Ateliê á Lupa – Arte e Tectónica
Arquitectura como expressão da construção Dizem que, «das mil maneiras de ser arquitecto, escolhemos ser tectónicos». O que é ser tectónico? É começar a pensar a partir da maneira como se constrói e da maneira como se justapõem materiais. O arquitecto Kenneth Frampton define a tectónica como a arte de compor e arranjar tirando expressão… Continue reading Ateliê á Lupa – Arte e Tectónica
Ana Rita Sevilha
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Arquitectura como expressão da construção
Dizem que, «das mil maneiras de ser arquitecto, escolhemos ser tectónicos». O que é ser tectónico?
É começar a pensar a partir da maneira como se constrói e da maneira como se justapõem materiais. O arquitecto Kenneth Frampton define a tectónica como a arte de compor e arranjar tirando expressão da construção, isto quer dizer que a maneira como se suportam coberturas, como se exprime a estrutura e como se põe a pedra é um ponto de partida para trabalhar, é o nosso ponto de partida para tentar chegar a uma ideia de arquitectura. Por isso trabalhamos com diversas amostras de materiais reais e tentamos fazer uma arquitectura táctil, por sensações..
Essa é uma forma de marcar a diferença no mercado?
É uma coisa que acontece naturalmente, não fazemos isso para nos diferenciarmos. Eu funciono assim porque estudei construção civil no liceu Machado de Castro onde assentei azulejos e fiz janelas de madeira, o que foi muito aliciante enquanto hipótese de montar peças e fazer construções, e consequentemente fiquei com respeito e gosto por obra e por falar com pessoas ligadas àobra, perceber o que é que nos podem ensinar e potenciar. E ainda por cima agora que o mundo é muito virtual é uma espécie de remar contra a maré apostando em coisas reais.
Também referem no site que a «tectónica é a forma como a construção supera o tempo». Quer comentar?
Isso do tempo é muito importante, porque em princÃÂpio a nossa arte é a mais cara de todas, e só se justifica gastar muito dinheiro se for para durar, esta história de fazer e daqui a dez anos já é outra coisa e muda-se a fachada, é muito comercial, é construção mas pouca arquitectura. O tempo e a maneira como se constrói ajuda a distinguir o que é arquitectura do que é construção, a actividade da construção é muito importante, mas a arquitectura ainda é outro universo, um bocado diferente, mais espiritual.
É por isso que encaram «o passado e a tradição como ingredientes para projectar o futuro»?
O passado ou é uma coisa que não se toca e se tem de fazer uma vénia, ou não se liga nenhuma. Tem de se continuar a viver nos velhos edifÃÂcios, tem de se voltar a viver na Baixa e nas casas do Bairro Alto, mas para isso tem de se pensar em meter carros para as pessoas se poderem deslocar. O passado tem de ser usado e olhado como matéria prima para ser interpretado, usado, remexido e refeito.
Tem formação em reabilitação urbana. O que se pode fazer para reabilitar os nossos centros históricos?
Esse é o grande negócio actualmente, e ainda bem, porque não faz sentido que por exemplo a população de Lisboa esteja envelhecida e que os jovens para comprar uma casa tenham de ir para fora. É preciso ter a coragem polÃÂtica para fazer algumas expropriações, e a câmara e o Governo tem de gerir o seu próprio património muitas vezes devoluto e que não é usado. Essa é a primeira fonte fácil de transformação para permitir o automóvel, isto porque a mobilidade é uma liberdade e um direito que ninguém abdica. Já Corbusier dizia em 1930 que o automóvel iria alterar as cidades, e nós continuamos, na zona histórica, a não levar isso a sério.
E nesse mercado em crescimento não se vai correr o risco de haver profissionais menos habilitados a fazerem este tipo de reabilitação?
Continuar assim é sempre pior do que haver uma percentagem de erros de reabilitação e património. É um preço a pagar, porque não existe nenhum processo que seja perfeito.
