"ACF aposta em Angola"
A Arlindo Correia & Filhos, empresa de construção civil e obras públicas sediada em Braga, está a apontar a sua estratégia para África, mais concretamente em Angola. Um mercado que, dizem os seus administradores, está ainda no início das diversas prioridades da empresa mas que tenderá a crescer e a contar para o crescimento da… Continue reading "ACF aposta em Angola"
Filipe Gil
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A Arlindo Correia & Filhos, empresa de construção civil e obras públicas sediada em Braga, está a apontar a sua estratégia para África, mais concretamente em Angola. Um mercado que, dizem os seus administradores, está ainda no início das diversas prioridades da empresa mas que tenderá a crescer e a contar para o crescimento da empresa no futuro próximo. Em entrevista ao Construir, Custódio Correia, um dos responsáveis da ACF explicou a estratégia que a empresa irá seguir para a conquista desses mercados e aponta as parcerias público-privadas como uma das soluções para suplantar a crise do mercado da construção em Portugal.Como e em que ano foi fundada a empresa?
A empresa foi fundada pelo nosso pai, Arlindo Correia em 1965, passando mais tarde a ser designada por Arlindo Correia e Filhos, SA (ACF). Ao longo deste tempo com a entrada dos filhos na empresa (Custódio, António e José Correia) várias empresas foras criadas dentro do grupo (ver organigrama).
Então, quais as empresas que constituem o grupo ACF?
Quatro promotoras, duas empresas ligadas ao ramo da construção e uma de cerâmica, de produção e venda de tijolo para a construção, e ainda uma empresa ligada à elaboração de parques de estacionamento, um novo negócio que estamos a começar, e ainda um empresa que trata de carpintaria e serralharia.
E essas empresas e este tipo de organização surgiram logo no início das actividades empresariais?
O maior crescimento e expansão deu-se quando os filhos começam a trabalhar na empresa. E começamos a explorar campos de negócios que ainda não tinham sido explorados.
Como empresa de Braga, os vossos negócios são apenas no Norte do país, ou também noutros pontos do país e do mundo?
Somos das primeiras empresas de Braga a ter escritórios em Lisboa. E em 1992 começamos a fazer obras nos Açores, e depois em 1997 iniciamos as primeiras obras na Madeira.
Que tipos de obras têm na Madeira?
No início fizemos muitas obras públicas para o Governo Regional e para algumas câmaras locais. É um mercado que promete bastante. E, há cerca de dois anos temos feito mais obras de habitação e promoção, e ainda obras para alguns clientes particulares.
A zona onde têm menos obras será o Algarve, por alguma razão especial?
Nestes últimos dois anos o Algarve não tem sido o objectivo principal, mas segundo alguns negócios que estamos a finalizar, é uma situação que poderá mudar num futuro próximo. Estamos a pensar investir no Algarve em conjunto com a empresa Socicorreia, que é uma imobiliária do grupo ACF.
Em termos gerais, como avaliam o mercado da Construção em Portugal. Fala-se da crise do sector e da aposta na reabilitação, o que pensam sobre isso?
No meu entender, o mercado está em crise e está a necessitar de algo novo. As parcerias público-privadas, que já se fazem por essa Europa fora, será uma solução. Em Portugal o que era necessário fazer está feito, agora é necessário a reabilitação para ordenar melhor as cidades. Penso que apenas com parcerias público-privadas poderia dar-se a volta à situação de crise no mercado nacional.
Pressupondo que o TGV e o novo Aeroporto de Lisboa irá de alguma forma "ajudar" as grandes empresas nacionais, tal não irá acontecer com uma média empresa de construção, como a vossa, ou ajudará?
Para as grandes empresas o TGV e o novo aeroporto são muito importantes, mas para as médias e as pequenas empresas esses projectos não lhes dizem nada. A não ser que façam uma parceira, ou um consórcio, mas mesmo assim não estou a ver isso acontecer. Para uma empresa média será mais fácil fazer um parceria com uma empresa estrangeira que queira fazer obra cá. Não estou a ver uma empresa nacional grande fazer uma parceira com uma empresa pequena por causa dessas obras
E então para uma empresa da vossa dimensão, onde os grandes projectos nacionais (TGV, Aeroporto) não contam assim tanto, qual a estratégia a seguir?
Estamos a procurar tentar entrar em parcerias público-privadas com algumas autarquias. Estamos a procurar diversificar na habitação, em zonas mais carenciadas e fazer algo diferente. Em Portugal não há muito mais para fazer.
E estão a apostar na reabilitação?
Estamos a apostar na reabilitação, principalmente em obras públicas, que temos feito muitas já desde há alguns anos. Privadas temos em Lisboa na Calçada do Combro, na Lapa e na rua de São Bento, em Aveiro e em Viseu, o museu Grão-Vasco.
Qual a percentagem da reabilitação dentro da facturação da vossa empresa?
Anda entre os 30 a 40% da facturação da nossa empresa.
…e tenderá a aumentar?
Se não aumentar será grave. Não estou a ver o que pode aparecer de obras de raiz no mercado, por isso tem de aumentar.
E ainda em relação às parcerias público-privadas, e com a vossa experiência, como está a ser a reacção das autarquias?
Neste momento, as autarquias ainda estão pouco à vontade para falar nisso, ainda têm pouca receptividade para as parcerias público-privadas. Ainda há muito pouco conhecimento, ainda há dúvidas sobre o apoio do Governo, a legalidade, etc. As empresas estão mais informadas sobre este assunto do que as empresas.
