Bons projectos geram produtividade
A importância do bem-estar no local de trabalho e a sua relação com a produtividade de uma empresa são preocupações crescentes em Portugal. O Construir procurou saber a opinião dos arquitectos e esta foi unânime: um bom projecto neste segmento pode fazer a diferença, uma vez que trabalhar em espaços agradáveis aumenta o nÃÂvel de… Continue reading Bons projectos geram produtividade
Ana Rita Sevilha
Ordem dos Engenheiros lança ‘Prémios Nacionais’
“Redução de custos ambientais e operacionais” justifica importância do Aqua+ Escritórios
ACEMEL atinge os 20 associados com entrada da Nabalia e EZU Energia
Casa da Arquitectura abre concurso para bolsas de doutoramento
Fundão recebe o New European Bauhaus Festival
Segurança de trabalhos em altura no sector da construção
Câmara de Setúbal vai reabilitar Palácio do Quebedo por valor superior a 2 M€
Preços de escritórios e lojas aumentaram em média +20% durante a pandemia
TdC dá luz verde ao prolongamento da Linha Vermelha
Century 21 Portugal espera “crescimento” nos próximos anos
A importância do bem-estar no local de trabalho e a sua relação com a produtividade de uma empresa são preocupações crescentes em Portugal. O Construir procurou saber a opinião dos arquitectos e esta foi unânime: um bom projecto neste segmento pode fazer a diferença, uma vez que trabalhar em espaços agradáveis aumenta o nÃÂvel de produtividade
O mercado de escritórios em Portugal está em expansão, estando prevista para a capital a conclusão, nos próximos anos, de um elevado número de projectos neste sector, concluiu a consultora CB Richard Ellis no seu Boletim de Mercado. Actualmente em Lisboa, a zona que compreende a Avenida da Liberdade, Saldanha, Amoreiras e Avenida da República é a que apresenta a maior quota de stock, enquanto que no Porto, a Avenida da Boavista é a que apresenta maior concentração de escritórios. Ao crescimento de novos espaços está aliada uma importância crescente relativamente ao bem-estar no local de trabalho, não se traduzindo apenas em boas práticas mas também em produtividade. Contactados pelo Construir, os autores de alguns dos mais emblemáticos escritórios nacionais revelaram que trabalhar em ambientes agradáveis leva a passar mais tempo no escritório e a aumentar os nÃÂveis de produtividade.
Flexibilidade é palavra-chave
“Definir o modo e a forma adequada ao desenvolvimento de um espaço de trabalho, significa antes de tudo, que este cumpra para além da sua funcionalidade, o bem-estar de quem o ocupeâ€Â, esta é uma das premissas de actuação de Alexandre Burmester no que toca a projectos de escritórios. De acordo com o arquitecto autor da sede da Vodafone em Lisboa, “parte-se do pressuposto que qualquer pessoa funcionará melhor se lhe permitirem cumprir as suas funções num espaço que sinta seuâ€Â. Permitir a individualização dos locais de trabalho cria espaços que possibilitam tornar pessoais os diversos postos, e diferenciam áreas e sectores que dentro da diversidade aparente criam uma unidade de leitura e identificação. Um dos maiores desafios é o de manter a motivação, facilidade de produção e interesse de um trabalhador, e por isso mesmo, Alexandre Burmester foca a necessidade de concretizar uma variedade de perspectivas que apelem aos sentidos e emoções. Na perspectiva do arquitecto deve-se procurar uma relação forte entre espaços e pessoas, mas não na imagem militarizada de espaços de trabalho homogéneos e monótonos, mas sim de uma aparente desordem. No desenvolvimento da sede da Vodafone no Parque das Nações, o arquitecto explica que o desenvolvimento dos ambientes foi resumido às questões de espaço, iluminação, e às opções de instalações. Para além destas questões, todos os espaços de trabalho da sede ficaram virados para o exterior de forma a tirar partido das vistas, ficando os espaços de circulação virados para o interior, “permitindo uma imagem interactiva de toda a sedeâ€Â. A transparência é outra das caracterÃÂsticas deste projecto, que visa promover a criação de um ambiente uno e contÃÂnuo, e que dá especial importância às aberturas e entradas de luz natural. A qualidade do ar é para Alexandre Burmester também um ponto importante no desenvolvimento destes espaços, tendo por isso optado na sede da operadora por tectos climatizados e renovação do ar através de pavimentos falsos. Questionado sobre quais as razões que motivaram a mudança de instalações para a actual sede, o presidente do conselho de administração da Vodafone, António Carrapatoso refere que, entre outras, foi a “oportunidade de viver num edifÃÂcio de referência com um projecto adequado às necessidades especÃÂficas da Vodafoneâ€Â. E, relativamente às mais-valias da mudança e àopinião dos colaboradores da operadora o mesmo responsável explica que a satisfação dos colaboradores da Vodafone “é um facto constatado. Tal tem sido demonstrado nas avaliações de satisfação que são feitas anualmenteâ€Â, sublinhando que, “a zona do Parque das Nações para além de possuir das melhores infra-estruturas de transporte, lazer e comerciais da cidade de Lisboa proporciona um ambiente de prazer visual pelas excelentes vistas para o rio Tejo e toda a arquitectura envolventeâ€Â. António Nunes de Almeida, autor de alguns dos edifÃÂcios que formam o complexo empresarial Taguspark, partilha da opinião de Alexandre Burmester, revelando que a qualidade do espaço é basilar para um bom desempenho de quem nele