Ateliê à Lupa – Da Platz – marketing e arquitectura
“A sensibilidade da arquitectura com a razão do marketing”, é esta a forma como os responsáveis pelo atelier de arquitectura e marketing Da Platz designam um projecto diferente que alia estas duas disciplinas. O objectivo é encontrar a melhor forma de vender os projectos onde estão envolvidos Marketing ao serviço da arquitectura A vossa empresa… Continue reading Ateliê à Lupa – Da Platz – marketing e arquitectura
Filipe Gil
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“A sensibilidade da arquitectura com a razão do marketing”, é esta a forma como os responsáveis pelo atelier de arquitectura e marketing Da Platz designam um projecto diferente que alia estas duas disciplinas. O objectivo é encontrar a melhor forma de vender os projectos onde estão envolvidos
Marketing ao serviço da arquitectura
A vossa empresa é um pouco diferente, quando algum cliente vos procura o que é que vos pedem?
Ivan Pinheiro (IP): Marketing, sobretudo marketing. Em primeiro lugar o cliente quer marketing. Se ele já tem o edifício e quer saber o que pode fazer para o vender melhor, procura-nos. Temos que alterar o produto, derrubar paredes, manter as estruturas, alterar a parte das especialidades, e é nesse sentido que entra todo o trabalho da arquitectura, juntamente com o marketing.
E como é o vosso processo de trabalho?
IP: Temos uma equipa de investigadores que vai ao terreno. Um arquitecto e um especialista em marketing. Depois faz-se uma análise do local no qual se gera um briefing acusando todas as vantagens e desvantagens do produto, esse briefing vai para o marketing e também para os arquitectos. Depois as equipas juntam-se, num brainstorming, onde se registam as suas preocupações, sendo que os arquitectos explicam o que é possível para alterar o projecto. Nós afirmamos que a Da Platz nasceu para garantir vendas. Ou seja, depois, de algumas alterações o produto, nasce, ao mesmo tempo, uma campanha de vendas. Por vezes temos clientes que aceitam apenas a nossa experiência de marketing, outras vezes só nos pedem os projectos de arquitectura.
Como por exemplo?
IP: Já aconteceu num projecto de um resort em Tavira, no Algarve. Um cliente que queria uns 30 quartos e que queria viver no local. Nesse projecto elaboramos apenas o projecto arquitectónico. E temos outro exemplo noutro projecto na Praia da D. Ana, no Algarve. O cliente tinha oito andares, em frente à praia, de T1. Não tinha Penthouse, não tinha garagens, e tinha elevadores pequenos. Fizemos as alterações arquitectónicas, e depois de pedidos de alteração junto da Câmara Municipal de Lagos, sugerimos lançar o produto aconselhando que a venda fosse feita no estrangeiro. E tem vendido muito bem. É esse o nosso trabalho.
E qual é a relação entre os criativos de marketing e os arquitectos?
IP: O pessoal de marketing adquire a experiência do promotor. O especialista de marketing quer saber qual a razão de, em certos casos as vendas não terem resultado. E eles funcionam, junto dos arquitectos como uma pressão. Por exemplo, explicar ao arquitecto que em certo projecto corredores não devem ser planeados, pois são considerados área perdida. No entanto, e por sua vez o arquitecto explica que se pode colocar roupeiros nos armários, e assim chegam a acordo, o que ajuda a vender. No fundo são discussões muito duras, o arquitecto prima pela estética enquanto a equipa de marketing puxa pelas vendas e para a utilidade dos projectos.
E como têm sido os resultados dessas parcerias até ao momento.
IP: O trabalho do arquitecto acaba por se adaptar às exigências do marketing…
…e isso é bem aceite? IP: A princípio o cliente acha um pouco estranho. Mas contornamos essas situações com exemplos do que já fizemos.
E podem desenvolver este tipo de estudos também em projectos maiores, como quarteirões nas cidades?
