Ateliê àLupa – Victor Neves, Arquitectura e Urbanismo
Em funcionamento desde 1984, o atelier de Victor Neves manteve sempre uma dimensão pequena e um carácter familiar, e tem como motivação actual os projectos ligados ao ambiente O ambiente como referência Pedro Cristino Como nasceu o atelier? Victor Neves – O atelier existe desde 1984. Começámos a trabalhar em equipamentos públicos e, curiosamente, as… Continue reading Ateliê àLupa – Victor Neves, Arquitectura e Urbanismo
Pedro Cristino
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Em funcionamento desde 1984, o atelier de Victor Neves manteve sempre uma dimensão pequena e um carácter familiar, e tem como motivação actual os projectos ligados ao ambiente
O ambiente como referência
Pedro Cristino Como nasceu o atelier? Victor Neves – O atelier existe desde 1984. Começámos a trabalhar em equipamentos públicos e, curiosamente, as primeiras obras do atelier foram no Norte do paÃÂs, para a região de Bastos, Minho. A partir daàcomeçaram a aparecer uma série de trabalhos mas durante alguns anos trabalhámos muito para a região Norte. Mais tarde começámos a alargar as nossas perspectivas e começámos a trabalhar em todo o paÃÂs.
Quais as dificuldades encontradas pelo atelier ao longo do seu trajecto?
VN – Eu apostei sempre em manter o atelier com uma dimensão relativamente pequena e com um carácter um pouco familiar. É evidente que, sobretudo a partir da década de 90, manter um atelier com essa dimensão traz alguns constrangimentos, porque nós hoje estamos inseridos numa sociedade muito global, num mercado que, pelo menos no que respeita àEuropa, envolve vários paÃÂses e, portanto, a concorrência, para um atelier com esta dimensão, às vezes é dura. É preciso ser-se muito selectivo naquilo que se pretende fazer e ter também alguma dose de sorte, mas a principal dificuldade que neste momento sinto é que, para manter um atelier destes é preciso criar sinergias com outros técnicos, com outros ateliers, fazer parcerias e isso tanto a nÃÂvel nacional como internacional. Nós começámos agora a fazer parcerias, por uma questão de sobrevivência, pois acho que os ateliers de pequena dimensão terão uma vida difÃÂcil. Ou expandem a sua dimensão, ou mudam de perfil.
No seu ponto de vista, como acha que os portugueses vêem o papel do arquitecto?
VN – Eu acho que, na nossa sociedade contemporânea, a arquitectura tem um papel privilegiado. É a disciplina que mais facilmente pode transmitir uma imagem de qualidade e excelência de um paÃÂs e de uma sociedade. Atrevo-me a dizer que, no caso português, do ponto de vista da arquitectura, nós não estamos mal. Julgo até que estaremos numa posição melhor do que alguma vez estivemos. As pessoas começaram a reconhecer que o arquitecto não é um luxo, mas sim um profissional habilitado para criar qualidade no espaço construÃÂdo e no espaço urbano, e sabem que vale a pena esse investimento. O problema é que existe ainda um desfasamento entre aquilo que é a produção da arquitectura em Portugal e as grandes decisões estratégicas, tanto ao nÃÂvel polÃÂtico, como ao nÃÂvel económico, referentes às cidades e ao território. Contudo, parece-me que as coisas estão realmente a melhorar. A nÃÂvel polÃÂtico, por exemplo, já existe alguma sensibilidade, se bem que limitada, para uma ideia de qualidade e de excelência. Outro problema é que, apesar de nós hoje sermos cerca de 11 mil arquitectos inscritos, o nosso papel e a nossa influência na sociedade portuguesa ainda é muito limitado.
Em relação às cidades portuguesas, do ponto de vista do arquitecto, qual é a sua opinião?
VN – O problema principal de grande parte das nossas cidades é que são construÃÂdas sem intervenção do arquitecto – o profissional mais habilitado, do meu ponto de vista, para planear a cidade e, inclusive, o território. No nosso caso, é evidente a falta de planeamento e de qualidade na construção e na gestão do espaço urbano. A questão da recuperação das construções existentes na cidade – e não apenas nos cascos históricos – é urgente. Por outro lado, também há que implementar outro tipo de gestão e planeamento da cidade que não apenas através dos instrumentos tradicionais dos planos. Na grande maioria dos casos ou falham ou então, quando começam a ser implementados, já estão completamente ultrapassados no tempo. Outro problema é o do controle do limite da cidade. Limitar as nossas manchas urbanas é fundamental para efectuar essa gestão.
