Ateliê àLupa – Oco
A partir de um conjunto de pessoas que se reunia “para fazer coisasâ€Â, nasceu o atelier Ôco. Sustentado pela ideia de uma matriz humana em que cada projecto passa por todos e por cada um, a arquitectura da Ôco caracteriza-se por uma pluralidade resultante de uma linguagem em que “cada um dá uma letra†Criatividade… Continue reading Ateliê àLupa – Oco
Ana Rita Sevilha
Quintela e Penalva | Knight Frank vende 100% das unidades do novo D’Avila
Gebalis apresenta segunda fase do programa ‘Morar Melhor’
Reabilitação Urbana abranda ritmo de crescimento
EDIH DIGITAL Built com apresentação pública
Porto: Infraestruturas desportivas com investimento superior a 17 M€
Mapei leva nova gama de produtos à Tektónica
Passivhaus Portugal com programa extenso na Tektónica
OASRS apresenta conferência “As Brigadas de Abril”
2024 será um ano de expansão para a Hipoges
Roca Group assegura o fornecimento de energia renovável a todas as suas operações na Europa
A partir de um conjunto de pessoas que se reunia “para fazer coisasâ€Â, nasceu o atelier Ôco. Sustentado pela ideia de uma matriz humana em que cada projecto passa por todos e por cada um, a arquitectura da Ôco caracteriza-se por uma pluralidade resultante de uma linguagem em que “cada um dá uma letraâ€Â
Criatividade partilhada
Como nasceu a Ôco?
Ricardo Roque Martins (RRM): A empresa surgiu a partir de 2004 e começou como um conjunto de pessoas que se reunia para fazer coisas, era essencialmente um lugar. Contudo, a determinada altura achámos que fazia sentido, até porque começaram a aparecer mais coisas, tornar este conjunto oficial. TÃÂnhamos a perfeita consciência da nossa pequenez e que tÃÂnhamos de ganhar experiência nas coisas mais pequenas, que também eram as que estavam mais ao nosso alcance, e a partir daàirmos crescendo, se as circunstâncias o permitissem. Trabalhávamos muito na base do contacto directo, e com alguma sorte e algum mérito em ter escolhido as abordagens mais correctas, proporcionou-se que três anos depois passássemos do cliente mais pequenino de todos, que é o cliente que fideliza pouco, para o cliente institucional e para as empresas. Neste momento não querÃÂamos perder a matriz humana que deu origem àÔco, porque antes de termos a presunção de ser uma empresa, funcionávamos como um conjunto de pessoas que se juntavam para trabalhar, e portanto, mesmo que às vezes seja difÃÂcil por questões de rentabilidade coser as coisas, realmente vale a pena tentar até ao limite.
Como analisam os anos de actividade?
RRM: De uma forma positiva. Tem havido de tempos a tempos uma grande expectativa de evolução, mas depois também se criam expectativas que originam dissabores. De uma forma geral, a pequena encomenda tem sido cada vez maior e melhor, tem evoluÃÂdo e isso é bom, no entanto, também nos tem mostrado um mercado viciado e muitas vezes desanimador.
Sentem que o facto de serem jovens tem sido uma dificuldade?
RRM: Curiosamente o sermos jovens tem dado para o bem e para o mal. A verdade é que há pessoas que vêem ter connosco claramente porque somos novos, e outras acabam por nos substituir por empresas mais experientes. As pessoas tem a noção que somos mais arejados, temos uma arquitectura menos preconceituosa, e quem está interessado em inovar, como marcas que se querem lançar agora no mercado, procura esse abanão. No entanto, o lobby dos arquitectos mais velhos é muito forte e isso tem sido limitador.
Existem caracterÃÂsticas inerentes a todos os projectos?
João Bucho (JB): Aqui isso não acontece porque cada um dá uma letra àlinguagem, não existe um autor dentro do atelier, somos muitos e todos dizemos coisas. Somos todos participativos e todos iguais, e temos a mesma importância, por isso os projectos acabam por nunca ter uma linguagem marcada.
RRM: Os nossos projectos têm critérios de exigência, e temos a noção que se todos partilharmos desses critérios a coisa fica melhor. A ideia de haver um mentor para cada projecto e depois haver um certo seguidismo pelas pessoas que cá estão, aqui não funciona, justamente por causa daquela matriz que falámos ao princÃÂpio. A ideia era a de pessoas que vinham para cá trabalhar, por isso, a figura do patrão e do empregado não existia.
