Brasília foi o “segundo descobrimento do Brasil”, diz filha de urbanista da cidade
Brasília morreria se não fosse pela qualidade da arquitectura e a linguagem plástica de Oscar Niemeyer
Lusa
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O desafio de construir Brasília, que comemora quarta-feira o seu cinquentenário, representa o “segundo descobrimento do Brasil”, disse à Lusa a filha de Lúcio Costa, o urbanista da “capital da esperança”.
“Portugal descobriu o Brasil para Portugal, e o Juscelino Kubitschek (JK) descobriu o Brasil para o Brasil, 50 anos disso é o que estamos a festejar”, afirmou Maria Elisa Costa.
“Eu fui a primeira pessoa a saber, num pedacinho de papel, como esta cidade seria”, salientou a filha do criador do plano urbanístico da capital – o Plano Piloto.
Com apenas 20 anos, Maria Elisa Costa acompanhou de perto os passos da elaboração do projecto e a execução, em apenas 43 meses, pelo grupo de arquitectos encabeçado por Oscar Niemeyer. A aventura de erguer uma cidade em menos de cinco anos com todos os prédios públicos e grande parte dos residenciais, em pleno cerrado, foi uma “realização extraordinária” da nação brasileira, enfatiza.
Até hoje, o Brasil “não se apropria disso e esquece de olhar Brasília como uma conjugação da vontade política, da competência realizadora e do talento num prazo pequeno e num lugar que não despertava a ambição de ninguém”.
Brasília morreria se não fosse pela qualidade da arquitectura e a linguagem plástica de Oscar Niemeyer. Na época, não se imaginaria nada que não fosse moderno, destaca Maria Elisa Costa. “JK queria do Oscar o inovador”.
O desafio de conceber o Plano Piloto de Brasília, argumenta, era “fugir do provisório” e ter um projecto com horizonte de permanência definitiva da capital: “Brasília não podia correr o risco de se tornar numa cidade de interior. Não conheço outro país que encarasse esse problema”.
“O meu pai fez absolutamente tudo sozinho, tudo à mão e ninguém sabia. Pouco antes da entrega do plano, eu lembro-me nitidamente que ele me descreveu a cidade de ponta a ponta”, lembra.
Quando a cidade foi inaugurada a 21 de Abril de 1960, “parecia mágica”. De repente “surge aquela coisa linda no meio do mato”.
O interior do Brasil era um “vazio muito maior do que qualquer pessoa hoje pode supor, era uma Amazónia do cerrado”, descreve. “Achei tudo normal no mudar a capital. Só percebi o tamanho disso 20 anos depois”.
Vencedor do concurso, em 1957, Lúcio Costa tinha o “objectivo claro de ajudar a mudança a dar certo” e concebeu um projecto simples, claro e exequível em três anos, explica a filha.
“Havia que construir a paisagem, o projecto tinha que ter beleza, força plástica e visual. Brasília tinha que impor-se desde o início ao resto do Brasil”. E JK foi determinante no processo, pois “naquele momento o Brasil tinha de sair da inércia”. A mudança da capital no Governo de Juscelino seria o “fecho do conjunto de acções no sentido de acordar o Brasil para si mesmo”.
Maria Elisa Costa lembra que para lá se mudou gente do país inteiro com a perspectiva de melhoria de vida. “A própria transferência da capital igualizou (a população). Todo mundo estava na mesma situação, ninguém era nativo”.
No ano de inauguração, Brasília já contava com mais de 500.000 metros quadrados de área construída ou semi-construída, com os principais edifícios erguidos como o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto, o Supremo Tribunal Federal e os 11 edifícios ministeriais.
Além disso, também estavam o Palácio da Alvorada, inaugurado em 1958, a estrutura básica da Catedral, a Igreja de Nossa Senhora de Fátima, a estação rodoviária e a barragem do Rio Paranoá.
Os serviços de eletricidade, água e esgoto já estavam montados, assim como mais de 3.000 moradias construídas nas Superquadras da Asa Sul e Asa Norte do Plano Piloto.