Intervenções na cidade capital
A organização da Trienal de Arquitectura de Lisboa lançou um desafio para serem apresentadas propostas de intervenções para transformar vazios urbanos da capital, foram 15 propostas as escolhidas. Na passada edição do jornal Construir apresentamos oito, conheça agora as restantes ideias"A cidade como palco de espectáculos e o vazio como palco de operações", esta foi… Continue reading Intervenções na cidade capital
Filipe Gil
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A organização da Trienal de Arquitectura de Lisboa lançou um desafio para serem apresentadas propostas de intervenções para transformar vazios urbanos da capital, foram 15 propostas as escolhidas. Na passada edição do jornal Construir apresentamos oito, conheça agora as restantes ideias"A cidade como palco de espectáculos e o vazio como palco de operações", esta foi a proposta elaborada por um conjunto de pessoas ligados à arquitectura paisagista, coordenados por Maria Quintino e Maria João Fonseca, em colaboração com os fotografos António Bettencourt e Mária Vilela. De acordo com Maria Quintino, em declarações ao Construir "a nossa proposta tem muito a ver com a utilização do espaço diariamente, comparando-o um pouco o que acontece nos palcos de teatro". A proposta resulta na acção de plantar seis árvores num vazio urbano. De acordo com a mesmo fonte é a materialização da ideia de que a "cidade é de todos e para todos", e não devem ser apenas os profissionais, arquitectos, urbanistas e paisagistas a intervir nela".
"A cidade como palco de operações resulta da ideia de existência de resíduos do crescimento urbano por vezes inacessíveis, detentores de memórias ambientais e sociais muitas vezes esquecidas, os espaços vazios exigem novas leituras individualizadas na redescoberta da sua identidade. O espaço vazio é um ponto de partida para a interactividade e para a experimentação da acção", explicam os autores na descrição do projecto.
Outra das propostas é uma instalação na Doca do Jardim do Tabaco, da autoria de Marco da Silva e Daniela Trigo Lopes. O tema para a participação neste concurso motivou a participação e explicam que, "apesar de não sermos de Lisboa, vivemos nela e tem ideias para os lugares da cidade". A proposta é uma lounge-beach dividido em dois projectos, primeiro uma piscina da doca, com a ideia, utópica, segundos os autores, no rio Tejo, e em segundo um espaço lounge que serve, segundo Marco da Silva "uma motivação para a interacção entre as pessoas", adiantou ainda que o conceito surgiu na ideia de trabalhar a margem do rio e a tratar a relação da cidade com esta importante "personagem" da urbe.
Instigado sobre a utilização real deste projecto, um dos autores respondeu que é um projecto exequível explicando que "se calhar vai ao encontro da vontade da cidade". Pode não ser nestes moldes, mas há exemplos de cidades que encontraram soluções deste género". No entanto, adiantou, ainda ninguém fez uma proposta para a utilização da ideia.
Acabar com a Segunda Circular
Já o ateliermob criou uma ideia para a Segunda Circular que tem por objectivo questionar o sentido desta via rápida de Lisboa. O seu caracter "agressivo" e inultrapassável é posto em causa. Argumenta-se no sentido da sua domesticação e de lhe atribuir uma escala mais propensa a uma ideia de cidade em que a habitação coexiste com a circulação automóvel. De acordo com o atelier a Segunda Circular "embora procure funcionar como uma via rápida dentro da cidade, os frequentes congestionamentos da Segunda Circular, impedem que seja utilizada enquanto tal. Ficamos assim, praticamente no centro de Lisboa, com um elemento urbano que se constitui como um muro para o normal funcionamento das malhas e do desenho urbano". A proposta deste atelier para aquele espaço é de desmantelar progressivamente aquela via (assim que a CRIL estiver finalizada), e aproveitar este enorme "vazio" que rasga a cidade de Lisboa.