Existe algum arquitecto, alguma metodologia ou alguma situação que vos sirva de inspiração?
RRM: Nós temos formações diferentes, eu sou formado na Faculdade de Arquitectura do Porto, onde a linguagem é branca, pura e muito higiénica, e o João para além de partilhar esse gosto, pinta e tem uma forma plástica de ver as coisas muito diferente da minha. Isso dá um grande conteúdo às nossas criações, essa pluralidade até agora tem resultado muito bem.
Actuam no campo da arquitectura mas também no do design. Isso é uma estratégia de mercado ou uma necessidade criativa?
JB: É por uma questão de gosto. E existe público para esse trabalho.
RRM: Existe público que se deslumbra com isso, mas àpartida ninguém chega cá àprocura desse tipo de serviço, mas quando se oferece esse tipo de serviços, como o de fazer uma arquitectura com roupagem, que funciona aqui como um complemento da arquitectura, as pessoas deslumbram-se. Admito que essa seja uma forma a explorar num atelier de arquitectura porque convence o cliente. Por exemplo, no projecto do infantário do planaltinho vão ser colocadas ilustrações feitas por nós, essa é uma das intervenções fortes do João, praticamente não se intervém a preto e branco, aquela ideia dos cubos arrumados que depois se desarrumam no recreio, se não fossem cada um de sua cor não se percebia de onde tinham saÃÂdo, ilustra a história que conta.
A encomenda do atelier centra-se mais em que tipo de projectos?
JB: Desde a casota do cão ao jazigo, passando por moradias, infantários e a recuperação do Centro Hindu. Não fazemos distinção pelo tamanho nem pelo valor da obra, um canil tem tanta importância como um colégio.
Projectaram um jazigo. Como foi essa experiência?
JB: O jazigo é um objecto de arquitectura muito difÃÂcil de fazer.
RMR: O trabalho partiu de um cliente privado que queria um jazigo normal. Sendo uma coisa muito simples, é muito fácil que rapidamente se pareça com um quiosque, ou uma barraca de praia. Uma vez que a escala é muito pequena é muito fácil saltar-mos de significado, e essa foi a dificuldade. A ideia foi a de fazer duas portas grandes da parte da frente, que fossem toda a parte frontal do jazigo e que quando se abrissem se visse tudo para dentro. QuerÃÂamos passar uma ideia de esperança e conforto, e não as imagens de fim de linha, que nos pareciam ter menos poesia, no fundo foi isso que nos norteou no desenvolvimento do projecto.
Têm entre mãos a reabilitação e conclusão do Centro Hindu. Que tipo de condicionantes e desafios encontraram no desenvolvimento deste projecto?
RRM: O Centro Hindu foi construÃÂdo parcialmente, e assim ficou durante dez anos. Quando surgiu essa possibilidade apresentámo-nos porque achámos que ÃÂamos gostar de realizar o trabalho, e principalmente porque nunca tÃÂnhamos feito nada do género, do ponto de vista da nossa realização enquanto arquitectos seria uma coisa extraordinária. Logo, entregámo-nos muito para que nos entregassem esse trabalho. A intervenção consiste na recuperação reabilitação e conclusão daquele espaço. Foi muito importante perceber a religiosidade dos hindus, a forma como vêem o mundo, e perceber a importância que dão àquele lugar em particular.
ficha técnica
Nome: Ôco – Ideias e Projectos de Arquitectura
Morada: Rua Prof. Reinaldo dos Santos, 24 – 5D 1500-506 LISBOA
Telefone: 21 778 09 15
Fax: 21 778 07 43
E-mail: oco@oco.pt
Site: www.oco.pt
Projectos: Conjunto de Reabilitação de 11 prédios, Lisboa (Alfama, Castelo e Mouraria), 2004-2005; Infantário Planaltinho, Lisboa, Outubro 2004; Restaurante AYA Bistrôt, Lisboa, Novembro 2005; Remodelação do Restaurante AYA, Lisboa, Fevereiro 2006; Tenda Chipmix, Junho 2006; Colégio Horizonte, Vila Nova de Gaia, Julho 2006; Campo de Jogos Planalto, Lisboa, Julho 2006; Conservação e Remodelação do Centro Hindu, Lisboa, Outubro 2006; Associação Recreativa 1º de Maio, Loures, Novembro 2006; EdifÃÂcio Habitacional em Lisboa, Setembro 2006