Opinião: Small is still beautiful
Atualmente, os decisores estão a focar-se nos investimentos menos tangíveis, como o
empreendedorismo e a inovação
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Durante alguns anos em Portugal assistimos, por parte de empresas estrangeiras nomeadamente no setor dos materiais de construção e dos equipamentos para a indústria, a investimentos em infraestruturas físicas enquanto cimentação de uma brand dotada de capacidade imediata de resposta ao mercado nacional. Testemunhámos o surgimento de fábricas, de armazéns com elevada capacidade de stock, bem como de escritórios enquanto locais de decisão nacional.
Todas estas instalações estavam preparadas para abraçar um vasto conjunto de colaboradores, produtos e equipamentos. Face ao atual contexto económico e à tendência de mercado de diminuição de custos fixos e, acima de tudo, de uma perspetiva orientada para a rentabilidade, foram tomadas diversas ações que originaram não apenas na saída imediata de colaboradores,
como também na transferência geográfica de equipamentos, processos produtivos e de funções
de decisão. A extinção de posto de trabalho face a duplicidade (usualmente ibérica e mais
recentemente situada no Leste Europeu) tornou-se uma realidade, da qual sou testemunha face
aos diferentes profissionais disponíveis que tenho como objetivo tentar realocar em novos
projetos.
Por este mesmo motivo, não será de estranhar aquando da visita de algumas instalações de empresas com negócios ativos, depararmo-nos com espaços físicos (escritórios, linhas de produção ou armazéns) claramente sobredimensionados face à realidade do número de colaboradores, de maquinaria ou de produtos em stock.
Atualmente, os decisores estão a focar-se nos investimentos menos tangíveis, como o empreendedorismo e a inovação. Ser competitivo no mercado global significa aceitar o risco e
adaptar-se à mudança, sempre pesquisando novas estratégias de crescimento. No meu contacto regular com o mercado português abordo, naturalmente, empresas com dimensão física considerável (infraestruturas e colaboradores). No entanto, tenho constatado um conjunto significativo de organizações em que o lema “small is beautiful” é uma realidade. Inseridas em espaços alugados (em alguns casos, mesmo partilhando as instalações com outras
empresas), estas organizações apostam em estruturas leves, flexíveis e com profissionais
adaptados a esse contexto.
Na maioria das situações, estamos perante empresas multinacionais no setor dos materiais de construção e de apoio ao fornecimento de peças e acessórios à área industrial que apostaram em
Portugal numa perspetiva puramente comercial. Sem produção efetiva, sem centro de investigação de produtos e em alguns casos, sem qualquer armazém, estas estruturas primam pela vertente de prospeção e pela gestão da carteira de clientes. Efetivamente, possuindo uma rígida organização logística que terá de alimentar estas “micro estruturas” semanalmente, os locais de decisão das empresas fomentam a rapidez de resposta e o acompanhamento das encomendas. Concentrando funções imprescindíveis num só local fora de Portugal, como será apoio a nível administrativo e financeiro, a estratégia passa por uma presença comercial, reduzindo custos fixos e dando azo a elevados níveis de faturação. Deste modo, a estrutura leve numa lógica defendida pelo economista britânico E.F. Schumacher em 1973 no seu livro “Small is Beautiful”, é uma realidade.
Que profissionais para estes contextos?
Efetivamente, nem todos os profissionais comerciais do setor poderão adaptar-se a um contexto
de trabalho small is beautiful. Desde logo, qualquer profissional que singra neste tipo de
organização terá necessariamente de assumir um papel de empreendedor numa perspetiva
empresária e não de um “assalariado com comissões”. Maior liberdade, maior responsabilidade
será o seu lema. Reportando à Sede, o Country Manager de Portugal será um profissional
fortemente conhecedor do mercado, assim como dos diferentes canais de venda, revelando
elevada experiência negocial e maturidade na gestão da sua reduzida equipa comercial.
Autonomia para delinear a estratégia comercial em Portugal, com as orientações da casa-mãe,
bem como disponibilidade para estar presente no cliente, tornam este tipo de profissional valioso
no mercado de trabalho.
Assim sendo, a capacidade de independência, de autonomia, de polivalência e de organização, tomando em linha de conta o afastamento da Sede, são fatores imprescindíveis para abraçar um projeto desta envergadura. Nem todos os profissionais têm capacidade de integrar este tipo de estruturas, pelo que qualquer processo de recrutamento para este contexto deverá contemplar a perfeita união entre as hard e as soft skills.
Marco Arroz, Senior Manager & Engineering & International Development Manager for Middle East and Europe, MSearch