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J. Matos e Silva – Engº Civil, Especialista em Geotecnia, Estruturas e Direcção e Gestão na Construção (O.E.)
Ao ler-se o título do presente artigo poder-se-à pensar que o mesmo se refere a um assunto de genealogia e, consequentemente, não relacionado com o sector da construção. Não será assim, embora, na parte final do artigo, se apresente uma informação histórica que, certamente, enriquecerá o seu conteúdo.
Tivemos, num artigo anterior, oportunidade de nos referirmos às Sete Maravilhas de Origem Portuguesa no Mundo que foram eleitas de entre um vasto conjunto que compreendia, essencialmente, fortalezas e igrejas/conventos disseminadas por diversos continentes, sendo que todas estavam relacionadas com a rota marítima para Oriente descoberta pelos portugueses no final do século XV.
Todas essas obras constituíram, efectivamente, a primeira fase de internacionalização do "sector" da construção nacional. Relevamos particularmente as fortalezas pois elas foram, essencialmente, erigidas em períodos de conflito bélico com as nações das regiões onde foram implantadas, enquanto que, as igrejas e conventos foram, geralmente, erigidas em períodos de paz.
Acresce que a topografia de implantação das fortalezas era, regra geral, muito mais difícil do que a que estava relacionada com as igrejas e conventos, pois a localização destas podia ser estudada de modo a ser o mais favorável possível enquanto que, no caso das fortalezas, a sua implantação estava condicionada pela estratégia de defesa que teriam de satisfazer.
No caso das fortalezas o transporte de materiais e de ferramentas até escarpas sobranceiras ao mar era, seguramente, muito mais difícil do que o que se verificava nas plataformas, muitas vezes quase planas, onde se erigiam as igrejas e conventos.
No caso de duas das fortalezas que foram eleitas, as de Mazagão (em El Jadida, Marrocos) e de Diu (Índia), a implantação sobranceira ao mar tornou, seguramente, muito complexa a sua construção, com as tecnologias disponíveis na época.
As fortalezas portuguesas em Marrocos (para além de Mazagão há os casos de Arzila, Alcácer-Ceguer, Ceuta, Safi, Tânger, etc.) pretenderam não só assegurar a protecção das tropas e populações fiéis à nossa Coroa, mas também assegurar o controlo das rotas marítimas de acesso ao Estreito de Gibraltar e do correspondente tráfego comercial.
A ocupação de pontos estratégicos em Marrocos, essencialmente junto à orla marítima, iniciou-se no reinado de D. Afonso V com as conquistas, nomeadamente, de Alcácer-Ceguer, Arzila e Tânger.
É agora a altura de apresentarmos a revelação que consta do título do presente artigo, dado que, no livro [1], não se apresenta qualquer relação extraconjugal do referido rei, sendo um dos poucos com tal característica.
Acontece até que nele se insinua que a primeira mulher do Rei D. Afonso V, que era a sua prima direita D. Isabel, teria cometido adultério com o camareiro-mor do rei, que era D. Álvaro de Castro, Conde de Monsanto. Também nele se diz que, quando em 1455 morreu D. Isabel, o Rei D. Afonso V ficou tão abalado que "manifestou a sua vontade de entrar em religião e de fazer um voto de castidade".
O rei viria a casar mais uma vez, em 1475, com D. Joana, que era filha de Henrique IV de Castela e o casamento, de acordo com [1], foi "de conveniência política e diplomática e que nunca foi consumado".
O facto é que, entre esses dois casamentos, D. Afonso V viria a ter um filho bastardo, denominado Álvaro Soares da Cunha.
Mas como é que tal facto foi desconhecido das autoras de [1] e de outros historiadores? Porque as declarações de Álvaro Soares da Cunha, sobre a sua ascendência real, foram ignoradas por alguns genealogistas, nomeadamente pelo conhecido autor de [2].
Efectivamente no Volume III de [2] refere-se, na nota 1 da pág. 465, que "morreu Álvaro Soares da Cunha a 20 de Julho de 1577. Fez uma declaração, à hora da morte, de que não era filho de Rodrigo Álvares de Carvalho, ainda que por tal o tinha, mas que o era de D. Maria da Cunha a qual o tivera, antes de casar com D. Sancho de Noronha, do Rei D. Afonso V quando ela estava em casa de sua tia, D. Maria da Cunha, que era casada com Fernão Coutinho". O autor de [2] não acreditou nessa versão, a qual foi, contudo, considerada verídica e devidamente comprovada, pelo autor de [3].
O signatário é décimo quarto neto de Álvaro Soares da Cunha (que terá morrido com mais de 90 anos de idade) e, consequentemente, décimo quinto neto de D. Afonso V.
Bibliografia
[1] – Paula Lourenço, Ana Cristina Pereira e Joana Troni – "Amantes dos Reis de Portugal", Edições a Esfera dos Livros, Lisboa, Fevereiro de 2009.
[2] – Felgueiras Gayo – "Nobiliário de Famílias de Portugal", Edição de 1989, Braga.
[3] – Luiz de Mello Vaz de São Payo – "À Margem dos Carvalhos de Basto – Terá D. Afonso V tido um Filho Natural ?", publicado na Revista "Armas e Troféus", V Série, Tomo V, Janeiro-Dezembro- Nº 1, 2 e 3, 1984.