Brut Deluxe arrecadam Outrosmercadus'08
O Pémio Outrosmercadus'08 distinguiu o colectivo Brut Deluxe. Isabel Barbas e Ben Busche foram assim premiados pela concepção do quiosque m. poli, um volume fléxível que "nos remete para uma […]
Ana Rita Sevilha
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O Pémio Outrosmercadus'08 distinguiu o colectivo Brut Deluxe. Isabel Barbas e Ben Busche foram assim premiados pela concepção do quiosque m. poli, um volume fléxível que "nos remete para uma instalação ou um jogo". O Construir foi saber mais sobre esta "casa do monopólio"
Isabel Barbas e Ben Busche são os nomes por detrás do colectivo Brut Deluxe, e os vencedores do concurso Prémio OutrosMercadus'08. O quiosque m. poli, pensado e projectado para o espaço urbano de Madrid, nomeadamente para feiras e mercados temporários foi a obra galardoada, por um prémio cujo objectivo é distinguir e promover o reconhecimento público de obras de arquitectura ou design, num âmbito extensível a diversas áreas de produção cultural, tendo contudo um denominador comum: o facto de serem intervenções de carácter efémero.
Monopólio
Uma casa do monopólio. Facilmente se faz a associação do quisoque m. poli a estes minúsculos objectos com que quase todos já brincámos um dia. De acordo com a dupla do gabinete Brut Deluxe, "o desenho foi inspirado em imagens arquétipos: praça, rua, casa, chaminé…Fechado o quiosque é um paralelepípedo em cobertura de duas águas, é um volume aparentemente sólido e compacto, é o arquétipo da casa. A escala e configuração são tão reduzidas que nos remete para uma instalação ou um jogo", pode ler-se na memória descritiva do projecto. Concebido para se adaptar à configuração urbana, o m. poli permite, consoante o contexto onde se implanta, criar conjuntos que no seu todo lembram pequenas aldeias, "espaços cénicos que instigam memórias. Pequenos mundos à parte".
"Cada mercado será um novo jogo"
Em cada contexto urbano é possível criar novos aglomerados, novos pequenos mundos de m. poli. Graças às suas características de mutabilidade, à facilidade com que se transformam e à gama de materialidades em que estão disponíveis, "cada mercado será um novo jogo". "Ao abrir-se o quiosque transforma-se. Uma parte da frente sobe mecanicamente e apoia-se na cobertura: a proporção altera-se, torna-se muito mais vertical e chamativa, uma casa com uma potente chaminé", explicam Isabel Barbas e Ben Busche no documento descritivo do quiosque. Esta chaminé funciona como suporte de um eventual painel publicitário que permite ainda ser retro-iluminado de noite. Através desta transformação o quisoque revela o seu interior, "uma casa cheia de surpresas, todas diferentes e de cores variadas. Revelam o seu habitante e o que tem para oferecer/vender". Relativamente à sua pele exterior, ela varia entre o aço cortén (alaranjado), aço escovado (esbranquiçado), aço inoxidável (espelho) e aço envernizado (cinza escuro), quatro materialidades disponíveis que permitem "agrupar quiosques do mesmo material ou misturá-los consoante o diálogo com o espaço urbano onde serão instalados", lê-se na memória descritiva do projecto.
Mobilidade e flexibilidade
"O sistema construtivo (do m. poli) é semelhante ao sistema de chassis e carroçaria dos automóveis", explica a dupla de arquitectos. "As chapas de aço, aproveitadas no máximo das sua medidas, são fixadas mediante soldadura de pontos com revestimento interior. Todos os elementos fazem parte da estrutura do quiosque contribuindo para a sua resistência e rigidez", sustentam os mesmos. Móveis e fléxiveis, como mandam as exigências da sociedade contemporânea, cada módulo repete o mesmo ciclo de "transporte, descarga, instalação, uso, carga e armazenagem várias vezes ao ano". Também as medidas exteriores (200x300cm), facilitam o transporte de uma forma integral sem a necessidade de desmontar para montar posteriormente. De forma a dar uma resposta eficaz a essas condições de uso, é necessária a utilização de materiais resistentes, tanto ao nível do revestimento exterior como do revestimento interior. "A estrutura, isolamento, instalações eléctricas, impermeabilização e revestimentos exteriores e interiores resolvem-se na espessura de dez centímetros que desenha o quiosque em todo o seu perímetro". Seguindo a política de flexibilidade inerente a todo o volume, também o sistema de exposição interior pode ser facilmente adaptado às necessidades de cada comerciante, bem como todo o sistema de abertura do módulo, que segundo Isabel Barbas e Ben Busche "funciona mediante quatro pistões hidráulicos formando dois pares em paralelo. "Em cada par o pistão inferior aloja-se no tecto falso do corpo do quiosque e acciona um braço rotante que abre o portão a 90º, posição de sombreamento e protecção da chuva, o pistão superior aloja-se no próprio portão e acciona sobre o mesmo braço uma abertura de 180º, posição de máxima visibilidade do painel publicitário", sustentam os mesmos. O m. poli foi pensado para os mercados efémeros de Madrid, e encomendado ao gabinete Brut Deluxe pelo Primur SA para o Ayuntamiento da capital espanhola. O módulo foi agora galardoado na edição de 2008 do Prémio Outrosmercadus.