Sou Fujimoto defende que o futuro da arquitectura está no relacionamento íntimo com a natureza
"Se construirmos as nossas casas a pensar no ambiente, numa relação mais íntima com a natureza não vamos precisar de usar tanto o ar condicionado ou o aquecimento", defendeu.
Lusa
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O arquitecto japonês Sou Fujimoto, defendeu ontem, no Porto, em declarações à Lusa, que "a arquitectura só terá um papel fundamental no futuro se criar um relacionamento adequado com a natureza".
O arquitecto encontra-se na cidade invicta para participar no ciclo sobre "Cinema e Arquitectura" que o 29º Fantasporto organiza conjuntamente com a Secção Regional do Norte da Ordem dos Arquitectos, no âmbito do qual proferiu uma conferência sobre "As Ruínas do Futuro".
Em entrevista à Lusa, Fujimoto afirmou que o seu objectivo é "combinar a natureza e a arquitectura, explorar de forma a criar um novo relacionamento entre o interior e o exterior e adaptar a tradição japonesa ao conforto da vida moderna".
"A vida moderna é muito complicada, acho que é preciso que a arquitectura melhore a vida dos cidadãos, oferecendo-lhes formas simples para viver", afirmou.
Preocupado com a ecologia e as mudanças climáticas, Fujimoto acha que "é hora de repensar a matriz da cultura moderna de procurar controlar tudo".
"Se construirmos as nossas casas a pensar no ambiente, numa relação mais íntima com a natureza não vamos precisar de usar tanto o ar condicionado ou o aquecimento", defendeu.
Fujimoto, qualifica o seu trabalho como "arquitectura primitiva do futuro", porque procura criar espaços que funcionam como cavernas ou ninhos – os dois estados embrionários da arquitectura – mas onde tudo está concebido de forma muito funcional e onde, ao mesmo tempo, as pessoas possam usar o espaço de forma criativa".
Privilegia a função sobre a forma e nisso a sua arquitectura aproxima-se muito da escola do Porto de arquitectura e de Siza Vieira, um dos seus ídolos. Só que Siza trabalha com betão e Sou Fujimoto trabalha sobretudo com madeira, o material fundamental da arquitectura tradicional japonesa, que procura projectar no futuro.
A sua Next Generation House (Casa para a Próxima Geração) é um cubo de quatro por quatro metros, feito com grossos barrotes de cedro japonês, entrecruzados e dispostos como um puzzle de forma a criar espaços para viver. "O espaço condiciona o relacionamento entre as pessoas e a arquitectura gere as gradações desse relacionamento. Gosto de criar espaços intermédios e não só paredes que separam espaços e pessoas. Por isso, embora as minhas obras pareçam complexas, por causa da sua forma geométrica, são de facto muito simples", considerou.
Sou Fujimoto faz sobretudo habitação unifamiliar, mas está agora a construir uma grande biblioteca em Tóquio e fez já vários projectos na área hospitalar. Confessa, contudo, que "as obras mais pequenas e com menores orçamentos oferecem maiores possibilidades criativas".
Le Corbusier e Mies van der Rohe são algumas das suas referências fundamentais, a par de Siza Vieira, cuja obra pôde agora ver ao vivo nesta visita, em que também descobriu o Porto, "uma cidade absolutamente fascinante, maravilhosa e única, no seu relevo forte e na sua tridimensionalidade".