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J. Matos e Silva – Engº Civil, Especialista em Geotecnia, Estruturas e Direcção e Gestão na Construção (O.E.)
No nº 149 do Construir apresentámos um artigo no qual resumimos as conclusões da nossa investigação sobre o navegador e referimos que ele era filho de Lopo Rodrigues de Magalhães, o qual iniciou o denominado ramo dos "Magalhães de Figueiró", dado ter ido viver para esta localidade. Não explanámos toda a nossa investigação por limitações na dimensão do artigo.
Na edição do Público, do dia 20/06/2009, apareceu um texto baseado num livro, recentemente publicado por Amândio Barros, em que, incorrectamente, se refere outra filiação para o navegador, ou seja que ele seria um outro Fernão, que também existiu e que era filho dum Rui de Magalhães (primo direito do atrás citado Lopo, pelo que os dois Fernão, em causa, eram primos segundos).
Entendemos, assim, que deveríamos voltar a este tema, apresentando a argumentação que nos levou às conclusões que formulámos, de modo a elucidar os nossos leitores.
Num texto publicado na Internet [1], refere-se que Fernão de Magalhães, com a idade de 12 anos, teria decidido partir para Lisboa, com o seu irmão Diogo de Sousa (pertenciam às famílias Sousa e Magalhães, conforme confirmado por [2]), para serem pajens na Côrte. Nesse texto não é referido o local donde partiram mas pensamos que foi da região do Porto, facto que se pode inferir dum documento (ver [3]), onde o navegador se apresenta "como sendo vizinho do Porto", pelo que a sua família viveria nessa zona.
No livro [4] indica-se que Lopo Rodrigues de Magalhães teria ido para Figueiró dos Vinhos, para tomar conta dos bens dos sobrinhos de João de Magalhães, 1º Senhor da Barca, casado com Isabel de Sousa, que seriam os filhos do irmão desta, João Rodrigues Ribeiro de Vasconcelos, falecido em 1489. Terá sido convidado para tal função por ser um elemento comum às famílias Magalhães e Sousa.
Quando o citado Lopo informou a família da decisão de ir para Figueiró, o seu filho Fernão terá pensado que tal desiderato era incompatível com o seu espírito de aventura. Assim decidiu aliciar o seu irmão Diogo, para rumarem a Lisboa, pelo que a data provável do seu nascimento terá sido 1478, pois isso justificaria que tivesse 12 anos em 1490, data da sua provável partida para Lisboa e da ida da família para Figueiró.
Em 1505, o navegador embarcou para a Índia na frota do Vice-Rei D. Francisco de Almeida, na qual também foi o seu irmão Diogo (ver [5]).
Quando o navegador decidiu empreender o seu projecto de circum-navegação, tentou chegar ao contacto com o Rei de Espanha, através dum português, Diogo Barbosa, que para lá emigrara. Em [6] refere-se que o navegador não conhecia Diogo Barbosa, o que confirma que o navegador não seria o filho do citado Rui. De facto, o Fernão, filho deste, tinha uma irmã, Leonor, casada com João Fernandes Barbosa, irmão de Diogo Barbosa. Se o navegador fosse cunhado do referido João, conheceria o irmão deste, Diogo, o que não foi o caso.
Álvaro de Mesquita, primo do navegador, que o acompanhou na viagem de circum-navegação (ver [7]), fez-se nela acompanhar por um filho seu (ver [6]), o que só seria possível sendo Álvaro mais velho do que o navegador, o que é mais uma confirmação de que este seria o do ramo de Figueiró, pois o citado Álvaro era primo direito de seu pai Lopo, enquanto que era primo direito do Fernão filho do citado Rui.
Um primo direito do navegador, Martim, que foi com ele na expedição (Ver, em [8], o relato de Martin de Aiamonte), era filho de Gonçalo Rodrigues de Magalhães, irmão de Lopo. Esta é mais uma prova de que o navegador seria o do ramo de Figueiró.
O navegador contemplou, no seu testamento (Ver [9]), os irmãos Diogo e Isabel. Só o Fernão do ramo de Figueiró tem irmãos com estes nomes (ver [4] e [10]).
Bibliografia
[1] – Manuel da Cruz Fernandes – "Conferência Fernão de Magalhães – Parte 1", realizada em 2008/06/24, publicada no "site" do Município de Ponte da Barca.
[2] – Affonso de Dornellas – II Volume, Número VII, de Julho de 1929, do "Elucidário Nobiliárquico".
[3] – Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira.
[4] – Cândido Teixeira – "Antiguidades, Famílias e Varões Ilustres de Sernache do Bom Jardim e seus contornos", 1925.
[5] – Rogério de Figueiroa Rêgo – "Soldados da Índia – Século XVI", Torres Vedras, 1956.
[6] – Manuel Villas-Boas – "Os Magalhães – Sete Séculos de Aventura", Editorial Estampa.
[7] – Stefan Zweig – "Fernão de Magalhães", Editora Livraria Civilização, 1945, Porto.
[8] – António Baião – "A Questão da Naturalidade de Fernão de Magalhães" – Alocução lida na sessão solene celebrada por ocasião do centenário da morte de Fernão de Magalhães, em 27 de Abril de 1921, Coimbra, Imprensa da Universidade, 1921.
[9] – "Fernão de Magalhães – a primeira viagem à volta do mundo contada pelos que nela participaram", com prefácio e notas de Neves Águas, Publicações Europa-América, 1987.
[10] – Felgueiras Gayo – "Nobiliário de Famílias de Portugal", Edição de 1989, Braga.