Arquitectos querem maior participação na sociedade
Durante três dias os arquitectos portugueses reuniram-se em Almada para discutir o futuro da profissão. Uma maior participação na sociedade e um reforço das estruturas e a revisão dos estatutos foram, em traços gerais os temas mais importantes discutidos na reunião O encontro nacional dos arquitectos portugueses teve «balanço positivo», segundo indicou ao Construir João… Continue reading Arquitectos querem maior participação na sociedade
Ana Rita Sevilha
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Durante três dias os arquitectos portugueses reuniram-se em Almada para discutir o futuro da profissão. Uma maior participação na sociedade e um reforço das estruturas e a revisão dos estatutos foram, em traços gerais os temas mais importantes discutidos na reunião
O encontro nacional dos arquitectos portugueses teve «balanço positivo», segundo indicou ao Construir João Afonso, secretário Nacional da Ordem dos Arquitectos. O congresso, que se realizou em Almada entre os dias 23 e 25 de Novembro desenrolou-se àvolta do tema «Novos Territórios». De acordo com a mesma fonte, o encontro «foi uma reflexão interna importante, com propostas bastante interessantes para o exterior».
O responsável destacou três moções aprovadas, uma geral e duas especificas. Uma moção sobre as estruturas locais e a ideia da Ordem reforçar as estruturas já existentes, pois cada vez existem arquitectos em outros lugares do território e cada vez faz mais sentido repensar as estruturas existentes, acrescentou João Afonso. Também foi discutida uma moção especÃÂfica de incentivo a que os arquitectos participem cada vez mais na vida activa, quer polÃÂtica, quer cÃÂvica, de forma a influenciar a sociedade portuguesa. A moção geral teve em conta a revisão dos estatutos para incumbir àassembleia geral uma estratégia da decisão de novos estatutos.
Apesar do carácter positivo que teve esta reunião, existiram menos participantes do que há três anos atrás, no congresso que teve lugar em Guimarães. João Afonso explicou que essa pouca participação deveu-se, não apenas ao facto de se ter realizado perto de uma grande cidade, como ao factor cultural dos portugueses serem pouco participativos.
Novos Territórios
A cerimónia de abertura do 11º Congresso dos Arquitectos contou entre outros, com a presença da presidente da Ordem dos Arquitectos, Helena Roseta, e com o ministro do Ambiente Ordenamento do Território e Desenvolvimento Regional, Francisco Nunes Correia. Helena Roseta lembrou o primeiro congresso, realizado em 1948, e que marcou uma viragem histórica na profissão sendo, «uma afirmação do interesse público da arquitectura». De acordo com a mesma responsável, a presença de Nunes Correia no Congresso deveu-se ao facto de «a arquitectura ser uma actividade transversal»,e embora a Ordem tenha relações institucionais com vários ministérios, Helena Roseta sublinhou que «sentimos que cada vez mais a questão do território, do ambiente e das cidades começa a ter um protagonismo fundamental nas transformações que se passam no paÃÂs, temos muito empenho em que nesse protagonismo os arquitectos tenham uma palavra a dizer», salientando ainda que «desafiamos o ministro Nunes Correia para que seja o nosso interlocutor privilegiado». Em suma, a presidente da Ordem dos Arquitectos revelou que existem graves problemas no território, e que é importante que os arquitectos se debrucem sobre esta questão e que contribuam com o seu conhecimento e experiência. Já Nunes Correia referiu que «2007 promete ser um ano importante para a arquitectura e para os arquitectos em Portugal», bem como um ano de «virar de página» para o ordenamento do território, nomeadamente pela criação de um novo plano nacional e um observatório para avaliar o seu cumprimento. O ministro adiantou ainda, no âmbito do congresso, que o Plano Nacional da PolÃÂtica de Ordenamento do Território deverá estar pronto até final de 2006, funcionando o mesmo como um «instrumento cimeiro» na regulação da construção e da organização do território, influenciando e orientando a elaboração ou revisão de planos directores municipais, entre outras ferramentas de gestão territorial. No que diz respeito ao decreto 73/73, Nunes Correia garantiu que sairá nova legislação, confiando aos arquitectos a exclusividade na elaboração de projectos de arquitectura.
Classe insatisfeita
Quem são os arquitectos portugueses, o que andam a fazer e os problemas que enfrentam, foram, segundo Helena Roseta, as principais razões para a encomenda do estudo sobre o exercÃÂcio da profissão em Portugal, intitulado «Profissão: Arquitecto (a)». Segundo as conclusões da análise realizada por Manuel Villaverde Cabral e Vera Borges, do Instituto de Ciências Sociais, a arquitectura em Portugal é uma das classes profissionais mais jovens, a maioria tem menos de 35 anos, existe uma predominância masculina, e pouca satisfação profissional. No universo dos arquitectos portugueses, 35 por cento dos profissionais são mulheres, trabalham com vÃÂnculos laborais mais precários e são prejudicadas relativamente às remunerações. Entre os problemas e desafios apontados, Manuel Villaverde Cabral revelou que, a concorrência, a precariedade de emprego e a burocracia ocupam os lugares cimeiros, sublinhando ainda que a oferta excessiva leva a que muitos acumulem várias necessidades. Do mesmo estudo, foi ainda possÃÂvel concluir que a maioria dos arquitectos, cerca de 80 por cento, trabalha em estudos e projectos, sendo na sua maioria de habitações unifamiliares, e mais de 60 por cento exerce a sua profissão em Lisboa ou no Porto. Ainda no âmbito da apresentação das conclusões do estudo, a presidente da Ordem dos Arquitectos, Helena Roseta, revelou que as mesmas «vão ajudar a todos a direccionar os esforços para as primeiras necessidades dos arquitectos e não para aquilo que nós pensamos que são as suas necessidades».
Workshops
A realização de workshops foi outra das caracterÃÂsticas do 11º Congresso dos Arquitectos Portugueses, que entre outras actividades, serviu para discutir e apresentar propostas para a Charneca da Caparica. De acordo com Helena Roseta, «ao trazermos tantos arquitectos para uma determinada cidade do paÃÂs, tÃÂnhamos a obrigação de retribuir com alguma coisa da nossa parte». Nesse sentido, a presidente da Ordem dos Arquitectos revelou que foi lançado um desafio a Almada, municÃÂpio que acolheu o congresso, para designar no seu concelho uma zona problemática. Foram assim constituÃÂdas equipas que durante 15 dias discutiram e desenvolveram propostas para a zona. De acordo com a presidente da Ordem dos Arquitectos, «esta experiência de cooperação entre uma exposição e um sÃÂtio que diz respeito a todos, porque é um exercÃÂcio de cidadania, pode ser bastante interessante independentemente dos resultados do workshop».