animada e simples”.
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Caixa: Ficha Técnica
Nome do projecto: Apartamento em Caminha
Arquitectura: Tiago do Vale Arquitectos (https://tiagodovale.com)
Equipa de projecto: Tiago do Vale, María Cainzos Osinde, Hugo Quintela, Louane Papin
Ano do projecto: 2016
Programa: Residencial
Localização: Caminha, Portugal
Cliente: Privado
Construção: Casas do Lima ®, Limiavez L.da
Ano de construção: 2016
Área de construção: 40 m2
Fotografia: João Morgado