CLCS «desenha» quarteirão em Luanda
Implantado na cidade de Luanda, a proposta resultou de um gesto que criou um embasamento e um conjunto de volumes que pousam sobre ele. Materializado em pedra mármore branca e aço corten, o conjunto diferencia-se da sua envolvente Com sede em Lisboa e em Angola, mais concretamente Luanda, o gabinete CLCS arquitectos tem desenvolvido na… Continue reading CLCS «desenha» quarteirão em Luanda
Ana Rita Sevilha
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Implantado na cidade de Luanda, a proposta resultou de um gesto que criou um embasamento e um conjunto de volumes que pousam sobre ele. Materializado em pedra mármore branca e aço corten, o conjunto diferencia-se da sua envolvente
Com sede em Lisboa e em Angola, mais concretamente Luanda, o gabinete CLCS arquitectos tem desenvolvido na cidade angolana diversos trabalhos. O «Quarteirão na Mutamba» é um deles, e consiste num projecto destinado aos usos de escritório e serviços. Localizado no municÃÂpio de Ingombota, este projecto incide sobre uma parcela de terreno com a área aproximada de 1 200 metros quadrados, onde se pretende implantar um edifÃÂcio com uma área de construção de 8 170 metros quadrados. Após definida a área de implantação, o desenvolvimento da proposta foi ao encontro de uma volumetria com cinco pisos acima do solo composto por espaços destinados a escritórios e dois núcleos de serviços, e ainda com três pisos abaixo do solo destinados a receber os estacionamentos.
Opção conceptual
Formalmente, o projecto nasceu da vontade de «criar uma construção que organizasse aquele espaço urbano», revela o gabinete projectista, e ao mesmo tempo, que «tirasse partido das fortes relações visuais da envolvente construÃÂda e natural», sublinham. Partindo deste princÃÂpio, que de acordo com os autores do projecto foi «suscitado pela nossa experiência do local», e pela intenção de que a proposta sintetizasse uma leitura multifacetada do mesmo, foi criado um gesto fundamental no desenvolvimento do projecto que consistiu na definição de «um embasamento e de um conjunto de volumes que pousam casuisticamente sobre ele», explica a memória descritiva da proposta. De acordo com a equipa projectista, a proposta procura «uma dicotomia entre a rigidez de um embasamento, que celebra a sólida ancoragem ao solo, e um conjunto de quatro corpos com princÃÂpios geradores diferentes», simulando estes últimos a heterogeneidade presente no espaço urbano envolvente. Contudo, de forma a tirar partido das variantes climatéricas, urbanas, e naturais do terreno, o posicionamento dos corpos «foi criteriosamente estudado», garante o gabinete projectista. O embasamento prolonga e confirma um gesto que faz a continuação do acompanhamento de rua e do peão, criando assim um volume que estabelece uma relação urbana com a sua envolvente construÃÂda e com os seus utilizadores, uma vez que, «simultaneamente celebra uma escala mais humanizada, onde o peão se sente confortável», explica o documento da proposta.
Diferença cromática
Relativamente àmaterialidade, a escolha da equipa projectista foi para a pedra mármore branca, porque «confere solidez, dignidade e peso a este elemento», e para o aço corten. Diferenciado da sua envolvente em termos cromáticos, o edifÃÂcio «assenta pacificamente no solo ancorando-o com solidez». Para além do elemento unificador de proporção horizontal, a proposta apresenta volumes longilÃÂneos em direcções diagonais que acentuam ou suavizam os efeitos perspecticos. Estes corpos, que se encontram virados para a frente de rua, articulam realidades distintas mantendo no entanto a sua expressão de unidade. Dotado de um jogo de cheios e vazios, que tanto é visÃÂvel em planta como em alçado, este define um equilÃÂbrio intuitivo que por um lado articula espaços livres, que se transformam em praças, e por outro, dilui e funde a volumetria do edifÃÂcio. De acordo com os autores da proposta, «àsemelhança de uma pintura de um mestre clássico onde o cheio e o vazio são importantes de forma equivalente, também aqui é difÃÂcil definir qual terá surgido em primeiro lugar».
Diferenciação tectónica
Do ponto de vista tectónico, foi estabelecida uma diferenciação entre o embasamento materializado em pedra mármore branca e os corpos superiores revestidos a aço corten. Esta diferenciação tectónica e cromática foi definida pelas próprias qualidades e caracterÃÂsticas do material, «tirando-se o máximo proveito da sua natureza expressiva», lê-se na memória descritiva do projecto.
Os corpos superiores, que assentam no embasamento, assemelham-se a tubos de secção quadrangular, através dos quais a luz e o vento penetram. Os dois topos opostos destes volumes de forma paralelipipédica, bem como a não inclusão de vãos nos restantes paramentos, ajuda a intensificar «o objectivo de manter a qualidade espacial e funcional do conjunto de uma forma abstracta», explica o documento. Segundo os autores do projecto, a abordagem da presente proposta é uma estratégia para minimizar o impacto do volume em termos de construção. Desta forma, os mesmos explicam que foram levados a não construir apenas por adição mas, fundamentalmente, por subtracção.