Samuel Torres de Carvalho
A arquitectura sempre foi uma paixão. Madrid foi a cidade em que estudou, deu aulas e abriu o seu primeiro ateliê. Ao regressar a Lisboa, Samuel Torres de Carvalho identifica um problema «estritamente polÃÂtico» que limita a qualidade da arquitectura Desde muito cedo, Samuel Torres de Carvalho soube que queria ser arquitecto. Tão cedo que… Continue reading Samuel Torres de Carvalho
Carla Reis
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A arquitectura sempre foi uma paixão. Madrid foi a cidade em que estudou, deu aulas e abriu o seu primeiro ateliê. Ao regressar a Lisboa, Samuel Torres de Carvalho identifica um problema «estritamente polÃÂtico» que limita a qualidade da arquitectura
Desde muito cedo, Samuel Torres de Carvalho soube que queria ser arquitecto. Tão cedo que é difÃÂcil lembrar como tudo começou. «A ideia de construir coisas, projectar, para depois as viver sempre me fascinou». Embora tenha nascido em Madrid, a 4 de Maio de 1960, a sua infância e adolescência foram passadas em Lisboa. Um dos momentos que mais o marcou foi o 25 de Abril que, viajando no tempo, recorda como uma época de grande optimismo, com um sentimento de que grandes transformações eram possÃÂveis, bem como momentos de grandes descobertas e vitalidade.
Os primeiros passos
Nos anos 80, em plena «Movida Madrilena», frequentou o curso de arquitectura em Madrid, uma cidade que estava repleta de actividade cultural e de energia. O curso de arquitectura era muito exigente e caracterizava-se por uma forte componente técnica. «É preciso ter em conta que, em Espanha, um arquitecto é responsável, não só pela arquitectura, mas por todas as especialidades», explica Samuel Torres de Carvalho. A partir do quarto ano de curso foi convidado para Assistente da Cadeira de Projecto e, em simultâneo, trabalhava num ateliê. Ao acabar o curso, em 1989, recebeu o convite para continuar ligado àescola como professor e também colaborou no ateliê dos arquitectos Javier Frechilla e José Manuel Lopez Pelaez. A decisão de abrir o seu próprio ateliê surgiu em 1991 e a ele juntou-se o arquitecto Pedro Palmero, que ainda hoje permanece como seu sócio. «E4d» é nome do escritório fundado em Madrid que, após reunir uma vasta experiência em projectos de habitação social e cooperativa, abriu dependências em Las Palmas de Gran Canaria e em Lisboa. Entre os vários concursos premiados, esta dupla de arquitectos foi finalista em vários Europan em Espanha e Portugal. Nos seus projectos deparamo-nos com uma composição de alçados, inovação técnica e pesquisa tipológica que revelam as caracterÃÂsticas decorrentes da arquitectura espanhola contemporânea.
Projectar em Portugal
«Realmente toda a minha experiência profissional foi no estrangeiro. Só após a abertura do nosso ateliê em Lisboa, em 2002, é que tomei consciência da importância de ter estudado fora e ter desenvolvido a minha actividade profissional lá fora também». Para Samuel Torres de Carvalho, a justificação é simples: «pelas enormes dificuldades que envolvem a profissão do arquitecto aqui em Portugal. Aqui, a todos nÃÂveis é tudo muito mais complicado e isso reflecte-se sem dúvida, a nÃÂvel da qualidade do espaço urbano e da arquitectura em geral». Na sua opinião, exercer arquitectura em Portugal não é tarefa fácil e «ser um bom arquitecto é como pertencer àresistência. Resistência, a sociedade que chora pela má construção que se faz mas, ao mesmo tempo, é essa má arquitectura que reclama e compra, contra a legislação, os regulamentos obsoletos, processos burocráticos e absurdos», concluindo que «é inacreditável como ainda não foi revisto o 73/73». Sobre a origem deste sintoma, adianta que não se trata de incapacidade nacional, nem da falta de conhecimento e muito menos da preparação dos arquitectos portugueses, mas sim de um problema estritamente polÃÂtico e torna-se «chocante ver como são os melhores e mais empenhados arquitectos os que tem menos trabalho aqui em Portugal». Samuel Torres de Carvalho refere ainda o exemplo da Expo, sob o ponto de vista da gestão, uma vez que teve de ser criado «um regime de excepção, fora dos circuitos camarários normais, por decisão polÃÂtica, porque, se não tivesse sido assim, provavelmente ainda hoje o plano ainda não estaria aprovado».
E quanto a desafios para o futuro, estes passam essencialmente por «fazer arquitectura com honradez». «Não sei onde estarei daqui a uma semana, quanto mais daqui a 10 anos, mas confio em estar, como hoje, tanto a nÃÂvel profissional como profissional, perto das pessoas de quem gosto e admiro», conclui Samuel Torres de Carvalho.
Uma máxima de vida?
Tudo que nos acontece na vida, bom ou mau, é sempre uma aprendizagem e por isso é sempre positivo
Um filme?
2001 Odisseia no espaço – O meu realizador favorito é o Stanley Kubrick e este filme, na época em que surgiu, apresentou uma espécie de porta aberta a um novo mundo e possui uma complexidade a que a maior parte dos filmes actualmente estão alheios. Põe em causa muitas questões, nomeadamente as nossas origens e sugere uma realidade para além daquela que conhecemos.
Um livro?
A obra completa de Alberto Caeiro, pela naturalidade com que ele vê as coisas e pela forma extraordinária com que o mesmo autor do livro do «Desassossego» pode escrever sobre a simplicidade e deixar a ideia de que não é preciso encontrar outro significado para além daquele que as coisas possuem em si.
Um clube?
Sporting Clube de Portugal
Um local preferido?
A beira do mar ao entardecer ou uma paisagem nevada no cimo das montanhas, devido àsensação de infinito que esses espaços sugerem e ao contraste que simbolizam entre momentos de intimidade e a vastidão de um espaço.