IP: Esse é o sonho. Nós apenas estamos a desenvolver uma tendência que já existe noutros países. Por exemplo, um dos grandes publicitários mundiais, o francês Jacques Séguela já interfere em praças. Ele foi o primeiro homem a perceber que o arquitecto e o publicitário conviverão juntos no futuro. A arquitectura é importante demais nas cidades no ponto de vista da comunicação. Estamos a tentar fazer em Portugal aquilo que o ingleses já fazem. Como por exemplo a recuperação das Docklands de Londres e isso foi conseguido através de marketing e arquitectura. E cá em Portugal já começam a nascer projectos assim, como na zona do Alqueva, em que o marketing está a ditar que tipo de projectos irão nascer por ali.
Mas, por exemplo, como é que os arquitectos que não fazem parte do vosso atelier aceitam as vossas indicações de mudança de um projecto da sua autoria?
IP: Vamos ter agora, e pela primeira vez, um projecto de um arquitecto conhecido. Vai ser difícil, mas é o nosso trabalho. Queremos fazer um bom trabalho, e mostrar os projectos em que estivemos envolvidos, vamos ver como corre.
E como é que o mercado aceita um empresa que é híbrida entre a arquitectura e o marketing, numa altura em que são os nomes dos grandes arquitectos que vende?
IP: A interferência do marketing na arquitectura é algo muito novo. Existem os projectos da Vila Utopia, em Óbidos, para o qual os arquitectos famosos convidados foram definidos pelo marketing e a necessidade de venda.
E, falando agora da arquitectura, propriamente dita, todo este processo não limita a criatividade do arquitecto?
Angelo de Castro (AC): A criatividade não é limitada por aí. Já de partida existem muitas condicionantes para arrancar com um projecto. A criatividade vem junto com o processo ao estabelecer o programa, e que é feito em função do cliente. O marketing até ajuda bastante em certo tipos de projectos.
Nas vossas reuniões de ideias, como é que encaram o briefing proposto pelo marketing, já têm ideias estabelecidas?
Não, nada está pré-estabelecido. A ideia desta junção do marketing e arquitectura é poder ampliar a oferta para os clientes. Existem clientes que sabem o que querem outros que não. A ideia é poder apoiar o cliente o máximo possível.
Qual a arquitectura que mais fazem?
AC: Temos feito bastantes trabalhos na área da habitação e estamos agora a iniciarmo-nos noutros projectos, como hotelaria.
E como caracterizam as vossas criações?
AC: Fazemos arquitectura contemporânea, que é muito abrangente e dinâmica.. mas estamos muito preocupados em ver as novas tendências, as novas tecnologias, e também com as questões climáticas.
Sendo os dois brasileiros, a vossa arquitectura é mais portuguesa ou sul-americana?
AC: Actualmente a mistura de estilos é tão grande, devido à globalização, que não posso dizer que sigamos um estilo muito definido. A nossa arquitectura tem uma linguagem universal e contemporânea.
E qual a sua opinião do actual estado da arquitectura nacional?
AC: Falando da arquitectura contemporânea, e não aquela que ainda se faz e marca muito pelo negativa pela má construção que é feita em massa, como no Algarve. Há projectos muito mal construídos e mal concebidos. Mas também há uma geração que faz coisas muito interessantes.
ficha técnica
Nome: Da Platz – Design, Arquitecta
Morada: Da Platz Operação
Calçada dos Mestres Rua Dois nº 2E – 1070 – 079 Lisboa
Da Platz Estoril Atelier
Rua Alto da Milha, nº504 – 2765 – 297 São João do Estoril
E-mail: daplatz@daplatz.com.pt
Site: www.daptaz.com.pt
Projectos: Edificio Barra Trade IV-Rio de Janeiro-Brasil; Edificio de Habitação-Luanda-Angola; Edificio Priamo-Habitação-Lisboa; Talatona Center-Escritórios e Comercio-Luanda Sul-Angola; Vilacampina Guesthouse-Luz de Tavira-Algarve; Moradia na Quinta da Beloura II-Sintra.