Uma obra de reabilitação pode ser considerada como um maior desafio?
Não. Normalmente é mais fácil porque já existem realidades prévias. A folha branca e o terreno natural são sempre um desafio maior, porque o número de variáveis também é maior. Quando se faz reabilitação está-se a aplicar uma lógica sobre duas ou três lógicas anteriores. Quando se está a fazer algo de novo são uma série de variáveis para outras tantas hipóteses.
Têm obras e projectos de vários usos. Existe algum que gostem mais de fazer?
Existe um programa que gostarÃÂamos muito de fazer, que é o de um museu. Para mim, os museus são o topo dos edifÃÂcios que um arquitecto pode fazer. Tirando esse, existe um uso que eu gosto e admiro muito que é o hoteleiro ,porque é uma maneira de manter, preservar e passar uma sÃÂntese cultural do que é Portugal. Existe uma diferença grande entre o exterior e o interior na arquitectura, por dentro somos sempre um pouco mais ricos e mais exuberantes, se calhar é uma caracterÃÂstica que vem das igrejas, e é neste sentido que eu acho que é interessante fazer equipamentos hoteleiros. È preciso hotéis e maneiras de receber sem ser sempre aquele internacional contemporâneo que é igual em todo o lado.
Ainda existe ao nÃÂvel da arquitectura caracterÃÂsticas inerentes a cada paÃÂs ou assistimos a uma globalização?
Claro que quando falo em expressão portuguesa na arquitectura sinto-me um pouco como aquelas pessoas que defendiam o transmontano e o beirão, coisas que já não fazem sentido, mas se calhar daqui a vinte anos é preciso que volte a fazer, as pessoas precisam de identidade. Essa diferenciação cultural é uma reacção àglobalização que é precisa. Eu noto isso na geração mais nova, existe uma espécie de voltar a gostar das coisas que são de cá.
Estamos a voltar ao arts e crafts?
Não. Isso seria óptimo, mas não há artesanato. Quando se encontra um empreiteiro ou um mestre de obras que tem uma equipa mais velha pode-se puxar por ele e consegue-se artesania na maneira como se faz um pormenor ou outro, quando se lida com empresas que estão mais preocupadas com prazos é tudo muito menos artesanal.
Relativamente aos concursos. Que balanço fazem da vossa participação?
Apesar de não termos construÃÂdo muitos, quando um programa é bem feito um concurso é sempre uma hipótese de experimentação enorme e dá uma espécie de treino de raciocÃÂnio de combinação de espaços. É uma maneira excelente de ganhar experiência, especialmente de escala grande.
E em termos de concursos internacionais?
Estamos inscritos num concurso em Espanha, para a estação de Granada, porque recorre a um tema que me fascina, que são as massas de luz e sombra, plasticamente agrada-me e por isso inscrevemo-nos.
Que projectos estão a desenvolver actualmente?
Estamos a fazer um centro de empresas em Palmela, que está em obra; em projecto temos duas reabilitações em Lisboa em fase inicial de estudo; acabamos agora uma ampliação e reabilitação de uma casa na ajuda e um restaurante; estamos também a fazer uma remodelação de imagem de uma loja para a Sonae, e existem outras coisas que ainda não estão certas.
Ficha técnica
Nome: ARTE e TECTÓNICA, Arquitectura e Desenho
Morada: Rua D. João V, nº27 r/c drto, 1250 – 089, Lisboa
Telefone: 213 869 450
E-mail: geral@artetectonica.pt
URL: www.artetectonica.pt
Projectos: Estalagem de São Domingos, Mértola; Mercado da Cova da Piedade, Almada; Remodelação do restaurante Solar dos Presuntos, Lisboa; Casa na Ajuda, Lisboa; Casa em Ficalho, Serpa; Casa em Ferreira do Alentejo; Cinemas em Santarém; Centro de empresas em Palmela; Cinemas em Guimarães; Instituto de Contabilidade e Administração, Aveiro