QUEM ERA MAGALHÃES?
J. Matos e Silva – Engº Civil, Especialista em Geotecnia, Estruturas e Direcção e Gestão na Construção (O.E.) Na actualidade é frequente ouvirmos, tanto na imprensa escrita como nas rádios […]
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J. Matos e Silva – Engº Civil, Especialista em Geotecnia, Estruturas e Direcção e Gestão na Construção (O.E.)
Na actualidade é frequente ouvirmos, tanto na imprensa escrita como nas rádios e televisões, referências ao apelido"Magalhães" dado ele estar associado a um modelo de computadores que o actual Governo vem distribuindo pela população escolar, em condições financeiramente vantajosas.
Este "hardware" já esteve envolvido em diversas polémicas, as quais acabaram por amplificar, na comunicação social, o apelido "Magalhães". O nome deste "hardware" foi escolhido para homenagear o navegador Fernão de Magalhães, o primeiro a promover uma viagem de circum-navegação ao nosso planeta, permitindo que este fosse integralmente conhecido, o que contribuiu para criar as condições iniciais do fenómeno actualmente designado por "globalização".
Do exposto resulta que, seguramente, muitos dos futuros engenheiros se terão iniciado, na informática, através dos "Magalhães".
Mas quem era efectivamente este homem, ou seja quem eram os seus pais e os seus irmãos? Este é um mistério que perdurou ao longo de quase cinco séculos e que conseguimos, finalmente, desvendar.
A família Magalhães era oriunda da região de Ponte da Barca onde detinha uma torre e várias propriedades e, no século XIV, um dos seus elementos mais destacados foi Gil Afonso de Magalhães, o qual casou por duas vezes:
– do primeiro casamento, com Inês Vasques, teve vários filhos um dos quais foi Gil de Magalhães, por alcunha "O Tremelicoso", que casou com Violante de Sousa, tendo sido pais de Rui de Magalhães casado com Alda Mesquita, os quais tiveram, entre outros, um filho Fernão e uma filha Leonor;
– do segundo casamento, com Isabel de Sousa, teve vários filhos entre os quais Fernão de Magalhães, o Velho, Senhor de Briteiros, o qual casou com Brites Mesquita, tendo sido pais de Lopo Rodrigues de Magalhães (que foi viver para Figueiró dos Vinhos, aí iniciando o ramo dos denominados "Magalhães de Figueiró") casado com Margarida Nunes, os quais tiveram, entre outros, filhos de nome Fernão e Diogo, e filhas denominadas Isabel e Branca.
É de notar que as referidas Violante e Isabel de Sousa eram primas entre si e que Alda e Brites eram irmãs. O facto destas últimas terem casado com maridos de gerações diferentes deve-se ao facto do "Tremelicoso" ser mais velho do que o Senhor de Briteiros, seu meio-irmão. A confusão entre os dois primos de nome Fernão, um neto do "Tremelicoso" e, o outro, neto do Senhor de Briteiros, fez com que, durante séculos, se não conseguisse saber, com exactidão, qual deles era o navegador.
Existem alguns factos históricos que serviram de base à nossa investigação:
a) O navegador terá nascido entre 1470 e 1480, provavelmente no Porto, e morreu em combate, nas Filipinas, em 1521. A data de 1480 para o seu nascimento parece mais ser a mais correcta pois a partida de Sevilha, para a viagem de circum-navegação, ocorreu em 1519, ou seja, nesse caso ele teria 39 anos, idade adequada, à época, para tal proeza;
b) Foi casado com Beatriz Barbosa, filha de Diogo Barbosa, como consta do seu testamento, lavrado em Sevilha pouco antes de iniciar aquela viagem;
c) Desse casamento teve um filho Rodrigo (também referido no citado testamento), o qual terá morrido antes do pai;
d) Usava (também de acordo com o referido testamento), para além das armas de Magalhães, as armas de Sousas, pelo que pertencia, simultaneamente, a ambas estas famílias;
e) Era primo de Álvaro de Mesquita (sobrinho das referidas Alda e Brites Mesquita), o qual o acompanhou na viagem;
f) Tinha um irmão Diogo e uma irmã Isabel, ambos nomeados no referido testamento, no qual o navegador não fazia qualquer referência aos seus pais.
Dos dois primos de nome Fernão, candidatos a ser o navegador, o único que satisfaz a todos os requisitos históricos indicados, é aquele que pertence ao ramo de Figueiró, ou seja, o filho de Lopo Rodrigues de Magalhães.
Então porque razão não foi antes devidamente identificado? Pelo facto de, não tendo tido herdeiros directos e tendo deixado em Espanha uma considerável fortuna (resultante dos "prémios" que o Rei de Espanha lhe prometera caso a viagem se concluísse com sucesso, mesmo que ele morresse durante a mesma), vários foram os seus familiares que se candidataram a essa herança. Um deles, de nome Lourenço, descendente do Fernão que era neto do "Tremelicoso", apresentou um processo de candidatura à herança, no qual afirmava que o navegador era filho do atrás citado Rui de Magalhães, o que não era verdade mas que foi tomado, como tal, por muitos historiadores ao longo dos vários séculos, sem que vissem que o citado Lourenço era, efectivamente, descendente dum Fernão (filho dum Rui), mas que este Fernão não era o navegador mas sim um seu primo. O facto é que as provas apresentadas pelo referido Lourenço não foram aceites pela Coroa Espanhola, pelo que a herança do navegador nunca foi paga a nenhum dos seus familiares.
O signatário descende de Branca de Magalhães, irmã do navegador.