trabalha. Para tal, o arquitecto aponta a boa iluminação natural e artificial, um bom tratamento acústico que garanta a privacidade e a concentração, e uma boa ventilação, como condições essenciais para o sucesso. Contudo, o mesmo não deixa de parte as vistas que podem ser desfrutadas, o esquema das cores e a qualidade dos materiais. No caso especÃÂfico dos edifÃÂcios que projectou para o Taguspark, nomeadamente o edifÃÂcio do Núcleo Central, os EdifÃÂcios Qualidade e os EdifÃÂcios Ciência, as orientações de cada fachada, de forma a tirar o maior partido das vistas e dos espaços exteriores, foi a grande preocupação em parceria com as questões de acústica e de iluminação, que de acordo com o arquitecto, “nem sempre são bem cuidados na maior parte dos edifÃÂcios de escritórios correntesâ€Â. Paulo Cirne e Bruno Dray, arquitectos do atelier AT.93, estão actualmente a desenvolver um edifÃÂcio de escritórios em Maputo, onde factores como a modularidade do espaço e os cuidados derivados do impacto de uma forte exposição solar caracterÃÂstica do paÃÂs, foram o ponto de partida para o desenho de um espaço pensado para dar aos seus utilizadores um ambiente agradável. Paulo Cirne e Bruno Dray acreditam que a produtividade de uma empresa pode estar ligada ao espaço onde a mesma se insere, mas para tal é necessário ter em conta uma série de questões de vital importância. “Máxima funcionalidade através de uma modularidade exemplarâ€Â, é o requisito para escritórios múltiplos, para que os utentes se consigam apropriar do espaço com a máxima liberdade e comodidade.
A localização como factor de sucesso
Rita Pires, arquitecta do AN-Arquitectos, empresa integrada no Focus Group, vai ainda mais longe, considerando que “a qualidade do espaço de trabalho é muito importante, não só para um bom desempenho, como para uma boa disposição e relacionamento com os outrosâ€Â. Contudo, para que um escritório tenha qualidade arquitectónica, factores como a localização do espaço e sua envolvente são tão importantes como a flexibilidade, o conforto ambiental ou mesmo a economia energética. Rita Pires sublinha que, “antes mesmo da caracterização do espaço, a localização é efectivamente um factor importante, pois pode condicionar não só o sucesso de uma empresa, como a motivação dos seus trabalhadoresâ€Â. Portanto, para a arquitecta do AN-Arquitectos, factores como estacionamento, transportes, existência de outros serviços e qualidade da envolvente são de grande importância na escolha de um local para a instalação de uma empresa. Nesse sentido, o edifÃÂcio de escritórios que o atelier está a projectar para o antigo pavilhão da realidade virtual parece ser consensual, uma vez que “a sua localização parece ser àpartida uma mais valiaâ€Â, nomeadamente pela relação de contemplação que permite com a sua envolvente verde e de água, que segundo Rita Pires, “são factores de descompressão que aumentam a capacidade de trabalhoâ€Â. Relativamente àcaracterização do espaço, a flexibilidade, optando-se por zonas mistas em que coabitam áreas compartimentadas e abertas, é a questão mais importante, sendo por isso o formato em openspace o mais adoptado actualmente, uma vez que permite compartimentá-lo de diversas formas. Para além disso, Rita Pires, tal como Alexandre Burmester, refere os pavimentos elevados e os tectos amovÃÂveis como boas apostas, não só por questões de ventilação mas também porque permitem uma alteração fácil e menos dispendiosa, uma vez que as necessidades do momento são cada vez mais flutuantes. As questões bioclimáticas são também focadas pela arquitecta, sublinhando que é importante ter preocupações com a poupança energética, mas sem comprometer a eficiência energética do edifÃÂcio.
Portugal está a mudar?
No que diz respeito às empresas portuguesas e às suas exigências ao nÃÂvel dos locais de trabalho, as opiniões dividem-se. Para Alexandre Burmester, “os conceitos que procuramos adoptar nem sempre são os melhor recebidos por parte das empresasâ€Â, frisando que salvo raras excepções “ainda procuram na sua maioria a implementação de mobiliário de baixo custo, e uma definição clara da hierarquização dos postos de trabalho pela vulgar escolha de diferentes alturas das costas da cadeiraâ€Â. António Nunes de Almeida não partilha da mesma opinião, e refere que as empresas se preocupam com as suas instalações, sendo “o espaço de trabalho, o seu conforto, a qualidade do espaço, a funcionalidade e as caracterÃÂsticas do ambiente são muitas vezes a preocupação principal das empresas, procurando que estas condições possam mesmo influenciar os resultados da empresa e o bem-estar de todos os seus colaboradoresâ€Â. Paulo Cirne e Bruno Dray salientam que no desenrolar da sua actividade têm assistido a uma crescente preocupação a esse nÃÂvel, acrescentando que “já faz parte da consciência geral, o capital de confiança que um bom desenho e consequentemente uma boa imagem pode transmitirâ€Â.
Principais preocupações
Muitas são as preocupações a ter em conta no desenvolvimento de projectos de escritórios, contudo, o Construir foi tentar junto de alguns dos arquitectos que já projectaram espaços de escritórios, quais os principais factores a ter em conta no desenho destes espaços para que os mesmos proporcionem ambientes propÃÂcios a um bom desempenho de quem neles trabalha.
1º Flexibilidade do espaço
2º Iluminação
3º Eficiência energética
4º Acessibilidades
5º Qualidade dos materiais