Hoje em dia têm trabalhado mais para clientes privados ou para instituições públicas?
VN – Temos feito alguns trabalhos para entidades privadas mas o grosso do nosso trabalho tem sido para o sector público e gostamos porque trabalhar para estas tem uma vantagem para qualquer atelier: permite-lhe um controlo do projecto muito mais efectivo. Um projecto feito para uma entidade pública irá, garantidamente, até àexecução, enquanto que, para uma entidade privada, muitas vezes os projectos limitam-se a uma determinada fase, são entregues e o arquitecto deixa de ter uma intervenção directa. O nosso atelier tem tido, com alguma sorte, oportunidade de fazer a obra e isso é uma questão muito importante para um arquitecto.
Que projectos desenvolve actualmente o atelier?
VN – Há um fenómeno interessante relacionado com o interesse de algumas entidades públicas nos projectos relacionados com a área ambiental, o que já começa a ter alguns reflexos nas encomendas que aparecem nesta área. Nos últimos tempos o atelier tem tido projectos de centros de educação ambiental, um programa muito recente em Portugal, e projectos de recuperação paisagÃÂstica, aliados, depois, a outras vertentes da arquitectura. Estamos a desenvolver um projecto para as Minas da Urgeiriça – as minas de urânio – que consiste na recuperação daquela área e também na implementação de um centro de ciência relacionado com o urânio. Ainda nessa vertente, estamos a trabalhar num projecto na marginal de Esposende. Estamos também a fazer uma nova aposta na habitação, uma área que, actualmente, possui horizontes completamente novos, especialmente no que concerne o impacte que as tecnologias de informação têm nos conceitos de habitar.
Sei que é professor. Como acha que está o ensino da arquitectura no paÃÂs?
VN – O ensino melhorou. Há uns anos atrás, numa conferência que fizemos na Gulbenkian, sobre o ensino da arquitectura, eu disse, relativamente ao 73/73, que reconheço o nosso direito de reivindicar a arquitectura para os arquitectos mas essa reivindicação está ligada a uma questão que, para nós, é fundamental, que é o da sociedade reconhecer também a qualidade do arquitecto. Isso passa muito pela qualidade do ensino e, nessa altura, disse que a qualidade do ensino tinha que evoluir. Hoje em dia as coisas melhoraram bastante, porque as universidades passaram a ter autoavaliações e passaram a ser também avaliadas por entidades exteriores. O processo de Bolonha, por exemplo, começou a comparar as universidades portuguesas com as universidades europeias e até com as americanas e isso, evidentemente, traz um grau de exigência que cria, necessariamente, evolução. Contudo, acho que há cursos a mais. Tem que haver agora um processo de “emagrecimentoâ€Â, de selecção natural desses cursos porque tenho a certeza que nós estamos a mandar “cá para fora†demasiados arquitectos. Apesar disso, acredito que o paÃÂs precisa deles.
Como define a arquitectura que é feita no seu atelier?
VN – Embora seja da escola de Lisboa, a minha referência sempre foi a escola do Porto, pelas suas caracterÃÂsticas relativamente àmetodologia e àestratégia da evolução do projecto A minha arquitectura – e a do atelier – não é formalista, sempre manteve uma matriz modernista, muito própria da escola do Porto, que sempre deu uma grande importância àrelação com os lugares. Possui um carácter racionalista e mantemos essa caracterÃÂstica.
ficha técnica
Nome: Victor Neves Arquitectura e Urbanismo
Morada: Rua das Trinas, 48, 2º – 1200-859 Lisboa
Telefone: 213951697
Fax: 213955961
E-mail: victneves@sapo.pt
Site: www.victorneves.com
Projectos: NOVO HOSPITAL DISTRITAL DE LAMEGO; CENTRO DE INVESTIGAÇÂO DA RADIOACTIVIDADE NATURAL- MINAS DA URGEIRIÇA; REMODELAÇÃO DO FORTE DE S. JOÃO BAPTISTA, EM ESPOSENDE; PARQUE URBANO NA MARGINAL DE ESPOSENDE; ESCOLA DO 1º CICLO DO ENSINO BÃÂSICO DE VALE FLORES, ALMADA; CENTRO DE SAÚDE DE S.DOMINGOS DE RANA, CASCAIS; DOCA DE RECREIO DA Nª SRª DA GUIA DE VILA DO CONDE; CASA UNIFAMILIAR EM CACELA-A-VELHA.