“Financiamento externo é condição sine qua non”
“Só fazemos aquilo que já fizemos com sucesso, tipicamente, em Portugal” Alexandre Portugal, administrador da COBA
Pedro Cristino
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Para Alexandre Portugal, a existência de financiamento externo nos países para os quais a fileira da construção quer internacionalizar a actividade é “uma condição sine qua non da nossa participação”. No âmbito da Conferência Pública Inaugural do curso de especialização “Contratação de projectos em países em desenvolvimento – o sector da água e o mercado das multilaterais”, promovida pela Parceria Pública para a Água (PPA), o administrador da COBA lembrou que a empresa de engenharia teve apenas 6% da sua actividade em Portugal no ano transacto, quando, em 2011, tinha 70%, “o que tem a haver com a desaceleração do nosso mercado, mas também com a capacidade que tivemos de fazer, de forma brutal, esta mudança” para o mercado internacional. Para alcançar esta situação, Alexandre Portugal explica que foi “fundamental” o trabalho realizado pela empresa em projectos financiados por agências multilaterais.
“Partir para as multilaterais”
“A lógica é partir do mercado para as multilaterais”, explicou, referindo que, primeiro há que conhecer o mercado – “identificam-se os programas, as oportunidades específicas e, a seguir, se há financiamento”. Segundo Alexandre Portugal, as empresas que pretendem internacionalizar têm de ter em conta dois riscos. “O primeiro, e fundamental, é o risco de não pagamento”, destacou, acrescentando que a presença de uma agência multilateral é, “por si só, uma garantia imprescindível para que haja pagamento”. Por outro lado, subsiste o tema da transparência. “O facto de os sistemas e os concursos de contratação serem acompanhados, deliberados, auditados, pelas multilaterais é um factor de grande importância de transparência que, de outra forma, nem sempre está assegurada”, esclareceu o administrador da COBA. Assim, para as empresas que pretendam ter actividade no mercado internacional, Alexandre Portugal aconselhou dois cuidados: o conhecimento do mercado e, “depois, trabalhar apenas em alguns mercados com financiamento internacional”.
Diferenciação
No contexto da abordagem à internacionalização, o responsável da empresa portuguesa de engenharia referiu que a selecção de oportunidades consiste num tema de extrema importância. “Há um mundo gigantescto de oportunidades e uma empresa com alguma capacidade tem uma tendência natural de ir a tudo, mas tem de se parar para pensar”, alertou, deixando duas mensgens “fundamentais”. “Só fazemos aquilo que já fizemos com sucesso, tipicamente, em Portugal”, referiu, salientando, por isso, “a importância de haver um mercado doméstico com expressão e não um mercado doméstico totalmente rarefeito como temos hoje em dia”. A segunda mensagem consiste em “nunca fazer fora aquilo que a minha concorrência local sabe fazer”. “Temos de ser capazes de perceber onde reside a nossa diferenciação, a nossa vantagem competitiva”, ressalvou.
Parcerias
Segundo Alexandre Portugal, as empresas não podem trabalhar sozinhas mas “temos de trabalhar com quem traz aquilo que nos faz falta”. “Pode fazer-nos falta um conhecimento local, um conhecimento específico da idiossincrasia do terreno, pode fazer-nos falta um parceiro para trabalhos, que têm uma componente local importantíssima, para fazer interfaces com o cliente”, enumerou. Contudo, os parceiros poderão ser, por si só, “um gerador muito grande de risco” porque, “apesar de muita coisa poder correr bem com os parceriso, há um mundo ainda maior de coisas que podem correr mal”. “Perante as multilaterais, o “player” internacional, tipicamente líder de consórcio é o que compra a responsabilidade porque, quando as coisas correm mal, é o “player” que tem de se substituir”, explicou. Assim, numa lógica de mitigação de risco, “é muito importante avaliar cuidadosamente os “players”” e, para avaliar, “é preciso estar presente, conhecê-los, criar relações pessoais”, ou seja, “tudo coisas que custam muito tempo e dinheiro”. Esta é outra noção que o responsável da COBA considera fulcral: a de que, “nestes mercados, tudo custa muito tempo, dinheiro, implica muita paciência e muita flexibilidade”. Segundo Alexandre Portugal, é necessário ter em conta que este ambiente é “muito difícil para micro-empresas. Isto porque, para estar presente nestes mercados “há todo um processo burocrático, administrativo, de construção de propostas, de presença que, provavelmente, não está acessível às empresas mais pequenas e, portanto, é preciso pensar muito bem se, efectivamente, temos a capacidade para ir a jogo em algumas destas oportunidades”, concluiu acrescentando ainda o importante papel dos movimentos associativos, “como a PPA”, para superar “este déficit de dimensão que uma parte do nosso sector tem”.