Outra das propostas foi a elaborada pelos Investimentos Imobiliários de Intevenção (i.i.i.) o mote é: "agora os seus sonhos já podem ter lugar; escolha o sítio que mais convém à sua ideia. É fácil e é de graça! Ver para crer! Aproveite já esta oportunidade! Pois, esta é uma oferta limitada ao stock existente". De acordo com os responsáveis desta proposta, denominados AVZ Projekt, o intuito é incentivar o "vislumbre das potencialidades da cidade actual para servir o carácter colectivo das aspirações das populações. A procura do verdadeiro benefício de um uso público assume, nesta proposta, a materialidade das coisas simples. Simples de pensar e executar". Com esta proposta, sublinhadamente crítica, pretende-se que " nunca é de mais relembrar que sabemos, que cidade temos. E se os fogos devolutos são 16 por cento dos fogos ocupados, não podemos escondê-lo. É preciso exibir essa grande parte da cidade, enorme campo de homogéneo e omnipresente vazio. O AVZ Projekt apela, com esta proposta ao "Destruir construindo!" na "dispersão de um problema específico de sobre-urbanidade abrem-se espaços que "desdensificam" a cidade instituída e permitem potencializar a participação num ordenamento alargado. Na verdadeira apropriação física do vazio urbano, toda a cidade é de todos.
O objecto final produzido compreende essa dupla dimensão ética. Assume-se como lápis, ferramenta para o projecto, mas torna ridículo o problema da folha em branco. O medo do vazio criativo é quebrado pela posse e manipulação da arma (aríete). Nas novas condições técnicas o cidadão-arquitecto percepciona uma realidade capaz de se abrir para a construção da justiça.
Presença física nos pilares de uma ponte
A proposta de Paulo Miguel de Melo, com Maria João Correia e Luís Maria Baptista avançou com a proposta denominada "Tecto Habitado". Esta proposta baseia-se num projecto de uma galeria de arte com células de produção artística individual de caractér temporário que cria um espaço duplo de exposição colectiva ao nível do solo, e dentro do tecto. De acordo com os responsáveis o Tecto Habitado é uma estrutura de espaço que constrói três níveis de experimentação e vivência humana distintos: Uma praça coberta ao nível da cota da rua, para um recinto público a utilizar como exposições e eventos colectivos; é também um tecto habitado com células de criação, produção e exposição resultante do trabalho individual dos artistas residentes. E faz ainda parte da proposta uma cafetaria suspensa entre os pilares da ponte com vista panorâmica sobre o rio e a cidade a 35m de altura. Todos os acessos verticais são realizados através do interior dos pilares da ponte que são ocos. Um para escadas, outro para elevadores. Este projecto consiste numa plataforma construída a 4 metros do solo, com 4 metros de espessura altura , estruturada quase na totalidade do espaço vazio existente, por cheios e vazios, de secção cúbica, geometricamente e uniformemente definidos e distribuídos de acordo com a orientação e a secção dos pilares da ponte.
Teatro Romano em Lisboa
E, por último, a proposta de um Teatro Romano em Lisboa. Baseado no existente perto do castelo de São Jorge, Ana Maria Ribeiro Lopes propôs a remoção total das coberturas metálicas que actualmente abrigam o local, a limpeza sistemática da ruína deixando somente os elementos em pedra e alvenarias, a remoção de todo o paramento que actuamente faz a ligação, pela Rua de São Mamede, ao museu, a reconstrução de todo o sistema público de ruas em lajetas em lioz com dimensões variáveis, a inclusão de guardas metálicas sobre cada uma das três àreas de escavação, a implementação de uma pequena cafetaria reutilizando a pequena construção existente sobre a plataforma mais a Sul e um sistema de iluminação geral que valorize o conjunto durante a noite. De acordo com a criadora "a tecnologia construtiva joga aqui um papel de grande importância pois, sendo ela uma das matérias em que a arqueologia se debruça é também ela que virá afirmar e diferenciar os elementos que esta proposta desenha".