Mas, nas autarquias com quem já contactaram como os "convenceram" a essas parcerias?
Tentamos saber que tipos de edifícios têm em carteira e saber o que eles querem fazer, e tentar perceber de que forma podemos agir. No entanto, com a actual política de endividamento das autarquias, muitos desses projectos estão guardados na gaveta.
Falando agora da vossa expansão internacional. Vocês estão a implantar-se em Angola, qual o vosso objectivo para aquele país?
Para além da promoção própria, vamos tentar entrar nas obras públicas. Em Angola ainda está tudo por fazer, e por isso não é difícil qualquer empresa ganhar obras lá, o difícil é a empresa implantar-se no terreno. As leis são diferentes, as pessoas são diferentes, enfim há um período de adaptação obrigatório.
E daqui a cinco anos, como esperam que o vosso negócio esteja em Angola?
Esperamos que daqui a cinco anos, os negócios em Angola sejam cerca de 20 % da nossa facturação.
E a vossa internacionalização passa por outros mercados/países para além de Angola?
Já temos países em que estamos a trabalhar há mais tempo que Angola, como a vizinha Espanha. Só que existe uma grande dificuldade de entrar em Espanha, aliás, só se consegue entrar se se conseguir uma parceria com os espanhóis, o que gostava que fosse igual em Portugal. Os espanhóis entram facilmente em Portugal e nós não conseguimos o contrário. Mas em termos de parcerias, não parece difícil.
Mas já tentaram o mercado espanhol?
Sim, já, mas ainda não ganhámos nenhuma obra lá.
E concorreram em parceria?
Em parceria estamos neste momento a orçamentar obras.
E para além de Espanha?
Já orçamentamos algumas obras para Cabo Verde, e desde há algum tempo tivemos uma prospecção de mercado na Roménia e também na Líbia, mas não deixam de ser apenas estudos, porque a estratégia mais consistente é Angola e Espanha
Qual tem sido o nível de crescimento, a nível de facturação, da vossa empresa?
Resumindo, a actividade no Continente tem sido a nível de margens negativo. A nossa rentabilidade dá-se fora do Continente, como temos feito na Madeira, e como pretendemos fazer. As parcerias-público privadas será, obviamente, outra das soluções. O ano de 2007 está a correr dentro das expectativas, e temos tido uma rentabilidade mínima, não temos perdido dinheiro. E não temos dúvidas que se não tivesse a promoção própria, seria ainda mais difícil sobreviver neste mercado. Mas nos últimos três anos temos crescido uma média de 18% ao ano. E espero este ano chegar a esses valores, e para que 2008 existir um maior crescimento, tendo em conta o negócio em Angola, e chegar aos 25%.
Para além da promoção imobiliária existe mais alguma área de negócio que pensam apostar?
Sim, na parte entrar na área de parques de estacionamento. Vamos fazer um parque em Vila Verde, com mais de 200 lugares, numa primeira fase e teremos a sua exploração por 50 anos. E neste momento estamos a tratar de outro parque de estacionamento na cidade do Porto, e existem ainda alguns estudos que estamos a fazer para investir nessa área.
As empresas de construção queixam-se muito do fraco investimento público em Portugal. Não haverá empresas demasiado dependentes desse investimento?
O investimento público baixou e com isso baixou e em muito o número de concursos públicos, e isso faz com que, ainda por cima, os preços baixem, e isso faz com que as empresas concorrem a esses concursos apenas para manter as suas estruturas. O Governo tem que dar um sinal, as tais parcerias público-privadas. Se o país não quer que os empresários fiquem dependentes do investimento do Estado, não vejo outra coisa que não seja essas parcerias. Se o Executivo não tem dinheiro que faça parcerias com empresas.
Mas esta crise, que era esperada apenas por uns anos, ainda se sente, não será que é este mesmo o clima normal da economia do sector da construção?
Acredito que aquilo que era de primeira necessidade começa a estar tudo feito. O país tem de começar a encontrar novos projectos. Há meia duzia de anos para cá é que nos começamos a preocupar com os certificados de qualidade e a segurança das obras, que estão mais rigorosas, mas só acontecem há cerca de três anos para cá. São normas com as quais concordo, mas talvez tenha agravado ainda mais a crise de algumas empresas.
Mas a vossa empresa está certicada?
Sim, a ACF tem um certificado de qualidade, há cerca de quatro anos, e pedimos recentemente certificado de higiene e segurança, e estamos, neste momento, o processo na área do ambiente.
E esses certificados são vantajosos para a empresa?
A nossa empresa é certificada, mas até hoje isso não valeu de nada. Concorremos a uma obra pública e isso não vale de nada. Deveria haver uma pontuação maior para uma empresa certifica do que aquelas que não o são.
Mas há uma certa vantagem, não?
Em termos de organização internas vale a pena, mas são muito poucos os clientes que sabem as vantagens que podem ter ao contratarem uma empresa certificada. As pequenas empresas não se preocupam com isso, e o Governo não se preocupa também com esta diferenciação.
A vossa grande aposta é Angola e a aposta na promoção imobiliária da SociCorreia?
Neste momento a ACF está a começar a dar passos de mãos dadas com a Socicorreia, e esperamos estar, dentro de dois anos, entre as cinquenta empresas de construção do ranking nacional em termos de rentabilidade.